capítulo 3

Se é possível coisa pior que estar preso em um hospital, pior ainda não ter autonomia para tomar as suas próprias decisões.

Claro que está louco pra sair dali.

Não aguenta mais aquela prisão de paredes brancas!

- Quanto tempo mais terei que suportar isso?

- Quem mandou sair correndo com uma moto pela noite como um Highlander?

- Marcos!

- Tem que ter paciência!

- Ah claro, paciência...tudo que não tenho neste momento!

- Me conta...o que a Miranda veio fazer aqui?

- Como soube disso?

- A enfermeira me disse. Aliás, disse que estava virado no Jiraya...porque foi tão estupido com ela?

Allan de verdade não está querendo falar a respeito desse assunto.

- Não quero falar a respeito.

- Cara! Você está azedo igual a um limão!

Allan olha atravessado pra seu irmão.

-  Se está aqui pra me tirar do sério, por favor, vai embora.

Marcos está curioso.

- Aconteceu alguma coisa entre vocês dois?

- O quê disse?

- Ué, está todo nervoso...

- Cara! Me deixa em paz!

- O pai está fulo com você... suponho deve ter acontecido alguma coisa de grave... não tem nada a ver com aquele contrato...tem?

- Não...nada a ver, e falando nisso. Quando vamos viajar?

- Você não vai.

- Mas é claro que vou! Estou nisso desde o começo. Dei meu sangue pra isso!

- Você está avariado...acha mesmo que tem condições de fazer a maratona de reuniões? Nem pensar Allan!

O olhar feroz dele não deixa dúvidas que não vai desistir.

- Nem se tivesse perdido um membro! Vou estar lá!

- Ainda acho...

- Saio desse hospital hoje mesmo!

- Vai se dar alta!?

Allan se apoia em um par de moletas.

Ele não está brincando.

Vai sair dali, nem que tenha que fugir.

- Que acha que está fazendo!?

- Indo embora!

- Mas...

- Se tentar me impedir...vai se arrepender.

- Doido!

- Se me conhece, sabe o quão doido sou. E já que está aqui, vamos logo embora...esse lugar está me deixando doente!

Marcos ri muito.

Não tem como manter o irmão lá contra sua vontade.

Pega todas as recomendações com o médico, e prometendo fazer tudo que está na orientação.

No carro, ele respira aliviado.

Marcos olha pra ele através do retrovisor.

- Acha mesmo que está livre? Espera ver o pai...ele vai te arrancar a alma do corpo!

- Penso nisso depois.

- Que coragem a sua de enfrentar ele...eu não ousaria.

- Tenho que fazer...e, tenho meus motivos.

Ele sabe.

Terá que tirar forças de onde não tem.

Enfrentar os Miranda… vai ser duro.

Por mais estúpido que tenha sido era a única forma de afastar ela de perto dele.

Está achando que se aproximou dela apenas por causa do maldito contrato!

Ele nem fazia ideia...

Era apenas a garota mais linda que ele vi...bem ali, ao seu alcance.

Quando entrou naquele bar, estava apenas querendo uns drinks, nada mais.

Meninas muito bonitas estavam dando bola pra ele.

Muito normal, ele estava acostumado com esse tipo de coisa.

Mas, queria algo a mais…

Gosta de conquistar.

E naquele momento, não tinha de verdade ninguém que despertasse seu interesse.

Estava se preparando pra ir embora, quando uma moça muito atrapalhada esbarrou nele, derrubando toda sua bebida, dando-lhe um belo banho de vinho.

- Ah por favor...me perdoa...

- A culpa foi minha... não devia sair assim de relance...parece que sua roupa também se molhou, não é mesmo?

Ela olha pra si mesma e ri.

- Verdade...

- Como resolver isso agora?

Ele sorri de forma sedutora.

- Bom se quiser, posso pedir pra alguém dar um jeito...

Sua camisa de corte italiano, manchada de vinho tinto? Já era! Mas, não vai deixar a moça angustiada.

- Tudo bem, não tem problema.

- Não há nada mesmo que eu possa fazer?

- Só uma coisa...e não vai poder me negar.

- O quê?

- Só te perdoo, se aceitar outra bebida, que eu quero pagar, tá bem?

- Assim me perdoará?

Ela está com um sorriso lindo.

- Vou fazer o possível pra que isso aconteça.

- Aceito.

- Ótimo. Estava bebendo o quê?

- Vinho...mas acho que já sabe disso.

Ele olha insistente para a boca dela. Que por sinal, está tentadora com aquele batom vermelho.

- Gostou do meu batom?

Ela fala de repente o deixando completamente sem graça.

- Deixei tão evidente isso?

Sorriso maroto.

- Não sabe esconder seus sentimentos...

- É mesmo? O que estou pensando agora, nesse instante?

- Hummm, como deve ser o sabor desse beijo...

- É tão direta assim?

- Com pessoas interessantes...sim.

Ele agora de verdade, está surpreso.

Está com um olhar delicioso.

Está sendo cantado? É isso?

- Me pergunto...o que faz sozinho aqui?

- Estou com amigos, que já se espalharam por aí, enfim abandonado.

- Como são malvadinhos eles , né?

- Eu que sou o malvado da turma...

- Não me parece malvado. Até bem bonzinho por sinal.

Ele ergue a sombrancelha.

- Qual é mesmo seu nome? Acredito que não nos apresentamos, srta...

- Rachel.

- Ah...

-  E você...quem é?

- Allan.

Ela olha pra ele cheia de interesse.

Começa uma música empolgante então ela o chama para dançar.

- Vem!

- Não creio que seja uma boa ideia...

- Por favor...

- Tá. Não me acuse  de pisar no seu pé depois.

Fala com um sorriso lindo.

Mas quando chegam no centro do salão, muda o ritmo. Uma música romântica toma conta do lugar.

A enlaça e puxa contra seu corpo.

- Esse ritmo eu domino. Então, agora eu sei como te conduzir.

É tão estranho...aquele homem tão lindo ali, a abraçando delicadamente e parecendo levá-la a outro mundo.

Com uma simples dança?

Imagine se tivessem trocado um beijo?

Ah, aquela boca dele...

É tentação pra caramba!

E tão próxima...

De repente, os seus lábios se tocam. Primeiro levemente, como se quisessem conhecer o terreno perigoso que isso os levará, mas depois…

O que é isso!

Uma sensação de liberdade e euforia toma conta deles, como se há muito tempo já se conhecessem... é um beijo delicioso como de um filme retirado das telas de Hollywood.

Quente e sensual.

Ela sente toda a sua volúpia.

E como está empolgado!

De verdade!

Suspiro longo e se afastando da zona de perigo, ela ainda consegue ver aqueles olhos azuis brilharem como as estrelas da noite pra ela.

- O quê...foi isso?

- Disse que não sei disfarçar meus sentimentos...e de verdade...me deixou completamente louco.

- Com um beijo?

- Isso foi mais que um beijo... só não sei explicar direito, mais tenho certeza que...foi mais que isso.

Ela sabe que sim. Mas tem que ficar longe de qualquer perigo.

- Aconteceu alguma coisa? Ficou séria de repente?

- Acho que preciso...

- Está fugindo de mim? É isso?

- Não...

- Porque, ao que me parece você que...bom, me deu abertura pra isso.

- Não estou fazendo isso. É complicado.

- Agora me deixou mesmo confuso.

- Posso te dar uma dica? Não faça algo que não vai conseguir levar a diante.

- Como é que é?!?

- Vou deixar pra lá. Não vale a pena...

- Está brigando comigo?

- Você mesmo que disse... não escondo meus sentimentos.

Ela cruza os braços.

- Sabe, gostei de você.

- Tenho a mesma opinião.

Fica a olhando atentamente e segura seu rosto entre as mãos.

Ele a puxa de volta pra seus braços. E o beijo que antes já era bom, fica mais que delicioso... é quase um atentado ao pudor o que eles sentem nos braços do outro.

Com a respiração oscilante, se afasta dele rápido.

- E agora? Ainda sou tão bonzinho o quanto pensou?

Que sorriso é esse!?

Ela pensa ofegando.

***

Marcos está olhando pra o irmão.

Já o chamou diversas vezes e no entanto parece estar em outro planeta...muito distante.

- Ei Allan!

- Quê!?

- Cara, está bem? Ficou com um jeito estranho... está com dor?

Sim.

Ele está.

E essa... ninguém e nenhum remédio vai poder curar.

Ele pensa com um suspiro triste.

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Comments

Maria Luiza Giuliani

Maria Luiza Giuliani

começando 13/01/25

2025-01-14

0

Simone Izabel

Simone Izabel

Voltei , assisti minha aula e estou aqui ,amando esse romance.❤❤❤❤

2023-09-13

3

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