Saio do cemitério sem rumo. Faltam poucos dias para que eu seja despejada. Eu não tenho mais família. Não tenho amigos e não sei o que será de mim.
Retorno para casa, que em breve não mais terei. Aos prantos.
Porque eu? Porque tanta trágedia. O que fiz de mal para merecer?
Me questiono, nada faz sentido. Tomo uma taça de vinho como não bebo, me embebedo e acabo dormindo.
Acordo ja é madrugada. E a dor só piora!
Como moramos em cidade pequena. Logo todos já estão sabendo sobre o que aconteceu.
Eu não tenho escolha. Preciso trabalhar.
Começo então a procurar um serviço. Aceito fazer até serviço de limpeza. Alguma coisa preciso fazer.
Procuro no mercado, padaria, açougue, na fazenda de gado e até na colheita. Mas ninguém me dá uma oportunidade. Pelo contrário todos comentam e cochicham quando eu passo.
Vejo os olhares.
Povo fofoqueiro e mentiroso. Já não basta tudo que estou vivendo. Ainda tenho que lidar com isso? Não conseguem respeitar a dor do outro?
Retorno para casa depois de andar muito, bater em várias porta e ouvir a mesma coisa... Não!
Descanso, e sofro com a ausencia de Ray. Tudo ali me lembra ele. O cheiro dele, as coisas dele, tudo me leva a Ray. Como queria que ele tivesse sido mais forte.
Choro desconsoladamente, até pegar no sono.
No dia seguinte, me lembro da escola que eu ajudei a reformar e equipar. Como eu ajudei, acredito que eles vão me ajudar agora.
Chego na sala da diretora. Ela ao me ver me dá as condolência e me manda sentar.
- Como posso ajudar Sra Rossi. Ela pergunta.
- Bom estou precisando de um emprego, e queria saber se não posso trabalhar aqui. Pode ser na limpeza ou até mesmo na cozinha.
A moça engole seco. Respira fundo.
- Sra Rossi não temos nenhuma vaga no momento.
Eu olho para o lado no quadro de avisos e esta lá.
"Precisa se de auxiliar de limpeza"
Olho para a moça e digo:
- Não precisa? Ali está escrito outra coisa.
A moça fica sem jeito. Se aproxima e fala
- Sra sua ajuda foi importante para nós. Mas a fama que rola pela cidade é de que seu marido era golpista e prejudicava as pessoas. Então ninguém quer uma esposa de golpista por perto. Sabe como é. Quem com porco anda, farelo come! Ela diz.
- Está me dizendo que sou golpista também? Eu pergunto irritada.
- Não! Eu estou dizendo, o que as pessoas dizem. Nessa cidade e nas cidade vizinhas a Sra não vai conseguir nada. Melhor a Sra se mudar. Se tiver sorte fale com o Sr Roberto o que compra e vende ouro. Como dizem que ele rouba no peso do ouro. Talvez ele não se importe e te ajude.
Mas eu não posso ajudar, desculpe. Ela diz.
Saio sem acreditar no que ouvi. Por isso essa reação desse povo de merda.
Sigo até a loja desse Sr. Roberto.
- Boa tarde!" Falo com um sorriso
- Boa tarde jovem. Deseja vender suas jóias? Ele pergunta.
- Não Sr. Me indicaram falar com o Sr. Estou procurando um trabalho.
Ele me olha de cima a baixo. Seu olhar é malvado. Ele lambe os lábios.
- Bom depende do que você sabe fazer...e se eu vou gostar. Mas eu posso fechar a loja e você me mostra se sabe mesmo fazer. Dizem que viúvas são fogosas. Ele fala com olhar de tarado enquanto alisa seu membro por cima da calça.
Fico muito brava.
- Seu tarado, velho nojento asqueroso.
Nunca eu faria qualquer coisa com você. Seu porco! Saio bufando de raiva.
Pela manhã saio para ir a padaria e vejo as pessoa me medindo. As casadas puxando o marido para se afastar de mim.
Encosto no balcão da padaria para pedir o pão. Sou atendida pelo Dono da padaria, mas sua esposa o puxa e grita.
- Sai daqui sua puta! Está querendo roubar meu marido. Todos nós sabemos que você se vendeu ao Sr. Roberto por 10 notas. Ela diz.
- Como é?? A Sra é louca? É mentira desse velho nojento, desgraçado. Mas não se preocupe, não venho mais aqui. Eu grito, saio da loja cheia de ódio.
Retorno para casa enquanto ainda tenho uma e nos dias seguintes mal saio da cama.
Penso, penso e não sei como sair dessa situação.
- Ah! Ray porque fez isso? Falo em lágrimas olhando a sua foto na escrivaninha.
Só tem uma chance. Embora todo o meu ser grite para não fazer isso. Não sei como fugir.
Preciso pedir ajuda ao Sr. Ferrari.
Arrumo as minhas malas com roupas e calçados essenciais. Pego itens de higiene, travesseiro e cobertor. Um jogo de xícaras de café de porcelana que era da minha bisavó. E a minha caixa das lembranças.
Bom se o Sr. Ferrari não me ajudar vou ter que morar no carro e viver de esmola.
Essa ideia deixa-me desesperada.
Coloco tudo no carro e sigo para cidade do Sr. Ferrari. Pelo retrovisor vejo essa cidade de pessoas egoístas. Espero não retornar aqui nunca mais.
Sigo pela estrada o escritório do Sr. Ferrari ficava na capital a 100 km da minha casa. Eu ainda tinha o restante da herança dos meus pais, o que era suficiente para recomeçar. Mas minha conta estava bloqueada por conta da ação judicial. Olho para o painel do carro a gasolina era suficiente somente para chegar até lá.
Estaciono próximo à esquina, ao lado do escritório.
- Essa é a minha oportunidade. Falo com confiança enquanto arrumo o cabelo olhando no espelho retrovisor.
Ao chegar na recepção, antes de dizer qualquer coisa a secretária começa a falar:
- Bom dia! Sra. Rossi. O Sr. Ferrari estava-te esperando. Vou avisar que você chegou! Ela diz sorrindo gentilmente.
Faço cara de espanto, do que ela estava falando. Me esperando? Como ele sabia?
- Sr. Ferrari, a Sra. Rossi está aqui.Ela diz ao telefone.
Sim, Sr. Ela responde.
Ela me olha e diz
- Pode entrar. E com a mão aponta em direção da porta enorme.
Eu sigo em direção e antes de abrir. Paro por um instante.
O meu coração queria sair pela boca.
As minhas pernas amolecem, sinto como se fosse desmaiar.
Abro a porta e entro.
— Sr. Ferrari. Bom dia! Falo com a voz presa a garganta.
Ele estava de pé ao lado da mesa em frente ao espelho enquanto arrumava a gravata.
Ele vestia uma camisa branca que deixava o seu corpo perfeito evidente. E o seu perfume me hipnotizava.
- Diga Sra. Rossi. Estou com pressa tenho uma reunião. Ele diz sem nem olhar para mim.
- Bem Sr. Ferrari eu preciso da sua ajuda...
Ele dá uma gargalhada malvada me interrompendo e sua atitude me deixa brava e triste em simultâneo.
- Uma ajuda? Não era a Sra. quem saiu a xingar de nariz empinado? Pergunta com ironia.
Eu quería mesmo xingar, mas realmente precisava de ajuda.
- Será que o Sr. Não teria uma vaga na limpeza, cozinha, qualquer coisa. Na minha cidade não consigo nada. O Sr. sabe, cidade pequena é cheia de fofoca. E todos dizem que sou golpista por conta dos erros do meu esposo. Eu realmente não tenho mais para aonde ir. Digo em lágrimas, com o coração e orgulho ferido.
- Eu não preciso de nenhum funcionário novo. E só trabalho com pessoas de alta confiança.
Eu viro-me de cabeça baixa e vou andando em direção a porta.
- Espere. Não terminei de falar. Diz ele em tom autoritário.
Eu viro-me novamente, o olhando nos olhos.
- Podemos fazer um contrato, eu dou-te o que é básico para qualquer ser humano viver de forma digna, mais uma ajuda mensal em dinheiro. E após 25 anos o contrato se encerra e você receberá um prêmio pelo seu tempo de lealdade. E estará livre para ir e fazer o que desejar.
É isso, ou nada feito! Temos um acordo?
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Atualizado até capítulo 86
Comments
Claudia
25 anos!?!?!?!? genteeeeeee que absurdo!! nunca vi um contrato tão longo!?!?!? credo!!! rico bonito poderoso comprar uma mulher assim só pra ser submissa!?!?!? jesuiisssss....
2025-05-01
0
imaculada lima
está no português de Portugal?
2025-01-25
1
Luana Mddm
porra 25 anos
2024-12-10
0