4. CAPÍTULO

Assim que chegam em casa Barbina já os espera na da cozinha com os pratos postos na mesa e o caldeirão cheio em cima do fogão de lenha, exala o aroma marcante do feijão que fora refogado no alho e em seguida foi acrescentado pedaços de carne do sertão e linguiça de porco, mais algumas verduras como chuchu, cenoura, quiabo, maxixe e batata inglesa e a couve refogado a parte.

BARBINA: Se aprochegue minha gente, oia patrão tome logo esse café amargo pra que o sinhor Cure a bebedeira e disfrute da cumida.

SEVERINO: Obrigado dona Barbina, fia, Zé pode se sirvi, espere fia primeiro faça a oração, porque cumer sem agradecer e pecado, bucho cheio e oração em dia é sinônimo de mesa farta a vida inteira, vice.

Todos fecham os olhos nesse momento enquanto Mariana agradece a Deus pelo alimento na mesa e pedi para que não falte na casa dos mais necessitados e assim que ela termina todos respondem - Amém!

Então Barbina começa a servi os pratos

ZÉ PALITO: Eita comida boa da molesta dona Barbina, já vou logo lhe pedindo pra repiti posso? Por mode quer estou me acabando de fome

BARBINA: Coma devagar menino agoniado que a comida num vai sair andando do prato não,... e mais já separei uma parte pra você levar pro vossos pais, fia Mariana ocê num gostor da comida não, tá bricando com a culher, trate de comer pra ficar forte pra a tardinha a gente ir lavar uns lençóis no rio que a água da fonte ta barrenta vice?

MARIANA: Tá bem Bar, eu tô sem fome mermo, mais vou cumer, num se avexe não oxeeee muleque, come devagar vai acabar se intalando desse jeito, cabra esfomeado da gota serena, arriegua... De jeito num vai subrar nada de nadinha na panela.

ZÉ PALITO: Mim deixe Mariana que hoje é dia de tirar a barriga da misera! Oh! Dona Barbina mim bote outro pato, mais bote como se bota pra jegue, que eu tô varrado de fome vice.

BARBINA: Misericórdia,... ave-maria... Diacho de muleque abusado sô, tá ouvindo patrão. Num se apreocupe caso que eu boto ara sô.

SEVERINO: Tô Barbina,.... tô, pois a senhora bote mais uma pratada po Zé que o pobre tem o má,.... que se chama fome.

Terminado o almoço seu Severino se retira da cozinha e deita em sua rede no alpendre da frente pra tirar um cochilo da tarde, enquanto as mulheres da casa, Barbina e Mariana recolhem e lavam os pratos e preparam uma batata doce para levar como merenda pro rio.

Quando tudo esta pronto elas sobem na carroça e pedem pra Zé leva-las próximo a cachoeira pois a água e mais límpida nessa parte e assim que chegam e desfazem as trouxas de roupas, Barbina percebe que esqueceram o alvejante.

MARIANA: Deixa Barbina que eu vou pegar o alvejante a pé mesmo, pois o pobre do Jenuario já tá é cansado de subir esse monte de ladeira, vó num pé e vorto ne outro, vice?

BARBINA: Certo minha fia porque tamem o Zé trouxe os garrafão do leite pra lavar, então ocê vá logo.

Algum tempo depois Barbina e Zé avistam ao longe uma silhueta....

BARBINA: Oia Zé,... Mariana foi ligeira, por demais, ali num é ela? Que vêm passando aquela curva? Oie se num é... vice

ZÉ PALITO: Bom tá paricendo mermo mais a senhora sabe que Maria Margareth é iguar a Mariana, digo no formato do corpo e no cabelão até a bunda que de costa não tem quem cunheça quem é quem, ave Maria santíssima.

BARBINA: Eita tu tá é certo e num é que é a tua irmã mermo homi, olha o rebolado da sujeita,.... toda desavergonhada até no andar,...valame Deus!

ZÉ PALITO: É ela mermo de certo tava de agarração na cachoeira cun argum homi casado, só pode de ser. Que vergonha que tenho dessa minina,... diacho muié safado só

BARBINA: Minina tão nova pudendo estudar e trabalhar e não, aprefere viver perdida na vida, Deus é mais. Cada quar com suas escolhas nessa vida,... mais uma hora ou outra a conta chega,... pois num fazemo nada errado de graça vice

As horas passaram lentas e por fim caí a noite sobre a terra seca do interior trazendo o canto dos grilos e o coaxar dos sapos como a melodia da vida roça, o canto que remete a paz de um lugar onde todos se deitam para dormi cedo como as galinhas e despertam com o canto do galo.

Já no quarto Barbina e Marina começam a conversar, pois, dividem a mesma cama e quando o sono não vem elas tratam de prosear.

BARBINA: Oh fia, ocê mim escute, hoje Maria Margareth, passou perto donde estávamos lavando e que coisa feia viver perdida na vida trocando de homi como se troca de roupa.

Você com o seu namoradinho tome cuidado pra num fazer aquilo que só pode ser feito adespois do casamento, oia eu sei que os tempos são outro e que é normar certas liberdades, mais esse rapaz rico quer o quê com ocê minha fia, enquanto tiver de beijo bobo e segurando nas mãos um do outro tá bão, mais ver se fica esperta minima e não finja que já durmiu, porque eu sei que ocê tá acurdada, num se faça de lesa não, vice porque nem lhe cumbina.

MARIANA: Tô dormindo não, mais é que fico acanhada com esses assuntos, eu num sei o que ele quer Bar, só sei que gosto tanto dele que chega a doer dentro do peito mermo com esse montão de diferença entre nós, eu sei que ele tem dinheiro e que é moço fino como você diz ele é fio do senhor Salvatore nosso vizinho o dono da cidade quase toda, imagine uma coisa dessa sô, também o Luís tá estudando pra ser doutor das leis e eu num sei nem falar direito Bar, tamém nunca que contei pra ele que somos vizinhos.

BARBINA: E porque num contou onde tu mora fia, por vergonha fosse.

MARIANA: Vergonha não Bar quer isso é que quando ele começa a falar eu acho tão bonito o falatório dele que fico quetinha só ouvindo e tamem quando ele me beija eu esqueço do mundo e de toda a nossa diferença que sei que num é pouca, mais parece que só tem nós dois nesse mundo todo e de um tempo pra cá os nossos beijo ficô mais como eu posso te dizer, ficô mais quente como se o meu corpo fosse uma fogueira queimando em brasa viva e ele senti o mermo que eu, ora Bar eu vô é durmi pra sunhar cum ele agora mermo vice.

BARBINA: Tu tome tento Mariana minha fia e antes de sair amanhã pra catar tuas flor tu tome um banho frio vice, tu me ouve minina.

💭Pensamento da Barbina 💭Vixe Maria santíssima que eu num boto a minha mão nu fogo por essa mimina, que se num já se quemo vai se queimar e é toda de cabo a rabo...tem piedade virgem mãe santíssima.

MARIANA: Ouço sim, boa noite! Bar, que Deus abençoe o nosso sono.

BARBINA: Amém! Fia, amém!

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