Com o tempo estávamos indo bem, até fomos padrinhos de Marise e Lucas do casamento deles. Entretanto, neste tempo eu sentia Silvana distraída e longe.
Tudo que Silvana queria era alguém para sair, dançar, correr, conversar, beijar na boca, sem ter aquela preocupação de ligar no dia seguinte. Ela só se sentia carente, e pelo jeito confundiu seus sentimentos por mim.
Eu me entreguei a esse relacionamento querendo uma parceira, alguém que confiasse em mim, meu modo livre de viver, eu a respeitava, nunca a trai. Mas pelo visto não era isso que Silvana queria.
Pensei que Silvana minha melhor amiga fosse diferente até, que descobri que ela já não suportava me namorar e com medo que abalasse nossa amizade. Ela deixou um bilhete pedindo um tempo.
/ Meu querido amigo fiel todo esse tempo confundi meus sentimentos e desejos. Me sentia muito sozinha e carente e confundia as coisas. Há tempos que eu venho tentando lhe dizer, mas o medo de te perder , perder a linda amizade que construímos. .. Bem, fui uma covarde . Espero um dia me perdoar.
Vou te dar um tempo, vou me dar um tempo e logo volto, mas com o posto de amiga. Sinto muito se te magoei se não quiser saber de mim eu entenderei.
Beijos de sua eterna amiga. Te amo.
Silvana Gentis /
Era para eu ficar arrasado, eu estava mas não na forma de um homem apaixonado.
Eu tinha que falar para ela que meu sentimento era recíproco, mas não sabia onde a encontrar.
Eu poderia perguntar a Marise, mas se tratando de Silvana aposto que ela não tinha dito a patroa, então não vou fazer a Marise se preocupar ainda mais que está quase ganhando seu primeiro filho. Para a felicidade de Lucas, quem o conhecia , nunca imaginaria que um dia ele pudesse rir todos os dias, com aquele sorriso bobo na cara lá no hospital. E realmente o amor transforma. E o que dizem.
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Cheguei um dia no hospital e para minha surpresa todos que me conheciam em minha ala médica correram em minha direção. Aflitos, com olhar tristes e penosos.
" Sinto muito Ethan!" Uma enfermeira se aproximou me dizendo.
E quando vi Lucas sair do quarto o que estranhei já que ele não era daquele andar.
" O que está acontecendo?" Perguntei a ele que desceu seu olhar triste.
Na hora pensei o pior, só poderia ter acontecido algo com Silvana e sem pensar tentei correr e Lucas segurou meu ombro.
" Sua mãe está morrendo e quer falar com você!" Fiquei imóvel. Não senti minhas pernas e nem escutava mais ninguém, se alguém estivesse me falando alguma coisa.
Eu e ela havíamos brigado depois da morte de meu pai. E parece horrível um filho afastar-se da mãe , mas eu tinha meus motivos, pois a vi matá-lo o asfixiando com um travesseiro.
Ela alegou que era para poupar sofrimento, já que ele nunca desejou vegetar, eu como enfermeiro sabia que cedo ou mais tarde, realmente os aparelhos seriam desligados, mas a assassiná-lo assim desta forma. Eu não conseguia perdoar. Só não a entreguei às autoridades, pois percebi que seu castigo era ficar longe do seu filho que ela dizia dá a vida, 'eu'. Porém acho que eu estava muito enganado.
Assim que recupero do baque da notícia, sustentei meu olhar ao Lucas e lhe perguntei: " A quanto tempo ela está no hospital? E por que ninguém me avisou?"
Lucas largou meu ombro.
" Ela chegou por volta de duas horas atrás. Tentamos te ligar porém seu telefone só dava ocupado" aí me recordei que estava pendurado nele tentando ligar a cada minuto a Silvana. E o dela só dava caixa postal e eu deixando recado atrás de recado.
"Posso vê-la?" Perguntei já indo em direção ao quarto, só que desta vez mais cauteloso.
" Ela teve três paradas cardíacas, conseguimos ressuscitar, porém seu coração se mostra fraco acho que a próxima ela não…" Lucas respirou fundo acho que buscando a melhor forma de dizer. Eu o fiz calar, afinal sou enfermeiro e sei como funciona.
Ele me levou ao quarto e Beatriz estava ali e logo que eu entrei ela sorriu para me dar conforto.
Ela e Lucas saíram do quarto e então eu a vi ali naquela cama de hospital, abatida e pálida. Meu coração doeu com a cena. Porém meu demônio interno ria com satisfação, afinal era o castigo por assassinar meu pai.
" Filhh.o!" Sua voz estava fraca e seca.
Me aproximei." Oi mãe!" Foi o que eu consegui dizer.
" Me… perdoa… filho…" sua respiração estava fraca , via que ela respirava com dificuldades.
Eu não poderia dizer que não conseguia. Só que também não iria mentir só para que ela se sentisse em paz , eu não era mentiroso, era algo que não aceitava.
" Vai ficar tudo bem mãe" tentei tranquilizar-la. E ela balança a cabeça negativamente várias vezes. A segurei senão ela ia se machucar.
Ela começou a chorar, e eu só me lamentava por não conseguir dizer a palavra perdôo.
Meu pai foi meu escudeiro, meu guerreiro, meu herói, sempre foi ele que fez o papel de mãe e pai. Me levando na escola no médico, me incentivando a não ter medo e ser corajoso e persistente.
( " Papai, por que a mamãe não me ama?" Perguntei a ele quando tinha nove anos. E ele me respondeu com um abraço terno: " ela te ama só não sabe demonstrar. Ela teve uma vida difícil, não sabe demonstrar amor ou afeto " E eu acreditei em suas palavras pois meu pai dizia odiar mentiras e me ensinava ,"que mesmo que seja doloroso a verdade, melhor ela dita do que uma mentira que faça a pessoa se machucar.")
Vaguei nas lembranças da infância assim que deitei em cima da minha mãe a abraçando. Eu achei que ela não ia retornar o abraço, mas me enganei. Mesmo sem força ela levou os braços em torno de mim.
"Quero.. Cof cá" ela tossiu fraco. " Que leia meu diário…" e mais uma vez começou a chorar e de repente seu aparelho começou a pitar . Eu me afastei e tentei fazer massagem cardíaca. Ela virou o rosto em minha direção, tentou levantar o braço acho que era para afagar meu rosto.
" Perrd…" ela tentou dizer, porém seus olhos perderam a vida .
O Dr Diego e Lucas entraram e duas enfermeiras me puxaram tirando dali.
Eu sentia muito, contudo não conseguia chorar.
" Você está bem"? Pergunta uma enfermeira . E somente balanço a cabeça positivamente e me sento na sala de espera.
E logo vejo Marise e Bianca chegarem. Lucas deve ter avisado a elas. Somos todos amigos agora. Lucas mesmo sem memória sabia do meu envolvimento com Marise, Marise não escondeu, fazendo Lucas ficar diferente com ela, porém eu fiz questão de dizer que não foi culpa dela, o beijo que ele viu a peguei desprevenida, em um momento em que ela estava triste. Fui um babaca, Marise ralou um pouquinho pra conquistar novamente a confiança, mas tudo certo agora.
Apesar que Lucas sentia um grande ciúmes de mim. Mesmo depois de ter perdido a memória e não lembrar, só o fato de saber que eu a perseguia antes, já era motivo dele se preocupar. Só ficou mais calmo quando dei a notícia que estava namorando Silvana. Marise também o fez perceber que ela tinha olhos somente para ele e ainda mais depois que ficou sabendo que ia ser pai, ele relaxou. Apesar de pegá-lo fazendo caretas de vez enquanto para o meu lado.
Eu e Marise tínhamos combinado de nos afastarmos ainda mais depois do fiasco em seu escritório, no seu restaurante onde tentei agarrá-la. Mas Silvana trabalhava lá, elas se tornaram amigas e eu era amigo de Silvana, agora nem sei. Então acabou que esquecemos o passado e seguimos em frente.
E a vendo vim em minha direção com aquela barriga enorme, e pelo visto linda, vejo como Lucas e sortudo. Bianca me abraça primeiro. Me levanto para retribuir e logo depois Marise.
Elas não dizem nada, afinal sabiam que a muito tempo não falava com minha mãe.
Elas ficaram comigo ali o tempo todo, até os médicos me darem a notícia do falecimento e para preparar a documentação do óbito.
Lucas dá um beijo na esposa e pede que ela vá para casa pois ambiente de hospital não era para gestantes, ele tentou cochichar, mas eu o ouvi. Porém não me importei, ele está certo.
" Pode ir Marise, estou bem. Bianca pode a acompanhar." Eu sorri e lhe dei outro abraço, primeiro em Marise, ri por dentro apesar de não sentir nada por ela adorava provocar o Lucas. E depois abracei Bianca.
" Qualquer coisa nos avise" Marise disse em despedida e saiu.
Como sei que os trâmites das papeladas são um pouco demorados, avisei a recepcionista que iria sair. Aquela história de ler o diário de minha mãe ainda não saiu da minha cabeça. E não poderia esperar o que minha mãe queria me dizer.
Eu sabia que ela a todo momento escrevia naquele diário, às vezes eu a pegava me olhando por um bom tempo com aquele caderno em mãos e logo começava a escrever.
(" Mãe o que tanto escreve?" Perguntei quando tinha oito anos. E grossa ela respondeu: "Não é nada que interessa a você. Vá, vá, brincar!") Fiquei chateado, mas meu pai fez entender que era importante para ela.
Cheguei em sua casa e procurei pelas chaves reservas onde sei que costumava deixá-las.
E como se ela sempre soubesse que um dia eu retornaria. A chave estava no mesmo lugar intacta dentro do vaso de barro, guardado dentro de uma caixinha.
As peguei e entrei na casa. Assim que abri a porta fiquei imóvel e hipnotizado. As lembranças marcantes fizeram presença, e então eu chorei, assim que vi as fotos do meu grande companheiro. Seu sorriso torto e seu olhar terno.
Puxei o ar com força, engoli o choro e enxuguei uma lágrima teimosa e adentrei a casa.
Fui direto no quarto da minha mãe onde sabia que guardava seus diários.
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Atualizado até capítulo 64
Comments
Eryel Li
Agora vai descobrir....
2023-01-16
2
Eryel Li
É agora...
2023-01-16
1
Eryel Li
Diários...Revelam segredos sombrios...
2023-01-16
1