Capítulo 5

...Kevin:...

Passei a noite pensando no que tinha acontecido e porque o meu companheiro tinha ido embora, mil perguntas me vieram à mente, e se ele não acha que sou bom o suficiente para ele por ser um ômega? Ou será que ele já tem outra pessoa? Não sei, mas tenho que descobrir e acho que devo pedir ao meu pai para me ensinar a esconder o meu lobo e o meu cheiro para que não haja problemas.

Tomo um banho e já estou pronto para ir para a universidade, desço e os meus pais estão a tomar o pequeno-almoço.

Kevin: Bom dia, família, como passaram a noite?

Estevão: Bem, filho, mas hoje não te posso levar à universidade porque o médico da alcateia vem ver o teu pai, ele não tem passado bem ultimamente.

Diz o meu pai com um sorriso malicioso e acho que já sei o que se está a passar.

Kevin: Não há problema, pai, vou pedir ao Fred para me levar.

William: Ele saiu com o teu irmão muito cedo, por isso não te pode levar.

Ele faz uma pausa para beber o seu café e continua.

William: O Mateo, o delta do teu irmão, vai levar-te à escola, ele está lá fora à tua espera.

Nesse momento, sinto o seu cheiro, aquele cheiro a pinho e maçã com canela, tão bom.

Não quis dizer nada aos meus pais, só para não se alarmarem, por isso me apressei a sair e que surpresa a que me esperava.

Ali mesmo à minha frente estava o Mateo, o delta do meu irmão, ele ficou a olhar para mim com a sua expressão impassível de sempre e simplesmente abriu-me a porta do carro, eu entrei e ele ligou o veículo e iniciou a viagem.

O silêncio tornou-se constrangedor dentro do carro, ele não me disse nada e eu estava cada vez mais assustado, será que ele não sente o meu cheiro? Ou será que não gosta de nós?

Ligação

Íker: É o nosso companheiro. Mas ele parece não nos querer.

Kevin: Estás a tentar falar com o lobo dele?

Íker: Sim, ele também parece desligado, embora seja estranho, pois sinto-o, não sei o que se está a passar.

A minha conversa com o Íker foi interrompida quando sentimos que o meu companheiro tinha estacionado o veículo.

Ele saiu do carro e afastou-se uns 20 metros, depois pareceu ter pensado em algo e voltou, abriu a porta onde eu estava sentado e aproximou o nariz do meu pescoço, inalando o meu cheiro e num sussurro disse o que eu tanto desejava.

Mateo: Meu.

Eu sorri feliz, finalmente ele tinha-me reconhecido.

Kevin: Pensei que não nos querias ou que não sentias a nossa ligação.

Mateo: Claro que sim, meu pequeno, e o que eu mais queria era que soubesses, só que ainda não queremos dizê-lo aos outros.

O meu sorriso desapareceu assim que ele disse isso, não se supõe que, uma vez encontrada a nossa alma gémea, ele me reclamasse à minha família? Assim evita-se que alguém o faça.

Ele viu a minha confusão e continuou.

Mateo: Quero fazer as coisas bem, conhecermo-nos primeiro, depois dizemos à tua família, tens de perceber que eu tenho 30 anos e tu só 17, o teu pai matava-me e o Leonardo nem se fala.

Ele dá um pequeno sorriso e aproxima-se, deixando-me um beijo no pescoço.

Mateo: Tu encantas-me mesmo.

Diz ele enquanto se afasta, mas ao fazê-lo, sinto um cheiro diferente nele e estranho que não lhe pertence, tangerinas, sinto algo familiar, mas não sei de quem é.

Não digo nada, talvez não seja nada, não quero parecer chateado.

Kevin: Ok, não direi nada.

Mateo: Ok, vamos, levo-te à escola.

Ele sorri-me e depois volta a fechar a porta e volta a sentar-se no lugar do condutor, e nós retomamos a viagem.

Ao chegar à universidade, pensei que ele sairia para me abrir a porta, como faz outras vezes, mas desta vez não, ele olha para mim pelo espelho retrovisor e tem a mesma cara séria de há pouco, por isso eu saio sozinho e entro na escola. Aceno-lhe adeus com a mão, mas ele simplesmente arranca o carro e vai-se embora.

Senti-me magoado porque, de certa forma, sinto-me rejeitado.

Ligação

Íker: E agora o que fazemos?

Kevin: Não lhe digas que gostamos dele, mas ele age como se não nos quisesse.

Íker: Tenta falar com o lobo dele, mas sinto como se ele estivesse num conflito interno, achas que ele gosta de outra pessoa?

Kevin: Não acredito, ele é o nosso companheiro, ele ama-nos, já vamos para a aula, temos de deixar de pensar nisso.

Fim da ligação

Depois disso entrei na minha sala de aula e passei o dia todo a tentar concentrar-me nas aulas, mas não consegui, fiquei distraído o tempo todo, o professor ralhou connosco algumas vezes, mas ele sabe que sou um dos melhores, por isso não houve grande problema.

Até o meu amigo Edgar reparou que eu estava distraído, ele é um humano, mas damos-nos bem.

Edgar: Irmão, o que é que se passa contigo hoje?

Kevin: Não sei, estou um pouco distraído, sabes que a minha transformação se adiantou e isso deixou-me um pouco tonto.

Edgar: Mas não era suposto ser aos 18?

Kevin: Era o que pensávamos.

Se calhar reparaste, ele sabe o que somos, pois ele é o companheiro destinado da Sabrina, a filha mais nova do meu tio Jimmy e da minha tia Meli. Sim, como ouviste, os meus tios têm 3 filhos, o Frederick, o beta do meu irmão, a Estefânia, que vem a seguir a ele, e a Sabrina, a mais nova, ela tem 22 anos, ela confessou-lhe o que éramos há um ano e ele começou um treino básico, depois disso adoram-se e ele está feliz, está a estudar porque, segundo ele, não quer depender dos sogros, quer dar uma vida digna à minha prima e parece-me bem, ele já está marcado, pois a minha prima é um pouco ciumenta e possessiva demais, por isso já o tem na linha.

Conto-lhe o que se está a passar com o meu companheiro.

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