– você trabalha com algo? – pergunta apressada
– não, na verdade estou a procura de um emprego
– qual seu ramo? – pergunta novamente
– há eu acabei de terminar a faculdade de pedagogia
– Que interessante, meu chefe está contratando alguém para babá
– Sério, eu posso deixar meu número com você? – pergunto animada
– Claro menina – diz anotando meu número no seu celular
– obrigada – digo por fim
"tomara que eu tenha alguma chance- pensei."
(...)
Ao sentir o calor do sol invadir o quarto, despertei lentamente, relutante em deixar o conforto da cama. No entanto, o dia já começava, e eu sabia que precisava me levantar. Encarei o espelho do banheiro enquanto a água quente caía sobre mim, uma sensação reconfortante que parecia dissipar um pouco da névoa que cobria minha mente. Ao me vestir, escolhi uma roupa simples, mas confortável, uma tentativa de enfrentar o mundo lá fora com um mínimo de confiança.
Enquanto encarava o meu reflexo no espelho, não pude deixar de notar a tristeza que parecia refletir de volta para mim. Os meus olhos, normalmente brilhantes em um azul vivo, agora pareciam sombrios, tingidos de um verde escuro que refletia o peso das minhas preocupações. Com cuidado, passei a escova pelos fios emaranhados do meu cabelo, prendendo-o em um rabo de cavalo desleixado, deixando alguns fios soltos como uma tentativa de disfarçar a bagunça que estava dentro de mim.
Enquanto preparava o café da manhã na cozinha silenciosa, a sensação de solidão parecia me envolver, apesar da presença adormecida de meu pai e irmã. O ato de preparar o café era uma tentativa de trazer um pouco de normalidade para nossas vidas turbulentas. Ao terminar, fiz o caminho até o quarto da minha irmã, um lugar simples e desprovido de decoração, exceto pelos seus preciosos ursinhos e bonecas. A presença desses objetos, embora simples, injetava um toque de alegria e inocência em um ambiente que às vezes parecia tão sombrio. Ao vê-la ali, envolta em seu sono tranquilo, uma mistura de ternura e preocupação inundou meu coração.
– Ya, vamos acordar – falo sentando em sua cama - Você tem que ir para a escola – continuo
– Ha, não – diz puxando sua coberta para si
– Você não quer ser uma menina inteligente? – pergunto a olhando
– não – diz me encarando de volta
– bom! – digo lhe dando um sorriso - Você quer ficar aqui sozinha? - falo
– Humm...
– sem fazer nada? Eu vou ter que sair – falo
– ok, ok – diz por fim
Lhe dou um sorriso e volto para a cozinha, assim que sinto meu celular apitar o pego o atendendo.
– alô? – pergunto esperando a resposta
– Você é Melissa Hansen? – a voz de mulher me pergunta
– sim, é ela mesma. Posso ajudar em algo?
– eu queria saber se você aceitaria fazer uma entrevista para babá – diz
– como, eu não entreguei nenhum currículo para babá – respondo assustada
– meu nome é Clarisse, eu vi você ontem, no restaurante – diz
– eu me lembro, eu te dei meu número
– sim essa mesmo, você quer fazer a entrevista? Eu irei te mandar a localização
– Sim, eu irei! – exclamo por fim ainda meio atordoada pelo oque havia acabado de acontecer
Mais ainda não poderia cantar Vitória, precisaria fazer a bendita entrevista.
– pai! – o chamo indo até seu quarto com uma bandeira de frutas e uma xícara com café
– oi filha, não precisava – fala olhando para a bandeja
– há não é nada, você está bem? – pergunto
– a mesma coisa de sempre – diz tomando um pouco de café
– toma – digo-lhe dando três comprimidos, eram seus remédios diários – eu já vou ter que sair, talvez eu consiga um emprego – falo animada
– que bom minha filha – diz colocando a sua mão em cima da minha – espero que consiga – diz por fim.
Assim que eu havia deixado minha irmã na escola fui para o endereço que a mulher havia me mandado, como eu não tinha dinheiro eu fui a pé mesmo.
Mais antes resolvi ir para um lugar que a algum tempo não ia.
O sol se crescia lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e alaranjados enquanto eu me dirigia ao cemitério. Cada passo que eu dava parecia mais pesado que o anterior, carregado com a dor e a saudade que sempre me acompanhavam nessas visitas. Ao me aproximar do túmulo de minha mãe, uma sensação de melancolia tomou conta de mim, como se um véu de tristeza pairasse sobre o local.
Meus olhos percorreram as lápides silenciosas, cada uma contendo uma história, um legado deixado para trás. Encontrei o túmulo de minha mãe entre elas, marcado por uma simples lápide de mármore. Ajoelhei-me diante dela, sentindo um aperto no peito enquanto as lembranças inundavam minha mente. Lembrei-me dos momentos felizes que compartilhamos, das conversas tarde da noite e dos abraços reconfortantes que ela sempre me oferecia.
Uma lágrima solitária escapou de meus olhos, rolando suavemente por minha bochecha, uma expressão silenciosa da dor que ainda habitava em meu coração. Mesmo depois de tanto tempo, a perda de minha mãe continuava a me afetar profundamente, deixando um vazio que nunca poderia ser preenchido.
Fiquei ali por um tempo, perdida em minhas lembranças e pensamentos, buscando conforto na presença silenciosa de sua sepultura. Sabia que, embora ela não estivesse mais fisicamente presente, seu amor e sua influência continuariam a me guiar ao longo da vida.
Ao me levantar para partir, senti um leve alívio, como se um peso tivesse sido tirado de meus ombros. Apesar da tristeza que sempre acompanhava essas visitas, havia também um sentimento de gratidão por ter tido minha mãe em minha vida, mesmo que por um tempo tão curto. E enquanto eu me afastava do túmulo, prometi a mim mesma que sempre manteria viva sua memória em meu coração.
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Rodinélia Souza Oliveira
já vi que vou chorar muito.
2024-07-02
1
Irma Naninha
eu comecei ler estou gostando más bom seria quê fosse pelo menos 60 capítulo
2024-05-30
2