Minha vida é mais complexa do que se imagina. Meu nome é Maria Alice Silva Rubião, e eu, com vinte e um anos, já vivi e vivo os mais variados problemas. Aos quatorze anos, conheci na escola o amor da minha vida, Benjamim. Todos os dias ele jogava bola na quadra, e eu, já atenta aos seus olhares para mim, ia assistir, às vezes, os jogos na arquibancada com minhas
amigas. Até que um dia, Ben, como era chamado, chegou perto de mim e começou
a conversar. Estava tão tímido, nem parecia aquele cara descontraído na frente dos
amigos. Já eu, sempre com esse jeito séria e de poucas palavras, poucos dias
depois já estava dando altas risadas e grandes sorrisos ao seu lado.
Estudávamos de tarde e eu sempre buscava fugir dos desejos adolescentes que
afloravam. Porém, com ele, não consegui resistir. Embora já tivesse ficado com
outros meninos, o plano de não ter um relacionamento sério com ninguém naquele
momento era certo. No entanto, Ben, me fez conhecer o amor. Com ele, vivi as
paixões mais loucas.
Minha primeira vez foi em um hotel de praia quando viajamos para Lisboa. Eu tinha
acabado de completar dezoito anos. Fizemos amor basicamente a noite toda. Ben
me fez a mulher mais feliz do mundo naquele dia e ali eu tive a certeza que queria
ficar em seus braços para sempre. Amante dos esportes, amante da vida, assim era
ele com seu sorriso espontâneo.
Nas minhas férias da faculdade ou em alguns finais de semana, eu o acompanhava
nas viagens para as competições de Freestyle Motocross no país e até mesmo fora.
A mãe dele não gostava disso, seu pai também não, mas respeitavam sua escolha.
Ele era um dos melhores pilotos das competições. No entanto, em um certo dia de competição, Ben se acidentou gravemente, e eu, assistindo da plateia, vi o amor da minha vida se desequilibrar da moto e cair
brutalmente no chão. Todos ficaram em desespero total e comigo não seria
diferente. O que aconteceu com o melhor piloto naquele dia para se desequilibrar
assim? Todos se perguntaram. Corremos para o hospital. Avisei aos meus sogros e
minha mãe de início, e dez minutos após dar entrada, Ben faleceu. Ouvir essa
notícia foi como se meu coração tivesse parado de bater e eu também não tivesse
mais vida, afinal estávamos noivos há quase dois anos e seu maior sonho era ser
pai. Seu amor pelos esportes radicais era inexplicável e foi praticando o mesmo que
Benjamim morreu. E, a partir daquele dia, tranquei meu coração a sete chaves e não
compartilhei mais nada com ninguém, nem com amigos, nem com meu pai, o Senhor
Edney, que mora em outro estado, nem com minha mãe, a Senhora Elizabeth, mas
conhecida para todos como Beth.
Mas se com dez anos eu tive forças para superar a separação dos meus pais, um
dia eu teria para superar a morte do meu noivo, apesar de serem dores bem
diferentes. Também tranquei a faculdade de psicologia. Na verdade, não tranquei, a
direção permitiu que eu ficasse estudando de casa pois não queriam me ver
perdendo toda a matéria, já que eu sempre tirava notas boas, então, passei quase
dois meses sem ir.
Mas, mesmo assim, logo eu, que sonhava em ajudar pessoas com minhas palavras
de conforto e segurança, me dediquei a fazer absolutamente mais nada, só a chorar
o dia todo no meu quarto, trancada olhando minhas fotos com Ben. O tempo
passou-se e quando vi já estava há dois meses sem Benjamim ao meu lado. Decidi
retomar a faculdade, já estava pouco a pouco seguindo minha vida, voltei a
encontrar com meus melhores amigos, Nanda e Murilo, e a falar com outras
pessoas. Fazíamos faculdade no período da tarde e eu um pouco mais conformada
(vamos dizer), fui interagindo mais e mais com pessoas que meus amigos
apresentavam. Certo dia, caminhando para a sala distraída lendo um livro, esbarrei
com um cara distraído no celular. Fiquei sem palavras, olhando no fundo daqueles
olhos azuis tão hipnotizantes:
- Foi mal, eu estava aqui no celular e não te vi, desculpa! - Disse ele calmamente.
- Tudo bem, eu também estava distraída e não olhei pra frente! - Fiquei paralisada
olhando nos seus olhos.
- Você é nova por aqui? Nunca te vi antes.
- Indagou ele.
- Voltei a estudar esses dias, parei a faculdade há alguns meses e agora estou de
volta. (Eu)
- Entendi! E como é seu nome?
- Alice, e o seu?
- Ricardo.
- Prazer em te conhecer! - Abro um grande sorriso.
Nesse momento a sirene tocou e sem mais tempo de falar saí apressada:
- Tchau! Vou para a minha sala! (Eu)
- Você é de qual curso? - Sua última pergunta.
- Psicologia. - Gritei já de longe.
E fui para a sala sem conseguir parar de pensar naquele cara. Olhos azuis, cabelo
escuro, alto, educado, um sorriso mais que lindo.
"Será que ele é solteiro?"
"Como não se encantar por esse rapaz?"
"Como fugir de algum desejo que vier?"
"Como fugir das tesões momentâneas da juventude?"
Fiquei me perguntando.
Ainda bem que para meu coração ninguém poderia entrar nele naquele momento, já
que ainda era recente tudo o que acontecera, mas, no entanto, continuei pensando
naquele rapaz durante toda a aula.
E fui seguindo minha vida, voltando a ficar mais “social” como eu era antes. Não
encontrei com Ricardo novamente. Sumiu da faculdade, parecia que tinha
desaparecido com o vento.
Assim passou-se uma semana [...]
Foi então que sexta de noite Murilo me mandou uma mensagem. Ele me convidou
para uma festa de última hora na casa de seu amigo, chamado Caio. Hesitei de
início, mas, depois de muita insistência, aceitei o convite. Passei na casa de Nanda,
que morava bem pertinho de mim e que também ia para a festa.
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Atualizado até capítulo 31
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