Capítulo 05

Lucian ainda sentia o gosto do beijo de Yasminy nos lábios, mas algo dentro dele gritava que havia algo errado. O toque dela não se comparava ao de Aurora. Era diferente… vazio. Ele tentou ignorar o pensamento, mas não conseguia evitar a comparação. Estava confuso, dividido entre o que deveria fazer e o que realmente desejava.

Antes que pudesse organizar as ideias, um rosnado ecoou perto dele. Lucian se virou com rapidez, instintivamente protegendo Yasminy, colocando-a atrás de si. Seus olhos se encontraram com os de Aurora, agora vermelhos de fúria. Ela havia visto tudo — o pedido de acasalamento que Lucian havia feito à outra loba e o beijo que selava aquele compromisso forçado.

Lucian sentiu um calafrio. O vínculo. Ele podia sentir a tensão que vibrava entre elas. Se não fizesse algo, Aurora poderia atacar. Yasminy, embora insuportável, era uma guerreira treinada. Aurora, não. Ela jamais teria chance em uma luta.

A voz de Max, seu lobo interior, rugiu dentro de sua mente.

— Você já a machucou o suficiente!

Lucian tentou controlar a situação.

— Senhorita Colton! — bradou com autoridade — Ordeno que respeite sua futura Luna! Se retire imediatamente ou será presa nas masmorras por uma semana, sem água e sem comida!

Mas Aurora não recuou. Seu olhar estava cravado nos dois com ódio e dor. A raiva brilhava em seus olhos como brasas acesas, e sua respiração era pesada.

Yasminy, por sua vez, piorou ainda mais a situação. Com o tom carregado de desprezo, disse:

— Por acaso, ela era algum casinho seu? Se for, descarte-a de uma vez. Como sua companheira, não vou aceitar que se divirta com empregadas.

Lucian fechou os punhos. Queria silenciar Yasminy, mas não podia expor o vínculo ali, diante de todos. Então, usou sua voz de Alfa:

— Aurora! Eu ordeno que pare agora!

Ela o encarou por alguns segundos. E naquele olhar, havia mais que raiva — havia mágoa, decepção e uma dor tão profunda que o deixou sem ar. Em silêncio, ela se virou e correu em direção à floresta, deixando apenas a poeira e a angústia para trás.

Aurora correu sem pensar. Sua loba, Kyra, assumiu o controle, rasgando a floresta com velocidade e fúria. As árvores passavam como vultos ao redor, e o vento não era suficiente para acalmar o calor que tomava conta do seu peito.

Quando Kyra finalmente se cansou, ambas retornaram para casa. Aurora vestiu suas roupas e tentou retomar a rotina, lutando contra a dor no peito. Não podia permitir que aquilo a destruísse. Seria forte. Por si, pela família. Por tudo o que havia superado até ali.

Nos dias seguintes, fez o possível para se manter ocupada. Queria evitar pensar em Lucian — e principalmente no dia em que ele marcaria Yasminy. Sabia que esse momento viria, e quando chegasse, doeria. Mas não se humilharia por alguém que já deixara claro que não a queria.

Era seu dia de folga quando Kayla a convidou para sair. Aurora aceitou. Precisava distrair a mente. Caminharam até a sorveteria da vila, conversando sobre coisas leves, tentando manter o clima descontraído. Mas Aurora não estava bem.

Começou a suar, mesmo com o clima ameno. Seu corpo estava quente demais, e seus pensamentos… estavam longe, intensos e indesejados.

Kayla notou imediatamente.

— Rory, você está suando. Está tudo bem?

Aurora assentiu, sem convicção.

— Acho que meu corpo está estranho. Sinto calor… e…

Kayla arregalou os olhos.

— Pela deusa! É sua primeira bruma!

Aurora empalideceu.

— Você quer dizer… meu primeiro cio?

Kayla confirmou com a cabeça.

— Sim. E a primeira bruma é intensa. Você vai atrair todos os lobos não acasalados por perto. Precisa voltar para casa agora! A menos que… queira se entregar a alguém antes de encontrar seu companheiro.

Aurora olhou em volta. Alguns homens já a observavam com olhos famintos. Farejavam o ar, sabiam o que estava acontecendo.

— Preciso ir! — exclamou.

Kayla a acompanhou até a casa da matilha. Ainda bem que Aurora havia visitado os pais mais cedo, pois quase não restavam roupas em casa. Lucian havia mandado buscar todas suas coisas — sem aviso, sem explicação.

Ao chegar, Aurora se despediu da amiga e correu para o quarto. No caminho, chocou-se com um muro… ou melhor, com o peito musculoso de Lucian.

— Aurora…

Ela arregalou os olhos e tentou passar por ele.

— Alfa, preciso ir!

Mas ele a seguiu, entrando em seu quarto logo depois. Aurora sentou-se na cama, tentando recuperar o fôlego.

Lucian parou ao farejar o ar. Seus olhos brilharam.

— Fique longe de mim! — ela disse, firme.

Ele se aproximou.

— Tem certeza que é isso que quer?

Ela não respondeu. Ainda sentada, sentia o corpo tremer. Lucian sentou-se ao seu lado. O calor era insuportável. O desejo, incontrolável.

E então, sem aviso, ele a beijou. Foi um beijo urgente, faminto. O toque dele incendiava sua pele. Aurora cedeu, perdida no momento. Deitou-se, com Lucian sobre ela, explorando cada centímetro do seu corpo, até que seus lábios desceram pelo pescoço. Quando menos esperava, ele afundou as presas em seu peito, marcando-a.

Ela gritou. Uma mistura de dor e prazer. Depois, ele se afastou, como se nada tivesse acontecido.

— Isso manterá os outros longe de você.

Ela se sentou, atônita.

— O que você fez? Não tinha esse direito!

— Você é minha, Aurora. Só minha!

— Não sou! A sua companheira será Yasminy!

Lucian sorriu, amargo.

— Não foi o que pareceu quando estava quase se entregando a mim.

E saiu, deixando-a furiosa e vulnerável.

Nos dias seguintes, nenhum lobo ousou se aproximar de Aurora. A marca estava ali, visível para todos. Tentou escondê-la, fugir de Lucian e, principalmente, de Yasminy. Conseguiu evitar ambos por cinco dias.

Mas na manhã do sexto, Yasminy apareceu.

— Empregada, qual é mesmo o seu nome?

— Aurora, senhora.

— Ótimo. A partir de agora, será minha empregada pessoal. Meu pai e o meu Lucian decidiram que nossa cerimônia de acasalamento será daqui a duas semanas. Estou me mudando para cá. Não é maravilhoso?

— Sim, senhora…

— Como minha serva pessoal, fará todas as refeições ao meu lado. Começando agora.

Aurora a seguiu até o jardim. Uma mesa farta estava montada — exatamente no local onde Yasminy e Lucian haviam se beijado pela primeira vez.

— Esse lugar é especial. Foi aqui que demos nosso primeiro beijo. Não é maravilhoso?

Aurora conteve o impulso de socá-la.

— Maravilhoso… — respondeu com desprezo.

Os dias seguintes foram torturantes. Yasminy parecia empenhada em tornar sua vida um inferno. Aurora sentia-se cada vez mais fraca, com náuseas frequentes. Algo estava errado.

No fim de mais uma caminhada pela floresta, avistou Luke vindo em sua direção. O olhar dele era carregado de preocupação.

— Aurora, o Alfa quer falar com você. Agora. Em seu escritório.

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Comments

Elenita Ferreira

Elenita Ferreira

Será que a futura Luna descobriu a verdade e a está envenenando??😳😳😳🤔🤔🤔😕😡

2025-04-02

0

Denise Gonçalves das Dores

Denise Gonçalves das Dores

Com certeza essa bruxa está envenenando a Aurora. Autora, não quero a Aurora com esse idiota.

2025-06-25

1

Alessandra Almeida

Alessandra Almeida

É tua folga, vai pra casa da tua família. Fica longe do idiota do Alfa, principalmente agora.

2025-03-29

2

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