Capítulo 4

Mais um dia de trabalho, Varna vai direto para a ala das crianças do hospital, ela entrou no quarto de uma menina que chorava bastante.

Varna - Boa dia, tudo bem com você, garotinha?

Menina - Sim!

Varna - E porque está chorando?

Perguntou ela enquanto trocava o soro com medicamento.

Menina - Eu não queria ficar aqui, minha mãe disse que vou ter que passar um tempo aqui, e eu odeio hospital.

Varna - Olha, eu sei que hospital não é um lar, mas aqui tem várias outras crianças passando pelo mesmo problema que você, sabia?

Menina - Não!

Varna - E você não tem que ficar aqui no quarto o tempo inteiro, pode passear pelo corredor, ir na sala dos brinquedos e da tv, pode fazer amizades com as outras crianças também.

Menina - Eu quero voltar para minha escola!

Varna - Você vai, pode acreditar.

Menina - Tá bom!

Varna - Qual seu nome?

Menina - Júlia!

Varna - Adorei seu nome, Julinha!

A garota sorri e limpa as lágrimas com as mãos.

Varna - Qualquer coisa pode contar comigo, meu nome é Varna!

Júlia - Nome esquisito. Risos...

Varna coloca as mãos na cintura e franze a testa olhando para a menina.

Júlia - Tava brincando! Risos...

Varna - Fique sabendo Julinha, que esse nome foi tirado de um filme, Varna era um guardiã de um talismã muito poderoso que só poderia ser tocado por mãos femininas.

Júlia - Sério? Que legal, eu gosto do seu nome agora.

Nesse momento a mãe da garota entra com um copo de capuccino.

Júlia - olha mamãe essa é minha nova amiga, Varna, ela é uma guardiã.

Varna não se aguenta e dá uma gargalhada, logo em seguida sai do quarto indo na sala de brinquedos, fica de frente a porta parada de braços cruzados olhando um pouco as crianças sorrindo, isso enchia seu coração de ternura.

Uma outra enfermeira que estava lá a visualiza e vai na sua direção.

Enfermeira - Oi Varna?

Varna - Oi, Luciana.

Luciana - Queria te perguntar uma coisa, já que você é muito amiga da Bia.

Varna - O quê?

Luciana - Ela ganhou na loteria?

Varna - Risos... Que eu saiba não!

Luciana - Ela viajou para França!

Varna - Não, ela viajou para Recife, lá onde os pais dela moram.

Luciana - Não, ela foi para a França, tava toda se gabando ontem, mostrou a passagem e tudo, comprou até um celular novo de última geração, estava cheia da grana.

Varna fica sem entender muita coisa, e o porquê da amiga ter escondido algo assim, realmente nada estava se encaixando ou fazendo sentido.

Luciana - Ela disse que tinha ganhado na loteria.

Varna - Ela não joga na loteria.

Luciana - Bom, vou trabalhar!

A moça se distancia e Varna sai do ambiente descendo para o pátio, senta em um banco qualquer e tenta fazer uma ligação para a amiga, mas sem sucesso, estava dando desligado.

Fica tentando entender a situação, porém desencana e sobe novamente.

Na hora do almoço foi almoçar no refeitório e mais uma vez o doutor Daniel se aproximou.

Daniel - Posso?

Varna - Risos... Claro!

Ele puxa a cadeira e se senta à mesa.

Daniel - Tá tudo bem? Me parece que não anda dormindo.

Varna - Como você sabe?

Daniel - Suas olheiras, estão bem destacadas lhe entregando.

Varna - Ah... Claro!

Daniel - Sofre de insônia?

Varna - É... é bem complicado explicar!

Daniel - Gostaria de saber mais sobre você!

Ela o olha meio sem jeito, em seguida abaixa a cabeça fitando a carne no prato.

Daniel - Vai sair no final de semana?

Varna - Não, quer dizer não sei.

Daniel - Quer sair para jantar?

Varna - Eu acho que é uma boa idéia, Doutor.

Daniel - Porque não? Acho que nem tem nada demais sair como amigos para conversar e se distrair.

Ela fica em silêncio.

Daniel - Está namorando?

Varna - Risos... Não é isso!

Daniel - Então aceite o meu convite!

Varna - O senhor é muito insistente doutor.

Daniel - Sim, sou conhecido pelas minhas insistências, não vou parar enquanto você não aceitar jantar comigo. Risos...

Varna - Tudo bem!

Ela se levanta da mesa e vai andando devagar, se vira e olha para ele.

Varna - Depois envio a localização do meu endereço.

Ele sorri e ela sai do refeitório.

...

O dia chegou ao fim, e logo a noite chegou trazendo consigo um tempo frio, ela mais uma vez saia do trabalho correndo, desta vez era porque teria que chegar em 20 minutos na aula de guitarra.

Chegou na portaria praticamente sem fôlego olhando no relógio.

Porteiro - Você sempre correndo! Risos...

Varna - É...

Porteiro - Pode subir!

Ela entra no elevador ainda sem fôlego, fecha os olhos e tenta acalmar os pulmões que estavam arfando seu peito com força.

Chega no andar e o professor Teodoro já estava de frente a porta sorridente.

Varna - Eu... Eu...  conseguir chegar a tempo!

Sem fôlego, ela quase não consegue completar a frase.

Teodoro - Não precisa vir correndo desse jeito, cinco minutos a mais não mata ninguém, agora você ficar sem ar, mata!

Ele brinca tentando deixá-la mais calma, vai à cozinha pegar um copo de água para ela.

Varna - Obrigada!

Ele se senta numa banqueta próximo ao balcão e fica a observando com a mão no queixo.

Teodoro - Você é muito esforçada!

Ela tomava toda água do copo praticamente de uma vez só, que uma gota acaba escorrendo no canto do lábio dela, isso faz ele desviar o olhar.

Varna - Agora eu estou bem melhor, professor!

Ele sorri e se levanta indo pegar as guitarras e entregando uma a ela, eles se sentam no chão de piso de madeira dando início a mais uma aula.

Teodoro - Vamos ajustar a posição da guitarra em você!

Ele vai até ela, dando a volta, ficando atrás dela, ela sente ele muito próximo e isso começa a incomodá-la, pois estava tirando toda a sua concentração.

Varna - Tá, eu vou tentar agora.

Ele volta para o lugar que estava, de frente para ela e inicia o toque nos instrumentos.

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