Após finalizar um longo plantão de doze horas no hospital, finalmente cheguei em casa às oito da manhã.
Nunca me acostumaria com o ar que minha casa refletia, eu a comprei decorada afinal não tinha tempo de fazer isso por mim mesma, os antigos donos eram fissurados por decoração elegante e minimalista era realmente belo.
Abri a porta, tirei meus sapatos, sentindo um alívio na pressão dos meus pés cansados.
Entre as paredes brancas e móveis bem alinhados, encontrei um refúgio temporário. Dirigi-me à cozinha e bebi um copo de água fresca para hidratar o corpo exausto. Em seguida, fui alimentar meus peixes no aquário, observando-os nadar livremente naquela pequena comunidade aquática.
Enquanto eu me ocupava com os peixes, recebi uma ligação de vídeo da minha mãe. Ela me desejava um feliz aniversário, com uma certa frieza na voz. Pediu desculpas por não estar presente, explicando que meu pai estava jogando golfe. Era sempre assim, os compromissos e interesses deles vinham sempre antes de mim, a filha que nunca se sentiu verdadeiramente amada.
Minha mãe encerrou a chamada com a mesma frieza de sempre, deixando-me com uma sensação familiar de vazio. Suspirei, tentando não permitir que essa falta de afeto me afetasse. A vida continuava, e eu precisava me preparar para meu encontro com Stephan mais tarde.
Chegando ao meu quarto, decidi tomar um banho revigorante antes de descansar. Enquanto tirava meu jaleco branco, acabei derrubando uma pequena caixa que estava no bolso. Curiosa, apanhei-a e abri. Era o colar que Gotel havia me dado. O objeto era feito de prata reluzente e adornado com rubis brilhantes.
Coloquei o colar em meu pescoço, observando como ele brilhava contra minha pele. Era um pequeno lembrete dos sentimentos que Gotel despertava em mim, uma conexão genuína e especial que eu não encontrava nos relacionamentos vazios dos meus pais.
Admirando a beleza da joia, pensei em como aquele colar representava muito mais do que apenas um presente material. Era um símbolo das emoções reais e do afeto que eu ansiava experimentar na minha vida. Era um lembrete de que eu merecia mais do que a superficialidade e o distanciamento que caracterizavam minha relação com meus pais.
Com o colar no lugar, tomei um banho revigorante, permitindo que a água quente aliviasse a tensão acumulada no meu corpo. A sensação era reconfortante, quase como se estivesse me livrando das amarras emocionais do passado.
Depois de me secar, vesti uma roupa confortável e me deitei na cama. O cochilo breve era necessário antes do jantar com Stephan, eu já sabia qual seria o assunto, hoje ele dará a cartada final, perguntará se eu o amo, se estou disposta a tentar ser mais que uma amiga, mas eu ainda não tenho esse tipo de sentimentos por ele, nunca os tive por homem nenhum, mesmo na adolescência todos os meus breves romances eram na verdade uma maneira de receber carinho silenciar minhas carências emocionais,com esses pensamentos eu adormeço.
Acordei com o som irritante do despertador e, ao abrir os olhos, percebi que já era noite. O relógio anunciava que já eram sete e meia da noite. Um misto de surpresa e desânimo tomou conta de mim ao perceber que tinha apenas trinta minutos para me arrumar.
Antes de começar a me preparar, decidi responder aos e-mails e mensagens de felicidades pelo meu aniversário. Agradeci a todos, mas ainda sentia um vazio no peito ao lembrar que as mensagens carinhosas e os parabéns virtuais não eram capazes de preencher o buraco deixado pela falta de amor dos meus pais.
Com um suspiro, me esgueirei para o banheiro. Tomei um banho morno, deixando a água cair sobre meu corpo e despertar cada músculo cansado. Era o momento de me preparar para uma conversa difícil com Stephan, e eu precisava estar alerta e pronta para enfrentar qualquer desafio.
Após o banho, passei uma maquiagem leve, seguida por um batom vermelho sangue. Queria que combinasse com o colar de rubis que Gotel havia me presenteado. Ao olhar meu reflexo no espelho, prendi meu cabelo úmido em um coque desajeitado no alto da cabeça. Não queria parecer arrumada demais e transmitir a ideia errada para Stephan.
Caminhei até meu closet e escolhi um vestido violeta de alças. Por cima, coloquei um casaco, afinal, mesmo estando na primavera, o clima estava estranhamente frio e chuvoso lá fora. Mais uma vez, olhei meu reflexo no espelho após calçar meus sapatos. Queria ter certeza de que estava apresentável antes de sair de casa.
Enquanto observava a chuva densa cair lá fora, a escuridão do lado de fora parecia ecoar o vazio em meu coração. O barulho das gotas de chuva batendo nas janelas ecoava minha solidão interna. Tentei afastar esses pensamentos enquanto verificava se havia esquecido de algo.
No momento em que me preparava para pegar minha bolsa, ouvi a campainha tocar. Era estranho, afinal de contas, não estava esperando nenhuma visita naquela noite. Meu coração acelerou levemente com a surpresa, mas, curiosa, fui atender a porta.
Abri a porta devagar, encontrando um homem de pé em frente a mim. Seus olhos azuis me encaravam com uma mistura de surpresa e admiração. Era Stephan, de pé, molhado pela chuva, segurando um pequeno buquê de rosas vermelhas.
Fiquei sem palavras por um instante, tentando processar a sua presença ali. Ele sorriu nervosamente e disse: "Olá, Cat. Eu sei que estou adiantado, combinamos de nos encontrar no restaurante, mas eu estava ansioso para te ver".
A chuva continuava caindo lá fora, e o brilho das luzes dos postes refletiam em suas madeixas douradas e molhadas. Eu respondi apenas :" Entre, por favor."
Enquanto caminhávamos em direção à sala, Stephan conversava animadamente, tentando me fazer sorrir, mas eu mal conseguia prestar atenção às suas palavras.
Ele estendeu as flores para mim, e eu as peguei engolindo em seco, pelo visto não seria tão fácil como eu imaginei, eu estava com raiva porque preparei um discurso perfeito e sucinto para dizer a ele que somos amigos e seremos apenas isso até o fim.
Mas a forma como ele me olhava, como ele dizia o meu nome e sorria para mim me fazia sentir como uma megera, ingrata.
Sentia-me culpada por ter tratado Stephan com asco tantas vezes. Ele sempre fora amável e atencioso, mas eu, imersa em minha dor, não soube reconhecer sua bondade. A culpa pesava em meu peito.
Ele prosseguiu: " você parece chateada, algo aconteceu?" respirei fundo não queria dar a ele nenhuma resposta atravessada mas não pude me conter : " Stephan, eu disse a você que não precisava vir me buscar.." Ele me olhou sem jeito o terno e os sapatos inundados de água: "Cat, eu só... você é importante para mim, queria fazer uma surpresa".
Com essas palavras a culpa em meu coração se intensificou, lembrei que tinha uma toalha de banho limpa na lavanderia. Era o mínimo que eu poderia fazer para aliviar seu desconforto, eu disse um pouco envergonhada: "Stephan, espere um momento, vou buscar uma toalha para você". Ele assentiu, acompanhando-me em silêncio.
Na lavanderia, peguei a toalha e respirei fundo, tentando acalmar minha mente confusa, eu e Stephan sempre fomos bons amigos, ele me acolheu e me amou como se fosse alguém de sua família, eu não suportaria perder sua amizade, mas ele está apaixonado e eu ignorei isso por tempo demais.
Em meio aos pensamentos tumultuados, percebi que Stephan me olhava como se tentasse me decifrar. Seus olhos transbordando sentimentos que eu sabia que existiam mas fingi não notar por todos esses anos. O silêncio entre nós era quase palpável.
Comecei a dizer, mas as palavras pareciam fugir de mim: "Stephan, eu..." Não sabia como expressar toda a confusão e a mistura de sentimentos que enchiam meu coração naquele momento.
Antes que eu pudesse formular uma frase coerente, Stephan tomou a iniciativa e, com sua voz calma e determinada, começou a falar: "Cat, eu não consigo mais fingir que não sinto nada por você. A cada dia que passa, minha admiração se transforma em algo mais profundo. Eu te amo."
Senti meu coração disparar e toda a energia abandonar meu corpo. Fiquei muda, olhando para ele, buscando as palavras certas, mas elas pareciam inalcançáveis.
Aos poucos, as lágrimas começaram a brotar em meus olhos. Eu queria gritar, chorar, dizer a ele que também sentia algo especial, mas seria mentira. Toda a minha vida, fui ensinada a esconder minhas emoções, a me proteger do sofrimento e a não confiar em ninguém, Stephan teve acesso a um lado meu que escondo dos outros, eu podia ser vulnerável com ele, podia ser eu mesma. Ele era meu amigo, só isso.
Stephan, percebendo minha dificuldade em responder, se aproximou lentamente e envolveu-me em um abraço acolhedor. Suas mãos, quentes e reconfortantes, pareciam dizer que eu não precisava ter medo, que ele estaria ali por mim.
Enquanto me permitia afundar em seus braços, fui invadida por uma onda de emoções conflitantes. Então ele se inclina para trás tocando minha boca com a sua. Eu me afasto um pouco e digo: "Eu não posso, Stephan, somos amigos".
Mas Stephan não está prestando atenção em minhas palavras. Por que ele deveria? Elas não convencem nem a
mim mesma!
Ele me puxa para si, me abraçando novamente eu sinto as mãos dele em minha cintura, e me aconchego contra seu corpo molhado pela chuva.
Posso sentir a sua respiração contra a minha orelha, e tudo o que preciso fazer é inclinar o meu rosto um pouco para trás e a sua boca encontra a minha, infinitamente quente no ar frio daquela noite de primavera, e eu tenho ainda mais certeza que vou arrepender-me quando o beijo tornou-se abrasado e parecia caminhar para algo irreversível.
Enquanto ele beija eu penso em algo suficientemente convincente, mas só consigo pensar que de alguma maneira devo isso a ele por todos esses anos.
Ele afasta os lábios dos meus e os aproxima da minha orelha dizendo: "Eu quero você, Cat, mas só se me quiser também.
Não digo nada, Stephan me segura mais uma vez como se eu fosse seu único refúgio. Eu deslizo as mãos sobre o seu
peito, sinto as batidas do coração. Eu permito. Me entrego a Stephan como se o amasse tanto quanto ele me ama. Enquanto estamos entrelaçados um ao outro Stephan diz ofegante: " Você não imagina o quanto eu desejei isso, Cat, ter você assim e ainda melhor do que em meus sonhos, obrigada por isso." Fiquei em silêncio tentando conter as lágrimas ele tinha razão em agradecer eu sentia que estava fazendo um favor a ele, nunca amaria Stephan como ele me ama.
...Stephan Watson...
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Vanda Belem
Stevan é lindo, mas realmente não combina com Catarina! Mas seria melhor ela não brincar com os sentimentos dele.
2024-01-26
3
Rosária 234 Fonseca
Fazendo um favor pro cara caraca velho arrasou
2023-11-10
1
Deyse Colares
começando estou gostando
2023-10-04
1