Capítulo 4: Primeira missão

Narrado por Alexander Pierce

— Aquele médico safado, acha que agora que o Hans não está aqui, terá uma chance de ficar com você! — A senhora Maria diz furiosa e pede: — Não vá, Leticia...

— Eu vou lá, Maria... Afinal, ainda sou empregada aqui. Daqui a pouco eu volto para terminarmos os vestuários. — Leticia diz e segue para a porta.

— E o nosso plano? — A senhora Maria questiona chateada.

— Que plano? — A velha antipática indaga curiosa.

— Nada que lhe interesse! — A senhora Maria responde indiferente.

Vejo Leticia abraçar carinhosamente a senhora Maria e depositar um beijo na bochecha dela, logo em seguida sai da sala. Fico ansioso para que essas duas logo saiam para eu poder alcançar a minha linda, mas elas estão parecendo dois cachorros demarcando o território. A senhora Maria olha com desdém para a outra e sai da sala. Assim que ela se afasta a senhora antipática murmura:

— Agora não tem mais ninguém para te proteger, garota insuportável! Demorou para tirar seu namorado daqui, mas valeu a pena!

— Do que essa velha está falando? O que esses dois estão aprontando? — Me pergunto em pensamentos.

A velha enfim, dá as costas e sai da sala. Então saio apressado de onde estou e corro para saber onde é a sala do médico careca. Minha primeira missão é retirar esses dois daqui, nem que seja eliminando-os.

Pergunto a um senhor onde é a sala do médico e ele fica me enrolando, deixo ele lá e sigo até que encontro um outro e este, enfim, me conta onde é a sala o médico. De repente vejo Hunter e este quase me chama, faço sinal de silêncio e ele recua. Nos aproximamos e ele me pergunta:

— Por que está vestido assim?

— Estou em uma missão agora. Eu encontrei algo precioso e não vou abandoná-lo! — Respondo já me afastando dele e ele me indaga:

— Onde está? Quer ajuda?

— Sim. A propósito, não nos conhecemos! Você fará um discurso por mim e dirá que viajei apressado para um país bem longe a negócios. A China! Isso! Diga que viajei para a China e não tive como comparecer aqui... — Explico, mas Hunter contesta:

— Eu não vou lá naquele palanque para discursar, não! Vou chamar o Chad para fazer isso. Você não me parece bem. Como foi ontem?

Hunter além de recusar me ajudar ainda me sugere que o meu primo venha até aqui. Isso é o cúmulo!

— Não quero o Chad aqui! Ele só irá atrapalhar os meus planos. Não precisa discursar, apenas informar que eu vou patrocinar esse lugar... Eu preciso ir agora! — Digo e caminho na direção da sala.

Chad é meu primo, mas a irmã dele, Lana, é uma das mulheres que sentem um amor platônico por mim, e eu jamais vou corresponder. Se ele souber da Leticia, tanto Lana, como a mãe deles Ashley virão para me azucrinar aqui. Não posso deixar que isso aconteça. Hunter me segue calado. Abro a porta da sala do médico de supetão e vejo ele muito próximo de Leticia. Quando entro na sala, ele se assusta e pergunta:

— O que houve?

Analiso a situação meticulosamente. Vejo o terror nos olhos de Leticia e o velho careca parecia estar pronto para beijá-la, ou será que ele já tinha feito isso? Não me contenho e parto para cima do infeliz.

— O que pensa que está fazendo? — Interrogo-o puxando pelo colarinho da camisa dele, arrastando-o para longe de Leticia e apertando ele contra a parede.

— Quem é você para entrar assim em minha sala? — O médico ousa me desafiar.

Hunter e um outro homem chegam na sala e este pergunta:

— Doutor Smith, está tudo bem?

— Sim... — o médico responde disfarçando.

Olho para Leticia que parece nervosa, mesmo com uma vontade enorme de matar o desgraçado aqui e agora, solto ele, pois não posso colocar minha missão a perder. Então me aproximo de Leticia e seguro em sua mão esquerda. Sua mão está gelada.

Leticia aperta a minha mão com força e abaixa a sua cabeça. Puxo ela para um abraço e ela não resiste. A abraço e ela me aperta bastante. Olho para o médico e depois para Hunter e Hunter entende o que eu quero que ele faça. Pego Leticia em meus braços e saio da sala do médico. Na saída encontro com Maria e ela me pergunta aflita:

— O que aconteceu com ela?

— Ela passou mal. Acredito que ela precise de um descanso. — Respondo contendo minha fúria.

— Com certeza, meu jovem rapaz! Venha comigo! — A senhora concorda, me chama para acompanhá-la e assim eu faço.

Passamos pelo jardim e chegamos a uma ala de quartos. A senhora abre uma porta e diz:

— Esse é o quarto dela. Entre, por favor.

— Obrigado. — Agradeço e entro no quarto. Coloco Leticia na cama e esta agradece:

— Obrigada por ter chegado a tempo...

Vejo lágrimas escorrerem pelos olhos dela e sinto o meu coração apertar. Respiro profundamente. Já é a segunda vez nessa manhã que ela chora por esses infelizes.

— O que aquele médico queria? Por acaso ele tentou algo? — Pergunto receoso, mas Leticia não me responde.

Leticia abaixa a cabeça e isso me revela que aquele infeliz fez algo contra a vontade dela. Mas o quê? Fico louco para saber, mas ela não abre a boca para me relatar. Então me sento ao lado dela, olho nos olhinhos e enxugo as lágrimas que rolam pelo seu rosto angelical.

— Ele não te fará mais nenhum dano. Eu vou lá resolver isso. Daqui a pouco eu retorno e conversamos. — Asseguro e ela assente com a cabeça.

Me aproximo mais do rostinho dela na intenção de beijar a testa em sinal de proteção e carinho e recebo um beijo surpresa de agradecimento na minha bochecha. Ela fica corada e se deita virando as costas para mim. Sorrio satisfeito, apesar de desejar ter recebido um beijo na boca, mas vamos com calma. A senhora Maria sinaliza um sinal positivo com as suas duas mãos para mim e sorri feliz.

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