Karol se despediu do chefe e do atendente que trabalhava no período da noite. Foi uma sorte ela ter encontrado aquele trabalho, assim ela poderia dar mais normalidade ao personagem que foi criado. Como estavam em um período de guerra, ninguém ligava para menores de idade órfãos e muito menos para algumas leis devido a mão de obra praticamente escassa. Mesmo que o conflito não tivesse chegado naquela região, não queria dizer que o local não estava sendo afetado.
Assim que olhou para o lado ela encontrou Seth de pé segurando uma única rosa vermelha:
-Bom trabalho. - Ele falou visivelmente constrangido por oferecer o presente.
Karol pegou a flor e o beijou no rosto:
-Obrigada. - Sorriu em seguida.
-Vamos para casa? - Seth ofereceu uma mão para ela segurar, o que foi aceito.
-Vamos, mas primeiro tenho que comprar algo para preparar o jantar e eu sei que deve estar faminto.
-Acho que poderíamos ir a um restaurante. Imagino que esteja cansada depois de um dia puxado.
-Essa é a minha rotina há algum tempo, então estou acostumada. Mas seria legal passarmos um tempo juntos assim.
-Eu quero ser um bom companheiro para você.
Aquela declaração surpreendeu Karol:
-Mas você sempre foi.
-Karol, você é a única pessoa no mundo que importa para mim e eu vou me esforçar para ser o melhor para você. - Seth confessou.
-Isso me surpreendeu, mas fico muito feliz em saber que esta se esforçando por mim, porque eu também vou me esforçar por você.
O casal trocou um rápido beijo e começou a caminhar até uma via mais agitada, onde Karol escolheu um restaurante com boa comida e preço razoável para que eles pudessem jantar. A intenção era que Seth se alimentasse bem, afinal ele era um soldado e para manter o corpo que tinha era normal que ele ingerisse bastante alimento.
Depois ela teria que pensar como manteria a casa já que ele ficaria alguns dias com ela e com certeza, aquele local se tornaria o lar dos dois. Só de pensar nessa possibilidade, um leve sorriso surgiu nos lábios dela:
-Gostaria de saber o que esta pensando. - Seth falou ao observá - la.
-Estava pensando em como organizar a nossa alimentação para os próximos dias, viver só de restaurante e cafés da manhã fora de casa não seria muito legal e chamaria atenção.
-Isso é verdade, mas eu não sei cozinhar nada que não seja do kit de sobrevivência do exército.
-Não se preocupe, eu tive tempo para aprender algumas coisas para não passar fome e até agora não morri por isso. - Karol brincou fazendo Seth rir.
-Estou surpreso com você. Ao chegar em seu apartamento vi que estava tudo arrumado e em seu devido lugar, não sabia que podia se virar sem os empregados. - Seth implicou e logo tomou um pouco do suco que fui entregue a ele mais cedo.
-Eu sempre observei o que as empregadas da casa faziam e também estava sendo treinada para me tornar uma esposa perfeita. Só não entendo até hoje porque meu pai insistir nos meus treinamentos.
-Também sempre achei estranho, mas foi bom, afinal nós nos conhecemos por causa disso. - Seth a olhou sério. -Karol, você nunca me falou o porque de fugir desse noivado. O fato do cara ser um assassino de mulheres não deveria ser problema para você, porque você tem treinamento militar.
-Aquele cara não quer apenas se casar comigo, ele quer me matar para se vingar do meu irmão. Ele tem muita inveja do Ritchie e sempre foi criado com a perspectiva de que ele pode fazer o que quiser que o mundo tem que aceitar. Ritchie temeu por mim, apesar de ter um bom treinamento que dá para eu me defender, nem sempre eu poderia estar alerta morando com um cara que poderia ser meu marido.
-Entendi. Mas é melhor assim, o Ritchie fez bem em te afastar daquele cara, nunca iria suportar a ideia de ver você se casando com outra pessoa que não fosse eu.
-Eu também não suportaria vê - lo com outra mulher. - Karol sorriu e acariciou a mão dele que estava sobre a mesa. - Mas mudando de assunto, eu quero te levar no lugar onde eu me divirto.
-Lugar onde me divirto? - Seth repetiu as palavras confuso.
-Um amigo do Max, o meu vizinho da frente. Me apresentou uma arena de lutas, onde dá pra tirar uma boa grana e dependendo, se for bom, dá até para ser patrocinado. Dá para encontrar alguns desafios interessantes, quer ir?
-Eu sabia que uma vida monótona não combinaria com você. - Seth sorriu. - Sim, podemos ir.
Após o jantar, Karol levou Seth até o subsolo de um grande prédio, onde tinha uma arena montada para as lutas. Mesmo com pouco tempo na cidade, ela ficou conhecida por vencer adversários poderosos, com isso sua fama estava começando a crescer. O local estava cheio e a gritaria era enorme. No meio da arena dois caras trocavam socos e chutes de forma agressiva. Ao perceber que se tratava de luta de rua, Seth a encarou surpreso:
-Só com as mãos? Nada de armas?
-Sim! E olha o meu ranking. - Karol apontou para um grande painel que ficava preso por uma estrutura no teto.
Seth observou e encontrou o nome falso de Karol em terceiro lugar:
-Achei que estaria em primeiro.
-Os primeiros colocados não quiseram me enfrentar porque sou mulher.
-Hum… quer que eu pegue o primeiro lugar para você?
-Acha que consegue em uma semana?
-Se quiser, hoje eu consigo isso. - Seth sorriu confiante.
-Então vamos falar com o responsável.
Karol segurou a mão de Seth e o encaminhou até uma mesa onde tinha algumas pessoas sentadas, claramente aquelas pessoas tinham bastante dinheiro e eram os patrocinadores daquele massacre:
-Olá Gio, vim trazer um novo desafiante para você.
-Olá Marin, espero que seu desafiante seja tão bom quanto você, mas antes de vocês dois irem para arena, preciso que ele suba ao menos dez rankings. - O homem de pele cor de caramelo que usava um chapéu falou enquanto tragava um charuto.
-Por mim sem problemas. Para eu enfrentar essa garotinha aqui eu tenho que me aquecer. - Seth falou.
-Então leve - o para o camarim e aguarde ser chamado. Esse rapaz parece forte, espero que não me decepcione.
Não demorou muito e logo Seth foi chamado para a arena. Os primeiros cinco adversários caíram na primeira ofensiva do combatente, o que já era de se esperar. Karol observava Seth da grade, ele estava tão lindo com os cabelos presos em um rabo de cavalo alto e sem camisa, com uma fina camada de suor que fazia a pele branca reluzir. Seu homem era lindo e ela tinha sorte por ele ter olhos apenas para ela.
Ela ouviu passos e logo seu amigo que tinha lhe apresentado aquele local se juntou a ela:
-Quem é esse? - O jovem de cabelos castanhos perguntou.
-Esse é o meu namorado, a qual lhe falei.
-Então vai lutar com ele?
-Devo me divertir um pouco. O que achou dele?
-Parece bom, mas não o suficiente para tirar o meu pódio. - O jovem sorriu.
-Eu só não tirei o seu pódio porque você e o Chang não aceitam lutar com mulheres.
-Temos o nosso próprio código de conduta e também a Lena não ficaria feliz em saber que a melhor amiga dela foi machucada pelo namorado. E eu não estou afim de ter dor de cabeça agora que estamos bem.
-Certo, eu te entendo, afinal ela não é um soldado como nós.
Nesse instante, o comentarista anunciou mais uma partida ganha por Seth, que logo procurou o rosto de Karol que acenou animada:
-Bem, chegou a minha vez. Só admire a paisagem. - Ela se despediu do amigo e subiu no ringue.
A plateia explodiu quando Karol subiu no ringue. Ela parecia uma superstar de tão ovacionada que estava sendo. Seth abaixou a cabeça e sorriu, ele estava orgulhoso por outras pessoas reconhecerem a capacidade dela, mas de qualquer forma ela não ganharia aquele duelo:
-Está pronto? - Karol observou o homem à sua frente.
-Para você, sempre. - Seth sorriu e ao som da voz do juiz ele avançou para cima de Karol.
Karol sabia todos os padrões de Seth, assim como ele também sabia os dela. Seth tentou desferir uma sequência de socos que foram desviados e ele foi surpreendido por um contragolpe. Se ela queria brilhar, ele a deixaria brilhar o quanto quisesse. Ele mudou o estilo de luta várias vezes para que Karol pudesse mostrar tudo o que sabia, o que deixava a plateia de queixo caído. Quando achou que era o suficiente, ele a pegou nos braços e a jogou na lona, ficando por cima e a imobilizando de forma que ela quase não conseguia respirar.
Aquela seria a deixa para ela se render e assim ela o fez, surpreendendo a plateia novamente. Rapidamente ele se ergueu e a pegou nos braços:
-Você esta bem? Eu posso ter exagerado um pouco. - Seth falou preocupado.
-Você já fez pior comigo. - Karol sorriu e aproveitando ela enlaçou o pescoço dele em um abraço, surpreendendo os presentes.
-Espere, o que esta acontecendo aqui? - O narrador perguntou curioso.
-Ela é minha mulher. - Seth respondeu.
-Wow, senhoras e senhores, temos um casal bem letal aqui!
-Então você veio terminar o que ela não poderia fazer? - A voz de um jovem oriental chamou a atenção do trio que estava no ringue.
-Acho que ficou claro o quanto ela é suficiente para acabar com você. - Seth alfinetou.
-Mulheres não são capazes de lutar.
-Acho que ela mostrou o contrário, mas se quer lutar com um homem, venha então.
Karol foi tirada dos braços dele e em seguida do ringue para ser atendida por Gio e sua equipe. Logo o jovem de traços orientais se aproximou com uma expressão de superioridade:
-Se perde tempo com uma mulher, com certeza vai perder para mim.
Ao terminar a frase, o recém chegado percebeu o impacto em seu estômago. Ele não sabia como o rapaz de cabelos brancos havia vencido o espaço que havia entre eles para atacá-lo:
-Eu não perco tempo com ela, ao contrário, eu ganho e muito. - Seth falou próximo do outro que deu dois passos para trás e se curvou de dor. - Eu não permito que ache menos dela só porque ela é mulher.
Em um movimento rápido Chang se abaixou e tentou dar uma rasteira em Seth, mas o mesmo percebeu e pulou para em seguida usar o joelho para acertar o rosto do oriental, que não estava entendendo como Seth poderia ter tanta velocidade, já que era muito alto:
-Como?...
-Sabia que a Marin e eu fomos treinados juntos? A surra que eu estou lhe dando, ela faria exatamente igual. - Seth partiu para cima do adversário e lhe deu uma cotovelada no rosto, sem dar chance do outro reagir.
O oriental caiu no chão ainda sem entender como aquele homem poderia ser tão rápido que ele não conseguia ver os movimentos dele. Mas ele não estava disposto a perder aquela partida, ele não era o segundo colocado apenas por enfrentar pessoas fracas. Com dificuldade se levantou e ficou visível a diferença de altura dele para o novato que estava o enfrentando. Ele até poderia ser mais baixo, mas tinha experiência de luta e confiava nisso. Quando se deu conta, seu adversário havia sumido do seu campo de visão. Chang apenas sentiu uma dor alucinante em sua nuca e o mundo escureceu na sua frente.
Seth viu Chang cair desacordado na sua frente. Apenas um lutador de rua não era páreo para um soldado de elite como ele, que diversas vezes teve que lutar pela própria vida nas frentes de batalha. Antes que ele pudesse se virar na direção onde Karol estava sendo cuidada, ele foi jogado para o outro lado da lona por um soco do atual campeão, que era o rapaz que estava ao lado de Karol mais cedo:
-Você pode ser rápido para o Chang mas para mim não. - O jovem de olhos azuis e cabelos castanhos falou ao observar Seth se levantar.
-Parabéns, não é qualquer um que consegue me dar um soco desses. - Seth analisou o maxilar. - Só que eu não tenho só velocidade.
Karol viu os olhos de Seth brilharem. Pelo jeito ele iria se divertir um pouco com seu adversário e poder vê - lo daquela maneira, podendo colocar em prática seus conhecimentos marciais sem ser avaliado ou repreendido. Ela até sentia falta da vida de luxo que levava antes, sentia falta do irmão e da sua amada babá, sentia falta das boas comidas e do cheiro da sua casa, da rotina despreocupada, mas ela agora estava livre, e poder seguir amando o homem que travava uma batalha feroz no ringue fazia valer a pena estar ali.
O som dos gritos da plateia preenchiam o lugar e só então ela voltou a si e pode ver que Seth havia jogado Hector pela terceira vez na lona. O soldado de elite já estava ficando irritado e agora estava muito mais violento e letal, sendo seguido pelo campeão atual. Hector passou a atacar Seth até deixá - lo sem espaço, aproveitando que o outro estava achando que estava com a vantagem, o soldado se agarrou as grades e em um belo movimento, ele pulou e bateu os calcanhares nas costas do adversário que bateu o rosto com força na grade, desmaiando instantaneamente.
O juiz declarou Seth o vencedor. Apressada, Karol entrou na arena e foi recebida com um caloroso abraço de Seth, em seguida o casal trocou um longo beijo. Aquela noite foi mais que perfeita para ela, as correntes do passado não importavam mais, agora seria apenas ela e Seth.
Após receberem várias felicitações e o prêmio da noite, voltaram para o apartamento de Karol. Seth se jogou no sofá junto com ela; o ambiente silencioso e a satisfação de ter ganho as lutas daquela noite a deixava tranquila. Seu olhar cruzou com o de Seth, que levou uma mão até a nuca dela, a puxando para um beijo.
Não foi preciso que eles trocassem qualquer palavra, aquele era o momento deles. O momento que eles tanto ansiavam em viver e que somente agora poderiam aproveitar. O beijo foi se tornando mais urgente e profundo, Karol se aproximou mais, sentindo o calor do corpo de Seth, tocando o corpo firme com músculos bem trabalhados sob a camisa cinza:
-Karol… - A voz de Seth soou profunda.
-Sim. - Karol encarou os belos olhos verdes carregados de luxúria.
-Eu quero você.
-Eu também o quero.
-Você esta pronta para isso?
-Eu sempre quis que fosse com você. Eu te amo.
-Eu também te amo. - Trocaram mais um beijo. - Quer tomar um banho primeiro?
Só então Karol se deu conta que havia passado o dia todo na rua e que estava suada devido a luta de mais cedo, a fazendo se afastar rapidamente:
-Acho que precisamos. - Ela encarou Seth e desceu o olhar, apreciando o quanto ele estava atrativo com o jeans apertado e a camisa que delineava os músculos do peitoral. - Vamos juntos?
-Tem certeza?
-Aquela banheira não esta ali a toa. - Karol indicou o banheiro com um aceno de cabeça.
-Não quero acreditar que a minha mulher é uma pervertida. - Seth fingiu estar decepcionado.
-Quando você começa a lidar com pessoas de verdade, sem a etiqueta da elite, você começa a aprender algumas coisas.
-É mesmo? Que tipo de coisas?
-O tipo que eu aprendi para usar com você e somente com você. - Ela o empurrou de leve para se afastar dela. - Se é somente para você eu não preciso ter vergonha, certo?
-Se é apenas para mim, não há problema.
-Só que tem uma coisa. - Ela fechou o semblante. - O senhor tirou a camisa e lutou sem ela, não gostei disso.
-Esta com ciúmes?
-Preciso ter?
-Não precisa, até porque passo mais tempo lutando do que andando à toa e me mostrando para outras garotas.
-Assim espero.
Karol se levantou e tirou a blusa preta com a estampa de uma banda que usava, revelando um sutiã rosa claro com detalhes em renda. Com destreza, ela se livrou da calça jeans, deixando a mostra a calcinha da mesma cor do sutiã. O olhar de Seth sobre ela a deixou satisfeita:
-Não vai dizer nada? - Perguntou com um leve divertimento.
Seth mexeu a boca algumas vezes tentando falar algo, mas estava surpreso demais para raciocinar. Por fim ele decidiu agir tirando a camisa e abrindo a calça preta que usava, fazendo a mulher a sua frente rir:
-Só um instante. - Ela saiu caminhando na direção do banheiro e voltou em alguns segundos. - A banheira demora um pouco para encher, então… se não se importar… - Ela mostrou o preservativo que havia pego no armário do banheiro.
-Que o seu pai e o seu irmão nunca imaginem o que vou fazer com você agora ou serei morto. - Ele sorriu sedutor e a puxou para seu colo.
-Eles não precisam saber.
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Atualizado até capítulo 80
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