Tentei ao máximo esconder meu medo, provavelmente algo havia dado errado, e essa era a minha maior preocupação.
— Sente— se, Karin! — A expressão de Galleu era indecifrável.
Eu fiz o que ele me pediu, mas não me atrevi a olhar seus olhos.
— O que você fez ontem?
— E-Eu…
— DIGA DE UMA VEZ! — Ele bateu na mesa e gritou.
Eu me escolhi, esse comportamento agressivo dele sempre me dava calafrios.
— Apenas fiz o que me foi ordenado!
— Então me diga, por que razão nosso cliente insiste em encontrar você?
(Ele quer me ver?)
— Quem é o cliente?
— Isso é o de menos! Quero saber o que você fez!
— Eu já disse que eu…
— Karin, o que foi ensinado a você desde pequena?
— A não mentir e nunca desobedecer às ordens do meu superior…
— E quais são as consequências?
— U-Uma surra…
(Isso quando é das mais leves…)
— Nosso cliente provavelmente vai querer matar você por causa da sua incompetência, por isso eu vou punir você para que ele saiba que já foi disciplinada!
É assim que funcionam as coisas por aqui, ele me puniria de qualquer forma, mas vai ser ainda pior por causa do pedido para me encontrar.
(Ele vai deixar as marcas visíveis em mim…)
Galleu caminhou até o armário e abriu, tirando um chicote e um cinto.
— Se você não fosse a única garota restante aqui, eu já teria te punido de chicote a bastante tempo, mas seu corpo é precioso para o trabalho, então vamos pegar mais leve igual sempre!
(Leve?)
Galleu amarrou minhas mãos e pés, e me bateu muito, também recebi murros pelo corpo.
Foi torturante, e eu não recebi tratamento, ao invés disso, fui jogada no salão do arrependimento, ainda vendada.
(Quantos dias eu vou ficar dessa vez?)
Já parei aqui muitas vezes, dependendo da vontade de Galleu, posso acabar ficando uma semana aqui sem comer nada, pelo menos água ele ainda fornece…
(Porque ele não quer que eu morra…)
Isso somente me fez refletir novamente, eu vou viver essa vida horrível para sempre? Às vezes eu quero apenas morrer, mas eu somente estaria cedendo a eles.
Já houve outra garota aqui, Juliana, ela me ajudava bastante quando eu era criança, mas ela acabou morrendo exatamente nesse lugar que estou, por isso as punições ficaram um pouco mais leves.
Não me esqueço do que eu presenciei uma vez, mesmo depois de morta, Juliana não teve paz.
Galleu ao invés de dar um enterro digno para ela, jogou seu corpo para aqueles brutamontes, e eles…
Abusaram do corpo morto dela… Fiquei enojada, naquela época eu não sabia que Galleu era tão ruim assim, depois da morte de Juliana, eles precisavam de outra mulher para substituí-la, e eu acabei descobrindo da pior forma possível a razão de Galleu ter me acolhido.
No começo eu chorei muito, não queria ceder aquelas coisas, mas que escolha eu tinha? Me tornei uma mulher imoral aos olhos de todos daqui, e ainda sim muitos queriam me tocar, mas minha sorte era que Galleu não deixava isso acontecer, apenas se eu morresse.
(Eu não seria livre desse lugar mesmo depois de morta…)
Depois de alguns dias trancada naquele lugar, eu estava completamente suja e faminta, meu corpo estava doendo muito, e eu nem aguentei levantar o braço.
— Peguem ela! — Ouvi a voz de Marcos, e alguém me pegou no colo.
Apesar de não estar bem, se eu pudesse, teria impedido que essas pessoas ao menos encostassem em mim.
Eu recebi água e metade de um pão velho, foi Kauan que trouxe para mim, já que Galleu ainda não me permitia comer nada.
— Karin, seja rápido, em cinco minutos eles virão te buscar!
Eu bebi a água, e tentei comer rápido.
Kauan saiu e eu fiquei de olhos fechados, com muita dor.
— Ei, faça ela acordar! Galleu disse que ela tem que estar de pé para conversar com o cliente!
— Você acha que ela vai voltar viva?
— Sinceramente falando, acho que não! Nem sabemos quem é o cliente, eles sempre usam identidades falsas ou codinomes.
Me sacudiram, e então eu tive que me levantar. Eu estava fraca ao ponto de ter que andar escorada nas paredes, pois nenhum deles me ajudou.
Enquanto eu estava andando, acabei vendo a pessoa com quem eu tinha discutido antes, ele sorriu debochando de mim.
(Eu realmente quero matar esse cara agora…)
Mas eu não tinha tempo para pensar nisso, afinal ainda precisava me encontrar com o cliente.
Eu não estava com medo dele, afinal, a pessoa que mais me assusta é Galleu. Apenas tinha a preocupação das consequências depois que eu voltasse dessa reunião.
— Entra logo! — Fui empurrada brutalmente para dentro do carro.
Acabei dormindo no caminho, minha cabeça estava doendo muito, além do meu corpo.
— Quem disse que você podia dormir, Karin? — Me puxaram pelo cabelo dessa vez.
Assim que saí do carro, percebi que estávamos em frente a uma enorme mansão.
(Que merda, se esse cara quiser me matar e pagar uma boa quantidade, Galleu deixaria meu pescoço ser arrancado no mesmo momento!)
Eu fui empurrada até a frente, mas estava sem forças para andar. Olhei para as janelas, e em uma delas percebi um vulto, parecia ter um homem me observando, mas saiu assim que olhei.
(Será que era ele?)
Um homem me ajudou a andar, afinal eu estava prestes a cair. O motorista que me trouxe disse a ele que não precisava né tratar com delicadeza, mas o homem ignorou as palavras dele.
(Ainda bem…)
Assim que passei pela porta, vi um senhor de idade me esperando.
(Talvez… Ele seja o cliente?)
— E-Eu…
— Senhorita, por favor, me acompanhe! — A forma que ele agiu me fez perceber que era um mordomo.
Eu o segui, ainda com a ajuda do homem.
Chegamos a um grande salão de jantar, era nem maior que o refeitório da gangue, e muito mais arrumado e chique.
(Quantos metros tem essa mesa?)
Tudo era muito extravagante, e me fez duvidar das intenções do "cliente".
— Sente-se, iremos servir o café em dois minutos! — Ele sorriu para mim.
— E-Espere, por que eu tenho que…
— O mestre ordenou, e as ordens dele são absolutas!
— Entendo…
Logo, chegaram uma variedade de pratos, e eu fiquei realmente preocupada. Mesmo depois de ser servida, esperei até que o dono chegasse, por mais faminta que eu estivesse.
— Senhorita, o mestre deseja que você coma tudo! Ele não virá a acompanhar.
— Ah, tudo bem…
(Mas é certo fazer isso? Será que tem veneno?)
Eu estava hesitante, mas acabei comendo. Minha fome estava tão grande que quase deixei meus modos de lado. Fui ensinada a me portar nem a mesa, tudo isso para me adaptar a qualquer ambiente que eu seja designada.
(Um objeto bem preparado, é isso que eu sou…)
Eu comi mais do que deveria, e fiquei envergonhada por isso, afinal estou com fome há dias…
Logo depois, eu fui levada até um quarto para ser tratada, eu realmente não estava entendendo nada do que estava acontecendo, mas não relutei.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Catia Simone
esperando ansiosa o próximo capítulo
2023-04-25
3
Noemia Santos
já tô amando a história 🥰🥰😍😍😍
2023-03-01
1