Quinto

A noite no palácio do Lorde Dominic havia sido bem aproveitada por todos, ainda mais pelos das raças rejeitadas, pois ali havia muito do que comer e se deleitar. Pouco antes do amanhecer Kiara retornou para o castelo da Imperatriz solitária, Vlad a acompanhou como um verdadeiro cavalheiro.

Kiara

Vlad Londor

— Fazia muito tempo que eu não caminhava assim, sentindo a doce brisa do amanhecer. — afirmou Kiara enquanto observava o céu clarear com belos tons alaranjados, um sorriso gentil em seu rosto.

— É a primeira vez que me dou conta, sabe... de tudo isso. — Vlad olhou na mesma direção que Kiara e então tornou a olhar o rosto da jovem e bela demônio.

— Eu gosto de apreciar esses momentos, por mais simples e comuns que possam ser, há uma beleza escondida em cada detalhe. — Kiara parecia perdida em suas lembranças, quando um sorriso um tanto sombrio se fez em seu rosto, algo que Vlad percebeu.

— Doce Kiara... se essa pergunta lhe incomodar, por favor, não responda. — ele a olhou mas ela continuava a olhar o céu. — Porque você não tem chifres, assim como a imperatriz?

Kiara parou o passo por um instante, olhou nos olhos de Vlad e respondeu sinceramente.

— Eles foram cortados, quando fui escrava do falecido imperador — ela respondeu secamente, havia um misto de dor e ódio em cada palavra.

Mas como se a leve brisa que passava naquele momento, levasse tudo aquilo que ela sentia embora, ela voltou a sorrir.

— Me desculpe... eu não quis... — Vlad abaixou a cabeça e ela a levantou pelo queixo.

— Em outro momento eu posso lhe contar melhor, sobre tudo isso. Eu ainda não estou pronta. — ela sorriu gentilmente e logo pegou nas mãos dele. — Bem, chegamos.

— Sim... essa noite foi mesmo incrível, espero que possamos repetir — Vlad disse animado, um sorriso bobo se fazendo em seus lábios.

— Se a minha senhora não nos jogar no purgatório antes! — Kiara riu abertamente e Vlad beijou as costas de suas mãos, uma após a outra, um verdadeiro gentleman.

— Até a próxima, doce Kiara — ela soltou as mãos dele e caminhou até a parte interna do portão de entrada para o castelo da Imperatriz solitária, onde acenou para Vlad que sorriu e se foi, desaparecendo do alcance dos olhos da doce demônio.

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Amanhece no castelo da Imperatriz solitária

A imperatriz Salya estava sentada na varanda superior de seu castelo, tomando seu café da manhã, se alimentando das almas dos seus prisioneiros quando Kiara apareceu na porta da varanda.

— Acredito que a noite tenha sido divertida... — disparou Salya, deixando escapar um pouco do ciúme que ela tentava esconder naquele tom provocativo. — Afinal, chegou ao amanhecer.

— Agradeço a preocupação Milady, o senhor Londor me acompanhou até o meu lar. — Kiara respondeu graciosamente a provocação de Salya.

— Sente-se aqui, venha comer comigo — Salya resmungou e Kiara atendeu o pedido da imperatriz e sentou à mesa.

— Milady, quais são os seus verdadeiros planos para com o lorde vampiro? — perguntou Kiara enquanto tirava da pequena jaula uma alma para se alimentar.

— Minha querida, os melhores, você sabe. — respondeu Salya, maliciosamente, como sempre. Mas aquele sorriso não era apenas sarcástico, havia um tanto de preocupação e um motivo importante por trás de exigir a ajuda do vampiro.

— Seja sincera, Milady — Kiara olhou no fundo dos olhos de Salya —, sabe que pode confiar em mim.

— Ele tem algo que preciso, essa noite irei negociar com ele — Salya deu um sorriso gentil para Kiara, tentando lhe passar tranquilidade.

— Estou ao seu lado, Salya. Faça o que for necessário e se puder... — Kiara sorriu divertida — não ultrapasse os limites da coexistência!

E ambas gargalharam bastante.

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Aqua Locus

O lar de Cateline conhecido pelos outros seres como reino submerso, era um dos lugares mais pacíficos e belos de Zerkir. Era próspero e abundante em todo tipo de matéria prima que o clã das sereias precisavam, e o que ali faltava, algo que era realmente raro, Cateline buscava na floresta da escuridão.

A líder do clã estava a treinar quando duas sereias entraram desesperadas na sala de treinamento. Estavam ofegantes e em suas faces a mais clara preocupação.

— Cate! Você precisa vir até a tenda da curandeira Liana. — uma delas – Cerin – falou tão rápido que sua língua parecia embolar.

— Cerin? Luna? — Cateline perguntou preocupada quando as viu — O que está havendo? — perguntou mais uma vez, agora cancelando a magia que estava treinando, uma esfera de ar que repelia qualquer um com a vontade de fazer mal ao usuário desta magia.

— Você precisa ver com os seus próprios olhos, é como se ela tivesse sido envenenada! — exclamou Luna, e logo Cateline tomou a frente do caminho, sendo ela a sereia mais rápida de toda Aqua Locus.

Mas ao chegar a tenda de Liana, a curandeira mais velha e experiente do reino submerso, Cateline teve a certeza.

— Isso é um mau presságio... — Cateline afirmou após ver o estado das mãos da curandeira, estavam negras e sem vida. Incapazes de conjurar qualquer magia. — Que diabos está acontecendo em Zerkir?!

— Querida Cate, isso é bom, pois é um sinal. — a curandeira disse calmamente.

— Como pode achar que isso é algo bom? — perguntou Cateline, inconformada com a quietude de Liana.

— Você prefere ser pega de surpresa? — Luana indagou Cateline, a olhando no profundo de seus olhos — Com os sinais podemos investigar o que está por vir e nos preparar para contra atacar, para remediar!

— Liana... eu... — Cateline abaixou a cabeça, envergonhada por não perceber algo tão simples e se deixar levar por suas emoções.

— O nosso povo te escolheu, pois você foi àquela que teve a coragem necessária, a inteligência e a sagacidade que precisávamos — Liana respirou profundamente como se aliviasse a pressão de seu peito —, mas ainda precisamos, precisamos que mantenha a cabeça fria.

— Tem toda razão, não posso me esquecer de quem sou, devo proteger a minha família — com confiança, Cateline falou. — Cuidem dela, dêem a ela todo o suporte que ela precisar, eu vou descobrir o que está acontecendo.

Cerin e Luna acataram o pedido de Cateline, que saiu rapidamente para encontrar Gildor e contar tudo que estava acontecendo.

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