Um mês se passou e estamos em mais um dia de trabalho no escritório Santorini & Fazzolin: telefones tocando, assistentes subindo e descendo com documentos, reuniões importantes acontecendo, clientes impacientes pedindo agilidade das secretárias, máquina de café trabalhando a 100 por hora. Victor e Renata já se habituaram ao ritmo frenético daquele ambiente e também à companhia um do outro. As aulas de Victor estavam para começar e ele já havia solicitado a Thiago para ajustar seu horário de trabalho. Aquele era seu último dia no mesmo turno que Renata. Eles decidiram almoçar juntos para fazer a despedida, pois sabiam que só se encontraria agora em ocasiões muito específicas.
Victor: Renatinha, Renatinha. O que vai ser de você sem mim por perto? Ele disse em tom pensativo. Apesar de se conhecerem há pouco tempo, ele já a chamava por um apelido carinhoso que ele mesmo deu.
Renata: Ah, Vitinho. Eu vou ficar bem. Você nem faz tanta falta assim. Brincou jogando uma azeitona no rosto do amigo.
Ambos riram. Renata apreciava o carinho de Victor com ela. Eles descobriram que moravam no mesmo bairro então, todos os dias ela voltava com ele para casa. Quem não gostou nada disso foi Marcelo que vivia inventando uma desculpara para oferecer-lhe carona, mas ela recusava, pois já havia se comprometido de ir com Victor.
Thiago ainda não tinha conseguido chamar Renata para almoçar. Além do caso Lurdin, ele estava concluindo um processo de outro cliente e estava se dedicando ao extremo. Quando se lembrava de comer, já era tarde na maioria das vezes e Renata em várias delas já tinha ido embora.
Mas não era por isso que eles estariam afastados. Com a saída de Victor do turno, Thiago passou a acompanhar mais de perto o trabalho de Renata e eles foram se aproximando. O almoço nunca saiu, mas costumavam tomar um café juntos por volta de 10h. Ela sempre ia buscar o seu e levava um para ele. Um dia ela trouxe pão de queijo e entregou junto ao café.
Thiago: Nossa! Desse jeito eu vou ficar mal acostumado. Você já me traz café todos os dias e agora está trazendo pão de queijo! Essa mulher quer me alimentar! Falou rindo enquanto saboreava o pão de queijo.
Renata: Que nada, chefinho! Eu quero é que você tenha saúde e não me abandone aqui. Você mal se levanta para ir beber água! Alguém tem que vir te salvar de você mesmo! Ela respondeu brincando.
Thiago: Eu jamais irei te abandonar e você já me salvou faz tempo. Respondeu sério.
Renata se perdeu em pensamentos ao ouvir aquelas palavras. Foi trazida de volta à realidade por Thiago que já havia se levantado e se colocado a sua frente lhe olhando nos olhos:
Thiago: Você está bem, Renata?
(Thiago)
Renata: O que você disse? Perguntou voltando a si.
Thiago: Eu perguntei se você está bem.
Renata: Não! O que você disse antes!
Thiago: Eu estava comentando que você quer me alimentar. Mentiu se afastando e voltando para sua mesa.
Renata: Eu...Eu pensei que. Deixa pra lá. Aproveite seu lanche, chefinho. Falou sorrindo enquanto fechava a porta atrás de si.
Thiago sentou em sua cadeira e jogou a cabeça e os braços para trás apoiando-a. Deixou-se respirar. Ele falou sem pensar. Por sorte ela se distraiu e ele conseguiu disfarçar a burrada que acabara de fazer.
Os dias correram tranquilos, com Renata exigindo bastante das orientações de Thiago. Eles ficaram bem próximos com as conversas sobre o caso e os cafés das 10h. Ela continuou levando pão de queijos alguns dias da semana e isso virou um ritual entre os dois.
Ela não entendia bem o motivo, mas sentia uma necessidade de estar perto dele.
Quando soube que Victor teria que mudar de turno, Thiago reorganizou a dinâmica do trabalho de ambos para que não houvesse prejuízo do que já haviam produzido. Já Marcelo comemorou, pois sabia que agora Renata não iria mais ter carona para voltar para casa. Ele iria se oferecer e agora ela iria aceitar.
Em um dia que Renata estava trabalhando sozinha, Marcelo entrou na sala de estudos com a desculpa de discutir alguns detalhes do caso com ela e quando a conversa chegou no momento propício, ele a abordou sobre a carona:
Marcelo: Renata, Victor não está mais no mesmo turno que você. Será que agora você me dá a honra de levá-la em casa?
Renata: Então, Marcelo. Você é um cavalheiro, mas eu não acho adequado. Você é meu chefe e um dos donos do escritório. Não acha que as pessoas podem julgar sua gentileza de forma equivocada?
Marcelo: As pessoas aqui não são pagas para julgar o comportamento de ninguém que trabalha no escritório Santorini & Fazzolin, Renata. Você é uma colega de trabalho como qualquer outra e em breve estará efetivada. Que mal tem colegas de trabalho serem gentis uns com os outros? Justificou-se.
Renata sorriu ao ouvir que em breve seria efetivada. Era seu maior desejo, estava se esforçando para isso. Ela continuou:
Renata: Bom, olhando sob essa perspectiva, acho que você tem razão. Vou aceitar sua carona.
Marcelo: Ótimo. Hoje te deixo em casa ou você vai direto para a faculdade? Disse com um largo sorriso nos lábios.
Renata: Vou para casa, não teremos aula essa noite, o professor está em um congresso e não tem que o substitua.
Marcelo: Ah, então vou mudar a minha pergunta. Já que a senhorita não tem aula hoje, me daria a honra de me acompanhar em um happy hour após o expediente? Hoje é Sexta-feira!
Renata sorriu e aceitou o convite com uma condição: ele não a levaria em casa então, ela sairia de táxi do escritório e ele a buscaria para o happy hour quando fechasse o escritório. Marcelo protestou, mas aceitou. Renata havia sido firme em sua condição.
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Ao chegar em casa, Marisa recebe a enteada na porta e nota que estava diferente:
Marisa: O que há nesta cabecinha para que sua dona esteja com esse rosto tão iluminado?
Renata: Nada não, mã. Preciso subir para tomar banho, vou sair mais tarde.
Marisa: Sair? Mas você me disse que a aula de hoje foi cancelada. Aconteceu algo?
Renata: Não, não é aula. Vou sair com um colega de trabalho. Disse subindo as escadas.
Marisa sorriu com a resposta. A coisa mais difícil era ver Renata saindo com alguém. Certamente esse colega de trabalho era o que insistia em oferecer-lhe carona. Uma vez em que ela veio para casa com ele, Marisa o viu dentro do carro quando abriu a porta para a jovem entrar e notou como ele a olhava apaixonado. Aline tinha razão: Renata estava arrasando os corações. Pensou.
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Marcelo estava impaciente, a hora de sair não chegava. Nas sextas-feiras ele que fechava o escritório, pois dispensava o segurança da tarde cedo e ficava aguardando o segurança noturno para entregar-lhe as chaves. Até Victor já havia ido embora e ele ainda estava lá. O segurança noturno nunca se atrasava, mas naquela noite em específico, ficou preso no trânsito por causa de um acidente que fechou a avenida. Conseguiu avisar Marcelo que se atrasaria, no entanto não tinha previsão do horário. Marcelo andava de um lado para o outro agoniado. Até que o segurança em fim apareceu e ele pode ir embora.
No caminho colocou uma música suave para relaxar sua ansiedade. Ele havia tomado banho e trocado de roupa no escritório mesmo. Em sua sala tinha um mini closet e um banheiro equipado com chuveiro. Escolheu uma roupa casual para aquele momento especial.
(Marcelo)
Não demorou muito, ele chegou à mansão Champagnat e buzinou. A porta principal se abriu e ele viu Renata descer as escadas sorridente. Ele ficou extasiado com aquela visão. Ela estava vestida de um modo simples, mas encantador.
(Renata)
Renata: Você demorou. Achei que tinha desistido. Falou enquanto fechava a porta do carro.
Marcelo: Jamais desistiria! Você está linda! Elogiou cumprimentando-a com um beijo no rosto.
Renata: Você também não está nada mal! Disse sorrindo o que deixou Marcelo mais encantado ainda.
Marcelo: Bom, eu estou aqui, você está aí. Nós dois estamos lindos, agora só falta nosso happy hour! Brincou enquanto saía com o carro.
Eles foram conversando animadamente e curtindo as músicas que tocavam até chegarem ao Pub Litto, um dos bares mais badalados da cidade. Renata já esteve lá no aniversário de uma amiga, mas já fazia um tempo que não ia lá.
Marcelo entregou as chaves do carro para o manobrista e pegou na mão de Renata levando-a para dentro do estabelecimento. Conversou com o recepcionista que os levou para uma mesa de dois lugares mais reservada. Ao se sentarem, Marcelo pediu um vinho e duas taças e puxou assunto:
Marcelo: Quando paramos eu percebi que você sorriu. Já conhecia o Pub Litto?
Renata: Já sim. Estive aqui no ano passado no aniversário da Carol.
Marcelo: Carol? Carol Siqueira? Que colocou ali no meio uma escultura enorme de gelo com um C e um S?
Renata: Sim! Você viu as fotos? Essa minha amiga apronta cada uma! O gelo começou a derreter e as pessoas que passavam lá por perto escorregavam no piso molhado. Respondeu rindo enquanto olhava para baixo apoiando a cabeça em uma das mãos e balançava negativamente.
Marcelo: Eu não vi fotos. Eu estava aqui neste dia! E digo mais! Eu fui um dos que escorregou naquela água toda. Por pouco, muito pouco, não caí no chão.
Renata colocou a mão na boca aberta impressionada com a coincidência e imaginando a queda que não aconteceu.
Marcelo: Que sorte que eu tive de não ter caído, senão você teria me conhecido nas piores condições possíveis. Falou soltando uma gargalhada.
Renata sorriu admirando seu belo rosto foi quando ele a olhou nos olhos, estendeu sua mão sobre a dela que estava sobre a mesa e a cariciou enquanto falava.
Marcelo: Eu estou muito feliz que você tenha aceitado o meu convite.
Renata corou e desviou o olhar pousando-o sobre as sua mão que estava sendo acariciada pela de Marcelo.
Neste momento, ela não percebeu o olhar acusador de um homem que os observava não muito de longe.
Thiago havia chegado ao Pub Litto alguns minutos depois de Marcelo e Renata. Quando os viu indo na direção das mesas mais reservadas, escolheu ficar no balcão que dava a visão dos dois, mas que não permitia o contrário.
Seu sangue ferveu quando notou que ambos estavam à vontade conversando e Marcelo pegou na mão de Renata. Thiago esperou que ela fosse retrair o braço, mas isso não aconteceu. Ele ficou muito aborrecido e bebeu de uma só vez a sua dose de whisky e fez um sinal para o barman repetir a dose. Tomou novamente de uma só vez. Levantou-se, jogou uma nota de dinheiro no balcão e saiu em direção à porta.
Thiago dirigiu sem rumo em alta velocidade por alguns quilômetros enquanto socava o volante do carro e gritava consigo mesmo: Idiota! Como eu fui idiota! É lógico que ela iria dar mole para o Marcelo. Foi ele que fez a entrevista dela! É ele que comanda o escritório. Ela está apenas garantindo o futuro emprego dela! Interesseira! Essa história de café e pão de queijo é só para me distrair enquanto ela fisgava o "peixe grande".
Thiago parou nas margens de um lago em um bairro afastado. Sentou-se no banco enquanto olhava para o nada. Estava com muita raiva da cena que havia visto no bar.
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No Pub Litto, Renata e Marcelo continuaram conversando. Agora com um pouco mais de intimidade. Marcelo sempre que podia pegava na mão de Renata. O vinha havia deixado ambos mais soltos e eles estavam bem à vontade. Em um dos momentos em que Renata foi ao banheiro, Marcelo se levantou e se dirigiu ao balcão para conversar com seu amigo Pablo, o dono do bar.
Pablo: Graaaaande, Marcelo! Que honra tê-lo novamente em minha casa!
Marcelo: A honra é minha, meu amigo. Peço desculpas pela ausência. O trabalho tem me consumido.
Pablo: Como sempre, meu querido. E quem é esta bela moça dourada que o acompanha hoje? Você parece estar bem satisfeito com essa companhia. Achei que nem iria vir me cumprimentar hoje.
Marcelo: Ela é a mulher da minha vida, Pablo! Ela trabalha comigo no escritório, nos conhecemos há pouco mais de um mês, mas eu estou completamente apaixonado por ela, mas ainda não me declarei.
Pablo: Uau! O Grande Marcelo Fazzolin de quatro por uma mulher?! Não acredito. Na verdade eu acredito porque eu estou vendo! E o que está faltando para essa declaração acontecer?
Marcelo: Ah, Pablito! Estou criando coragem.
Pablo: Pois é melhor criar coragem logo. A sua amada já está voltando para a mesa de vocês. Falou baixo perto de Marcelo enquanto fazia um sinal com a cabeça na direção de Renata que já se aproximava da mesa.
Marcelo foi até ela e a segurou pela cintura.
Marcelo: Você foi rápida. Disse enquanto puxou a cadeira para ela se sentar. Aproveitou e tirou a sua cadeira que estava de frente para a dela e colocou ao seu lado.
Marcelo: Eu já disse que você está linda hoje?
Renata: Já. Umas três vezes com essa. Respondeu e riu.
Marcelo: Você observadora, mas acho que ainda não notou o que eu quero fazer hoje. Disse levando a mão ao cabelo de Renata que cobria parte de seu rosto.
Renata: E o que você quer fazer?
Marcelo: Eu quero beijar você.
Renata: Isso é um convite?
Marcelo: Isso é um comunicado.
Marcelo tocou com suas mãos o rosto de Renata e aproximou o seu rosto do dela que olhava em seus olhos sem desviar.
Calmamente, juntou seus lábios nos dela em um beijo suave e apaixonado. Ela correspondeu se entregando ao momento. Não esperava que aquilo fosse acontecer quando aceitou o convite, mas o clima estava bom entre os dois então esqueceu-se do mundo e se concentrou nas sensações boas que estava sentindo ali.
O beijo ficou intenso, Marcelo não queria parar. Mas precisou, pois ambos necessitavam de ar. Ele continuou segurando o rosto dela e dando vários selinhos até que ela riu.
Marcelo: Você é linda!
Renata: Quatro.
Marcelo: Quatro o que?
Renata: Quatro vezes você me chamou de linda hoje!
Os dois riram com a observação dela.
Marcelo colocou seu braço por trás do ombro de Renata e eles ficaram bem juntinhos.
Marcelo: Renata, Renata. Eu estou me apaixonando por você.
Ele não pode ver os olhos dela neste momento que ficou surpresa com a revelação. Acreditava que aquilo era só um encontro casual e que havia rolado um clima entre os dois, mas paixão? Isso era outro nível de envolvimento.
Novamente ele tocou com as mãos o rosto de Renata e a puxou para mais um beijo que ela correspondeu.
Os dois ficaram ali trocando carícias, se beijando e conversando por mais uma hora quando decidiram que deveria ir embora.
No carro, os dois foram de mãos dadas até a casa de Renata e a despedida foi com um beijo ainda mais intenso. Ele não queria deixá-la ir. Seu desejo era passar a noite com ela, mas achou melhor não atropelar as etapas.
Quando ela saiu do carro, pode-se ainda ouvir a voz dele:
Marcelo: Linda!
Renata: Cinco!
Ela entrou em casa rindo, ele deu a partida no carro e seguiu para a mansão Fazzolin.
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Atualizado até capítulo 125
Comments
Denise Gonçalves das Dores
Não gostei do pensamento do Thiago. Ele nem conhece a Renata direito e já acha ela interesseira? Já perdeu ponto aí.😡
2024-07-01
2
Telma Souza
gente esse negócio de três homens pela mesma mulher? não vai dá certo.
2024-04-10
3
Imaculada Abreu
Kkkk O Thiago vai atrapalhar o casal
2024-03-23
1