Só topei ir pra essa “cabana” porque sou doida por Biologia Ambiental, e comecei a cursar faculdade nisso. Caso contrário, nem a pau aceitava o convite da mulher do meu pai.
Imagina que bad passar o findi inteiro só com ela numa casa minúscula.
— Argh! — suspirei enquanto tacava umas roupas na mala.
— Faz muito calor lá, filha. Leve roupas mais leves.
— Ok, pai. — respondi, jogando na mala uns tops, saias, shorts jeans, vestidinho e até um biquíni. Todas as roupas ousadas que eu curto, já que vou passar o final de semana sozinha, só eu e minha madrasta.
Dá raiva só de pensar nisso.
Parei de arrumar as coisas para olhar meu pai, que estava lá, de boa, na cama, de olho em tudo que eu fazia. Parecia feliz por estarmos indo juntas para essa viagem.
— Papai, acho melhor eu… — ia dizer que era melhor cancelar tudo, mas Carolina entrou me interrompendo.
— Vamos, Ju? — arrastava uma mala gigante. — Já abasteci o carro com umas comidinhas. — Ela baixou a voz e colocou a mão perto da boca, como se fosse um segredo. — Chocolates, biscoitos, rosquinhas. — Revirei os olhos e forcei um sorriso.
Se ela não tivesse roubado o meu pai da minha mãe, talvez a gente conseguisse se dar bem. Sinto que ela se esforça demais, e essa ideia de passar um tempão juntas é meio forçado, talvez seja coisa do meu pai.
Enquanto ela jogava as malas no carro, meu pai me chamou de lado:
— Dá uma chance pra ela, Juliana. A Carolina tá fazendo o possível pra vocês se darem bem.
— Poxa, pai, pelo menos podia ir com a gente, né?
— Sabe que tenho plantão no hospital amanhã, Ju. Meus fins de semana são uma correria.
A Carolina se aproximou e deu um beijão no meu pai. Esses dois parecem bem apaixonados, mesmo depois de cinco anos juntos, é como se fosse no começo.
Já na estrada, coloquei um funk do Livinho pra tocar, aquela voz é demais, além de ser gato. Carolina tentava acompanhar, meio patético da parte dela. Até que ela abaixou o volume do carro pra atender o celular.
— Oi, Leonardo.
Meu peito deu uma acelerada só de ouvir esse nome. "Leo", o irmão da Carolina. Lembro da primeira vez que o conheci, alguns anos atrás, no meu aniversário de quinze. Foi a única vez que tivemos algum contato, eles não parecem ser tão próximos, e mesmo se fosse, como eu moro com a minha mãe, ficava mais difícil ver o gostoso do irmão da Carolina.
Fiquei uns dias lembrando da imponência daquele cara, homem de verdade, sentindo uma pontinha de inveja da esposa dele, sortuda. Um brutamontes, meio grosso, meio caipira, muito chucro. Até as minhas amigas assanhadas ficaram de olho nele, imagina as mais velhas então.
— Não deu tempo de cortar a grama? — ela continuou o papo no celular. — Não tem problema, chegamos em uma hora, Ju não vai se incomodar. — Depois de mais um tempo no telefone, ela desligou. — Juliana, Leonardo e o filho vão passar o final de semana conosco, ok pra você?
— Mas, eu só trouxe as "minhas roupas". — destaquei, fazendo aspas com os dedos. A Carolina conhece bem o estilo das roupas que eu curto vestir.
Minúsculas.
— Não se preocupe com isso, o seu tio estará ocupado demais cuidando dos jardins.
— Leonardo não é meu tio. — esclareci antes que ele também me considerasse sobrinha. Voltei a aumentar o volume do som, mas a Carolina abaixou.
— Podemos conversar um pouco?
— A gente conversa na cabana, Carolina. Teremos tempo de sobra para isso.
— Espero que você curta o passeio. Lá parece bastante com a casa da sua avó. Foi ideia do Antônio.
— Então, devo agradecer ao meu pai por isso. — Puxei o meu celular e fui dar uma olhada nas redes sociais.
Ainda não me conformava de passar hoje, amanhã, domingo e segunda com ela. Lembro o quanto a mamãe chorou quando o meu pai saiu de casa. Meses depois, descobri que Carolina era enfermeira do hospital do meu pai. O namoro dos dois engatou meses após o divorcio dele com a mamãe.
Na certa, já transavam há muito tempo.
Agora a Carolina é escritora de romances hot, já mandou ver em muitos livros e a maioria deles virou best seller. Consigo prever o que vai rolar nessa cabana no meio da floresta. Ela vai ficar o dia todo escrevendo no quarto, e eu, lá, sozinha.
Isso até que me animou. Pelo menos é melhor do que ficar encarando a cara dela o tempo todo.
— Olha, Ju. Não sei se você lembra do meu irmão, Leonardo. Mas ele anda bem rude desde que se separou da esposa.
— Ele separou? — Mal consegui conter a minha alegria. Tentei disfarçar o entusiasmo pra ela não sacar nada.
— Separou. Por isso, quero que você releve se ele falar alguma coisa que te incomode, além dos palavrões que solta a cada final de frase.
— Tranquilo. — Encerrei o assunto, mas por dentro, eu estava louca pra perguntar tudo sobre ele. Separaram por quê? Quando? Ele ainda tá na dela? Vão voltar?
Mas sei lá, ele deve estar bem mais velho agora. Cabelos grisalhos, rugas na cara. O velho ranzinza. A Carolina tem 36 anos, e o Leonardo é o irmão mais velho.
Guardei o celular quando perdi a conexão à internet.
— Merda! — resmunguei, imaginando que nem rede social teria por lá.
O carro da Carolina pegou uma estrada de terra entre grandes árvores, com o cheiro de pinheiro fresco no ar, e o som dos pássaros ao fundo. Atrás das árvores, escondida, pude ver a cabana incrível, de um jeito que nem imaginava, completamente rústica. Janelas enormes se abriam para a natureza, e a varanda oferecia uma vista de tirar o fôlego. Juro, era como um refúgio no meio do verde, uma vibe total de paz.
— Chegamos. — ela sorriu para mim ao notar o meu encanto com a beleza do lugar. Estacionou o carro na frente da varanda. — Me ajuda aqui, Ju? Rapidinho? — abriu o porta-malas e começou a retirar as nossas bagagens.
Puxei minha mala e coloquei no chão de madeira da varanda. Era tudo tão aconchegante, mesmo estando no meio da natureza. Havia gramas altas e algumas recém-cortadas, um lindo jardim com terra que parecia ter sido mexida recentemente, além de uma pá e um regador ao lado.
— Posso ajudar as moças? — congelei antes mesmo de me virar para contemplar o dono daquela voz grossa e sedutora bem atrás de mim.
— Leonardo! — Carolina gritou confirmando que o dono daquela droga de voz que molha qualquer calcinha era mesmo do seu irmão. Correu para abraçá-lo e lentamente me virei.
Puta merda, que deus grego é esse?
Minha respiração desacelerou ao perceber o homem sem camisa, exibindo aqueles músculos, vestindo apenas um macacão de calça jeans rasgado.
O que me deixou mais assustada nem foi a sua beleza, pois eu sabia que já era gato, mas sim a forma como ele me olhava enquanto abraçava a irmã.
Deu uma lambida nos lábios quando viu o piercing que eu tinha no umbigo. Seus olhos desceram pelas minhas pernas, e enquanto subiam de volta, analisava as minhas curvas, parou os olhos verdes na região dos meus seios fartos. Eu estava usando uma sainha jeans e um top branco bem curto. Mas era como se estivesse despida aos olhos desse homem.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Jucelia Oliveira
colocar fotos deles autora
2025-02-05
0
Maria Pinheiro
Tenho que voltar lá pra prestar a atenção na foto da capa do livro só pra dar uma imaginada. 😄
2025-01-09
1
Rosiane Alves
O titio deve ser bem gato.
2024-09-16
3