...Volume 01...
O mais estranho era o fato de não haver outro sinal de vida a não ser a deles por ali, e isso não era normal. Costumavam sempre está atentos aos perigosos animais que por ali residiam. E o simples fato de não estarem vendo nada, nem mesmo um alerta de perigo era preocupante. Mas isso não deveria ser bom? De fato sim! Mas uma vez que estavam acostumados a lidar com aquele tipo de situação, ver que agora estavam caminhando tranquilamente era preocupante. O que poderia ter acontecido? Será que foram os outros exploradores?
Não era como se eles pudessem dar conta de todos os animais residentes daquela camada, no mínimo, precisariam de uns quatro anos para fazer isso e só estavam ali há apenas um. Era muito confuso, então para não ficarem mais tempo pensando nisso apenas seguiram viagem. Chegando perto do grande portal, finalmente se deram conta do que estava havendo. Havia um predador maior entre todos os outros.
Uma vez lá dentro, puderam ver restos de animais e muito sangue. Não tinham só resto de carne, tinham ossos, tripas, animais mutilados e outros completamente desmembrados.
Era uma cena horrível, eles tiveram que rodear as duas crianças para impedir que elas chegassem a ver aquele horror. Isso poderia até mesmo explicar o motivo pelo qual os exploradores passados estavam com pressa de ir embora. Eles estavam nervosos a respeito daquela situação, mas souberam disfarçar muito bem. Nem mesmo fizeram questão de alertar os que agora estão no portal a respeito da situação, e lógico que isso os deixou perplexos, assustados, com raiva e até mesmo frustrados. Mas, não podiam voltar atrás.
Eles precisavam continuar, tinham que continuar. Uma vez que não poderiam simplesmente voltar para casa, já que o barco fora levado de volta para as docas que ficavam próximas do buraco de minhoca. Impedir as crianças de verem aquela cena era somente uma forma de preservar sua sanidade mental, aquilo era de longe a coisa mais perturbadora que tinha pelas masmorras. Vê animais mortos pelo caminho ainda era uma situação muito leve, se comparado a todo resto.
Os meninos não entenderam muito bem o que estava havendo no começo porém seguiram em frente junto com eles, não tinham muito a perder, afinal era apenas uma passagem. Só tinha uma parede amarelada e chão e teto com vinhas, nada mais. Não era tão atrativo no fim das contas. Então não tinham nada a perder mas também não tinham nada a ganhar. Estavam curiosos para ver o que todos estavam vendo mas era impossível. Infelizmente ou talvez felizmente, Emily e Otto iriam ter que afugentar sua curiosidade, deixando-a para trás como todo resto preferiu depois de ver aquilo. O pior de tudo era que eles não sabiam o que foi, então também não sabiam se “aquilo” estava entre a camada zero ou logo próximo da entrada para o primeiro andar. Essa dúvida os fez seguir a sorte e torcer para que nada de ruim viesse a acontecer.
Entretanto, o cheiro se proliferava pelo ambiente, propagando toda zona estreita e amarelada. Tinham corpos também, haviam tripas soltas de seus estômagos, outros só tinham a parte superior meio intacta, mas o sangue entre os corpos eram os mais marcantes. A textura das paredes se misturavam ao vermelho carmesim, dando ao ambiente todo aspecto sombrio que só ficava pior a cada minuto que passava.
Chegou o momento em que tudo escureceu e bem no fundo do portal havia uma grande luz branca e reluzente. Finalmente eles estavam chegando no seu primeiro objetivo, a frente tinha uma grande estrada feita entre a montanha. Deveriam andar por ela e descer até finalmente pisar em solo firme e seguro. O vento era bastante forte, mas lá estava ele, lá estava, o sol das masmorras.
Os meninos tiveram o prazer de olhar aquela enorme estrela reluzente. Era tão aconchegante, finalmente estavam vendo o que tanto ansiavam ver. Era tão emocionante, ver a luz do sol foi motivo de sobra para Emily se emocionar de tanta alegria. Ela não conseguia acreditar, parecia tão perto, e ao mesmo tempo, fora de alcance. Otto também ficou completamente emocionado mas não ao ponto de chorar, ele abraçava Emily feliz por ela. Ele ansiava por aquilo mas ansiava ainda mais ver a menina feliz.
Podiam ficar ali por horas sem se mover mas ainda precisavam seguir em frente. Nicolau lhes afirmou que eles ainda veriam aquele sol muito mais vezes do que imaginavam. Seguindo aquela estrada, lá de cima eles podiam ver árvores gigantes e pássaros ainda maiores voando. Eram presas fácies ali, como não tinha nada para entrar muitos menos uma estrutura para se segurar, qualquer predador aéreo poderia simplesmente atacá-los. Ou se uma avalanche ocorresse talvez seria tarde demais para eles correrem de volta para o portal. Tinha muitos pontos negativos, até mesmo mais do que positivos. Mas sua ida até o chão foi 100% segura, uma caminhada altamente magnífica.
Mais uma vez lá em baixo, eles puderem perceber novamente uma certa mudança que não era normal. Sua travessia os conduziria para dentro de uma floresta onde por lá teriam que passar por um pântano para só aí, ir para próximo do primeiro andar. Dentro da floresta, eles perceberam o vasto silêncio que se alastrava por todos os cantos, não no sentido de som vocal, os pássaros estavam cantando. Mas no sentido de movimento, não podiam ouvir nenhum movimento. A floresta parecia estranhamente vazia, mas nem sempre foi assim. Então tornaram a se encher de dúvidas, o que raios estava havendo com as masmorras? Onde estavam os animais? Nada daquilo era normal, ou alguma coisa os espantou, ou alguma coisa, fez alguma coisa com os animais.
A floresta era como uma mata fechada: era bem estreita e difícil de andar. Tinham que usar facões para abrir caminho. Algumas raízes eram tão grossas que precisavam de seis homens para cortá-las, além dos troncos das árvores serem exageradamente grossas e firmes e suas folhas estranhamente em formato pontiagudo. Eram árvores não frutíferas, pareciam carvalho mas eram estranhas e amedrontadoras. Suas folhas estranhas cobriam o sol, permitindo que somente feixes de luz passagem por leves espaçamentos feitos por elas, o chão era meio lamacento e difícil de andar. Tal hora pisavam em chão firme, tal hora em chão lamacento. E mais uma vez, aquilo não era nem um pouco normal.
Era uma anomalia complexa demais, a camada centro 0 como era chamada não costumava ser assim. O mais estranho veio depois, ainda caminhando por lá puderam ver o que seriam árvores derrubadas, mas isso era impossível, nem mesmo os enormes animais que uma vez viviam ali conseguiriam derrubá-las, já que suas raízes como dito anteriormente eram exageradamente grossas e firmes. O que indicava que seja lá quem fosse, não era somente grande o suficiente para fazer aquele estrago mais também forte.
Outra vez, ignoraram aquele aviso indireto de perigo e seguiram em frente na direção do pântano. Estava bem próximo então bastava apenas seguirem em frente. Uma vez lá, avistaram uma pequena canoa encalhada e solitária. infelizmente ela só cabia entre cinco a quatro pessoas, então resolveram por às crianças lá dentro para que atravessassem em segurança. Pois ali era o lar de crocodilos e cobras aquáticas. O número de homens que morreram tentando atravessar aquele lago não era pequena. Por vezes os exploradores se arriscavam a testar a sorte e por vezes testavam a paciência, onde sempre que não tinham escolha, atravessavam de cinco em cinco dentro da canoa, para não terem baixas.
Eles tinham também o que chamavam de Visor; Era um homem que andava na frente da marcha com um bastão de madeira em mãos. Sua função era averiguar e estar á frente da situação, sendo ele, a pessoa que daria o sinal de que havia um predador entre eles. Com seu bastão o visor podia sentir quando encostava em algo escamoso ou duro demais, os exploradores seguiam mais atrás, sempre atentos ao seu derredor, enquanto seguiam a frente acompanhando o visor.
Era necessário sua presença, e mesmo que fosse perigoso a armadura exercia muito bem a sua função. Como estava banhada com o Mileinea seria até mesmo impossível para um predador conseguir amaçar ou arrancar a armadura do corpo. Só se ele desmembrasse ou estilhaçasse o portador da armadura, sem isso sua tentativa voraz de infringir dor era em vão. Então tinham uma vantagem. O Visor era bem destacável, de todos, ele era o único que usava um manto cobrindo o rosto, e andava com uma grande mochila cheia de tralhas. Falava pouco e normalmente era idoso.
Mas não se deixe enganar. O visor pode ser velho, mas em combate é um grande veterano. Treinado desde a infância para simplesmente ser um guerreiro habilidoso e depois na velhice, um monge, sábio e poderoso. O visor que os acompanhava podia ser velho. Mas era grande e robusto. Até não podiam ver seu rosto, mas podiam ver sua longa barba branca com partes amarradas por presilhas de ouro.
Era um homem corajoso e sua coragem os guiou até o outro lado sãs e salvos. Com isso eles podiam tirar um enorme peso de suas costas. Sempre que precisavam seguir aquela rota perdiam um ou dois homens, quando por azar até mais. Mas desta vez, todos foram para terra firme intactos, com um total de zero baixas.
Porém, novamente, haviam rastros de destruição por todos os lados. Árvores derrubadas, marcas de arrastão pelo chão, marcas de garras pelas rochas e marcas de sangue. Isso aumentou ainda mais o nervosismo das pessoas. Se já estavam aflitos, ver mais uma vez aquela catástrofe só aumentou essa sensação. Todavia o que não era uma surpresa, seguiram em frente.
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Atualizado até capítulo 33
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