Aquela noite dormi no sofá. Era um sofá velho, apenas uma manta para me cobrir, e um travesseiro feito de esponja.
Na manhã seguinte o movimento começava cedo por ali. Fui acordada por uma das crianças.
_ Tia acorda, a minha mãe saiu.
_ E qual problema? _ a mãe dele havia saído, mas eu poderia continuar ali.
_ Precisa fazer fogo, e colocar a água para aquecer.
_ Como assim, não tem chaleira elétrica?
_ Não, a minha mãe disse para acordar você. Ela foi buscar pão.
_ Mas eu não sei fazer fogo.
_ Eu te ajudo.
_ Se sabe faça você mesmo.
_ Não posso, ela me disse para não fazer sem ter alguém grande.
Eu não sabia como fazer o fogo. Levantei e fui ao banheiro. Tive coragem de entrar ali. Passei a noite toda com vontade de fazer xixi e não fui. Talvez houvesse algum rato naquele lugar. Entrei, fiz as minhas necessidades, e a minha higiene. Eu tentei ajudar ele a fazer o fogo. Mas não consegui. Quando a Margo voltou a casa estava coberta de fumaça. Ela chegou a imaginar que estava pegando fogo quando abriu a porta.
Ela ficou furiosa. Assim que percebeu que todos estavam bem, ela se tranquilizou. Fez o fogo, e deu café para as crianças. Percebi que havia apenas quatro pães. Ela deu um para cada um deles, e dividiu o outro comigo.
Estava acostumada com a mesa farta da minha casa. Bolo, pães, bolachas, frutas, frios, geleias, sucos, iogurte, leite e café. Nunca dei importância, tinha tudo, e não me faltava nada.
O café era fraco demais, parecia mais um chá. Margo precisava sair. Ia limpar uma casa. As crianças ficariam comigo durante o dia. Eu não sabia como cuidar deles, nunca cuidei de criança alguma. Avisei isso a ela. Sempre tem uma primeira vez para tudo. Isso foi o que ela me respondeu.
Eu não sabia fazer nada. Mário apenas sentou para brincar com o Alex. Pegou dois carrinhos, eles estavam quebrados. Sem uma roda. Mas para eles era um bom brinquedo. Felipe começou a juntar a louça da mesa e colocar na pia.
E eu, fiquei ali sem reação nenhuma. Lembro que o Felipe me alcançou uma vassoura velha.
_ Eu vou lavar a louça, e você varre a casa. Mas precisa arrumar a sua cama do sofá.
_ Eu não sei varrer. _ respondi isso a ele. Me olhou incrédulo. _ Eu sempre tive alguém que fizesse tudo para mim. Não sei fazer essas coisas de casa, não conseguia nem arrumar a minha cama. _ Nesse momento fiquei com vergonha. Realmente não sabia nada.
_ Mas precisa ajudar, tente, tenho certeza de que vai conseguir. É só dobrar a manta, e levar para guardar no quarto com as outras cobertas. Depois, pega a vassoura e começa a varrer não é difícil. Você já viu alguém varrendo, é só fazer o mesmo.
Para ele parecia tão simples. Eu tentei, a coberta ficou mal dobrada. A casa nem sei o que dizer. Só lembro do Felipe terminando a louça, e indo buscar mais tábuas para o fogo, e saiu para pegar algumas coisas que a mãe havia pedido. Lembro dele voltando com alguns Legumes, e feliz por ter encontrado uma vassoura melhor. Alguém havia jogado fora. Ele separou as folhas boas e colocou num pote, as outras ele levou para dar a algumas galinhas que estavam no fundo do pátio.
Ele arrumou a "nova" vassoura. Me explicou como deveria varrer a casa. Ele precisava sair, ia procurar algo para fazer. Assim poderia trazer alguma coisa para casa.
Ele era tão pequeno, mas tinha algo diferente. Procurava buscar algo de melhor. Realmente eu sou uma inútil. Tenho tudo nas mãos, não passo por nenhuma dificuldade, e acho que tudo deve girar ao meu redor. Nem sei se conseguiria classificar a linha de pobreza deles. Na verdade, a única pobre ali, era eu mesma.
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Atualizado até capítulo 99
Comments
Fatinha Machado
ainda não consegui entender a mensagem do livro mas o enredo tá bom só tá faltando alguns capítulos para eu começar a entender
2024-07-28
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