Santiago, no fundo do seu coração, sentia um desejo de voltar para dentro, de pegar sua esposa, de fazer amor com ela, rasgar o maldito documento que os separava e dizer que tudo era parte de uma maldita brincadeira. Fazê-la, esquentar seu jantar e confessar o quão linda, sexy e provocativa ela estava com aquele vestido velho, mas ele já a tinha magoado e já tinha confessado sua infidelidade.
Genoveva era leal, complacente e o amava loucamente, mas era uma mulher orgulhosa e rancorosa. Santiago sabia que ela jamais o perdoaria, menos havendo um filho no meio. Além disso, ele amava Camila ou pelo menos naquele momento ele tentava se convencer disso. Por isso, finalmente soltou o choro que estava retido e se permitiu chorar como uma criança por mais uma hora, até que desatou o nó que tinha comprimido em seu peito.
Porque ele devia aceitar que Genoveva jamais o perdoaria e que não fazia sentido fazer infelizes as duas mulheres. Então, quando seu choro cessou, foi quando Santiago finalmente ligou seu carro e foi embora.
Genoveva da janela viu seu carro sair e sentia como se no porta-malas levasse seu coração e sua felicidade como mulher. Porque ela era feliz com seus oito pequenos e isso jamais mudaria, ainda que estivesse arrasada.
Ela tinha notado que Santiago permanecia dentro de seu carro e no fundo do seu coração acalentava a esperança de que ele voltasse.
Ainda que ela entendesse que ela não tinha perdido seu marido ao assinar o divórcio. Ela perdeu Santiago no dia em que ele intimou com a outra mulher e que semeou sua semente nela.
Genoveva continuou chorando por horas e seu choro cessou, quando começou a ouvir diversos toquinhos na porta. Era evidente que seus pequenos tinham despertado. Neste momento agradecia a Deus que lhe tivesse enviado oito maravilhosas razões para viver e seguir adiante.
Genoveva limpou suas lágrimas e penteou seu cabelo com os dedos, enquanto caminhava para a porta.
—MAMÃE, MAMÃE
Escutou-se uma vozinha do outro lado. Facilmente ela podia reconhecer a voz de sua pequena Camila, que era a mais consentida de todas. Era mais que evidente que o nome de sua filha era hermoso e não a afetava em nada, o motivo pelo qual, o tinha escolhido seu ex. Sua pequena era seu raio de luz e isso jamais mudaria.
— JÁ VOU, meus pestinhas —disse Genoveva com um melodioso grito,
Genoveva não pôde evitar sorrir ao ver as sete crianças paradas um ao lado do outro, enquanto que Máximo vinha atrás deles com algumas sandálias de alguns de seus irmãos. Genoveva sorriu ao vê-lo comportar-se como um irmão mais velho e cuidar de seus irmãos, inclusive dos que têm sua mesma idade.
—Oh, Meu Deus! Tenho uma manifestação de duendes na minha porta — lhes disse Genoveva risonha e os pequenos correram para ela. Genoveva se agachou frente a eles e começou a beijar suas testas como cumprimento de “bom dia”
—Temos fome mamãe —disse Máximo apartando seus irmãos para receber o afeto de sua mãe.
Genoveva viu a hora e se sentiu envergonhada, já eram mais de nove da manhã e ela não tinha preparado nada.
—Ok, ok meus filhos. Hoje teremos um café da manhã especial. Hoje comeremos “cereal com leite”. —Disse Genoveva e seus pequenos começaram a dançar de emoção.
Genoveva geralmente não lhes dava um café da manhã tão básico, mas devia improvisar, já os recompensaria com um delicioso almoço.
—Mamãe, por que não fomos à escola? —lhe perguntou Santiago Jr.
Genoveva lhe sorriu, na realidade esse pequeno era um mini clone de seu pai, por isso ela decidiu chamá-lo igual que ele.
—Sinto muito meu amor, mas não me sentia bem, doía muito a cabeça e fiquei dormindo. Depois de tomar café da manhã aviso sua professora, para que não registre sua falta e me envie as atividades do dia.
Genoveva caminhou para a cozinha, enquanto que Máximo e Santiago ajudavam seus irmãozinhos a sentar-se em seu lugar. Genoveva lhes serviu o café da manhã e depois de uma hora tocou a campainha.
Genoveva sabia que se tratava da babá que sempre chegava a esta hora, para não interromper o café da manhã da família.
Porque para Santiago, tomar café da manhã com sua família era um ato íntimo e era muito egoísta nesse aspecto. Não gostava de ter ninguém estranho ao redor deles. Que irônico, não?
Genoveva falou com a babá para que chegasse todos os dias à primeira hora. Explicou à moça que estava em trâmites de divórcio e que necessitava sua total discrição e apoio com os pequenos.
Genoveva passava o dia em sua rotina diária. Nada tinha mudado, só o fato de que tinha mais espaço em seu guarda-roupa. Já não tinha roupa fina e elegante para levar à lavanderia, nem nenhuma outra das tarefas que implica ter um esposo exigente para atender,
Mas cada noite depois de dormir seus pequenos, Genoveva se trancava em seu quarto e chorava até ficar dormida. Ela sentia falta de seu esposo, sentia falta de suas mensagens eróticas onde lhe pedia que o esperasse sem roupa ou quando a convidava para jantar fora para visitar algum hotel e amarem-se sem limites. Ela não podia evitar sentir sua ausência. Seu coração batia muito devagar, estava agonizante, mas seus oito preciosos filhos a motivavam a levantar-se dia a dia e a seguir adiante.
De seu pai, as crianças sabiam o básico. Seu pai estava em uma longa viagem e os chamava todas as tardes por vídeo-chamadas, ainda que Genoveva tivesse vontade de matá-lo. Um mês tinha passado desde o dia que assinou o divórcio e Santiago não tinha aparecido para saber de seus filhos pessoalmente. Só lhe enviou uma mensagem dizendo que usasse a extensão de seu cartão para cobrir todos os gastos de seus pequenos. Pelo menos, Genoveva sentia tranquilidade a respeito. Seus filhos seguiriam conservando seu nível de vida.
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Atualizado até capítulo 85
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