Afundando na Escuridão

Aurora

P.O.V.

O sino do fim das aulas ecoou pelos corredores desertos da escola, anunciando que o dia estava longe de terminar. Desde o primeiro horário, não tive mais aulas com Adam. Mia me evitou pelo resto do dia, e ainda estou perplexa com o que ela quis dizer com "princesa". Talvez estivesse apenas sendo esquisita, como de costume.

Caminho pelos corredores largos e vazios, enquanto os outros alunos permanecem confinados em suas respectivas salas. Minha próxima aula é de natação, uma atividade que detesto—especialmente por causa da água gelada. E, para piorar, Ava estará lá. Se eu tiver sorte, talvez ela falte hoje. Ava é do tipo que evita qualquer coisa que possa arruinar sua aparência.

Um suspiro escapa dos meus lábios quando uma rajada de vento frio atinge meu rosto, fazendo meus cortes arderem e meus lábios tremerem. Abraço-me numa tentativa inútil de aquecer o corpo. Esta cidade, sempre fria e frequentemente chuvosa, raramente vê o sol. Mas eu gosto disso. Combina com meu humor sombrio—um consolo mínimo em meio ao desconforto constante.

Chego à piscina coberta, onde o professor de educação física está sentado em um banco pequeno, explicando as instruções para as alunas. Já estou vestida com meu maiô preto, tentando ignorar Ava, que está na borda da piscina, sussurrando algo para Isabel, uma de suas fiéis seguidoras. Isabel, sempre ingênua, ri junto com ela.

"Esquilo", chama Ava, seu tom carregado de deboche. "Achei que ia faltar de novo... Decidiu mostrar sua cara feia aqui, esqueleto ambulante?"

Ela ri alto, e Isabel a acompanha, como sempre.

Ignoro a provocação e me afasto, preferindo evitar problemas. Sento na borda oposta da piscina e mergulho os pés na água gelada. Através das janelas enormes, observo o tempo lá fora—calmo demais para o meu gosto.

Um arrepio percorre minha espinha, como se estivesse sendo observada. Olho para a entrada e vejo os garotos chegando, entre eles Adam e um garoto loiro. Estranho. Eles deveriam estar no campo de treinamento, não aqui.

"Alunos e alunas", o professor anuncia calmamente, "o treinador dos meninos desapareceu. Estamos tentando encontrá-lo, mas, enquanto isso, os garotos terão aula junto com vocês, incluindo natação."

Algo não está certo. Os professores aqui nunca faltam sem um motivo grave.

Mordo o lábio, inquieta, e mais uma vez sinto aquela sensação incômoda de estar sendo observada. Levanto os olhos e encontro o olhar de Adam. Seus olhos percorrem meu corpo, avaliando-me como se eu fosse uma presa. Desvio o olhar rapidamente, focando no professor.

Ele distribui as toucas para as meninas antes de se virar para os garotos.

"Podem se trocar na ala 05. Meninas, vamos começar o treino. Não quero ver ninguém ficando para trás."

Os meninos retornam já trocados, e meu coração dispara ao ver Adam. Seu corpo musculoso e bem definido atrai meus olhos, e tento desviar, mas é impossível ignorar a sensação estranha que ele provoca em mim.

"Quero que todos se reúnam aqui", chama o professor, trazendo minha atenção de volta para ele. "Hoje, vamos competir. Vou escolher quatro alunos... Ava, Aurora, Adam e Max. Na borda da piscina agora."

Minha respiração acelera, e minhas pernas parecem presas ao chão.

"E-eu... eu não posso", gaguejo, as palavras saindo entrecortadas.

O professor revira os olhos, impaciente, e caminha até mim, puxando-me pelo braço.

"Não temos tempo para seus dramas, senhorita Lee. Faça o que eu mandei ou terá uma advertência."

Engulo em seco e obedeço, posicionando-me na borda da piscina. Meus braços estão grudados ao lado do corpo, rígidos.

"Um... dois... três... já!"

O apito soa, e todos saltam na água, inclusive eu. Mas, diferente dos outros, não consigo nadar rápido. Meu corpo é magro e frágil, sem a menor chance de competir.

O impacto da água gelada corta minha pele como facas afiadas. Meus cortes ardem, e meu corpo se recusa a responder aos meus comandos. Gritos abafados ecoam pela água, mas não consigo entender o que dizem.

Forço-me a nadar, mas, de repente, algo agarra meu pé.

Meu coração dispara.

Sou puxada para baixo.

A borda da piscina se distancia enquanto imagens borradas passam diante dos meus olhos. Tento me contorcer, gritar, mas o aperto em meu tornozelo se intensifica, arrastando-me cada vez mais fundo. O ar foge dos meus pulmões, e minhas mãos agarram meu pescoço em desespero.

A escuridão aquosa ao meu redor parece querer me engolir.

Meus pulmões queimam.

O pânico me domina.

Então, o aperto no meu tornozelo afrouxa. Tento nadar para a superfície, mas meu corpo está pesado demais. Cada movimento parece inútil.

Meus membros perdem a força.

Paro de me mexer.

Minha última respiração se esvai, e o mundo ao meu redor se dissolve em um borrão. A água gelada me envolve por completo, levando-me ao esquecimento.

O som dos alunos comemorando é a última coisa que ouço antes da escuridão me tomar.

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