capítulo 4

July

Tomei banho, lavei meu cabelo, escovei e fiz babyliss nas pontas. Passei hidratante, perfume e vesti um vestido que trouxe da loja. Confesso que estou me sentindo estranha, pois não costumo usar roupas assim. Fiz uma maquiagem caprichada, quem sabe hoje não vou conhecer meu príncipe encantado? Tive um namorado por um ano e oito meses, estávamos noivos, mas descobri que ele tinha outra. Depois disso, fiquei muito triste e desiludida. Não consigo mais acreditar no amor. Penso que para mim agora, se envolver com alguém, esse homem terá que ser perfeito, o que é muito difícil. Mas estou querendo seguir o conselho das minhas amigas, preciso ficar com alguém. Depois que terminei com Derek, nunca mais me envolvi com ninguém. Já fazem dez meses que estou sozinha.

Bely:

Estou tão ansiosa, nunca fui a um baile funk, como será que deve ser? Ai, tomara que eu acerte na roupa.

Bely: Amiga, do céu, você está muito gata! Nem parece mais você, parece uma nova mulher.

Julie: Ai, amiga, você também está linda. Estou me sentindo muito estranha com essa roupa, sei lá.

Bely: Julie, senta aqui antes de a gente sair, preciso falar uma coisa séria com você.

Julie: Credo, Bely, fala logo que já estou ficando preocupada.

Bely: A Márcia estava conversando comigo esses dias e me contou que ela mora numa comunidade no morro e estava com medo de contar para a gente, com medo de você demiti-la.

Julie: Credo, amiga, ela não me conhece mesmo, porque jamais faria uma coisa dessas. O lugar onde mora não diz o que você é. Você sabe que eu não tenho preconceito nenhum com isso. Eu sei que lá tem gente que não presta, mas tem muita gente que presta, que mora lá porque não tem condições de morar em um lugar melhor. Então, para mim, não muda nada isso. Pode falar para ela ficar tranquila.

Bely: Sério, amiga? Fico tão feliz por isso. Ainda bem que você pensa assim, porque hoje a gente vai no baile lá no morro, tá?

Julie: Você está de brincadeira, né?

Bely: Não, amiga, eu combinei com a Márcia. A gente vai no baile lá na comunidade onde ela mora, e ela falou que os bailes são muito top. A gente vai conhecer, e você para de frescura que não vai acontecer nada. Ela falou que é liberado para todo mundo de fora ir no dia que tem baile, então a gente pode ir tranquila, tá? E ela vai estar lá.

Julie: Só pode ser que você bateu a cabeça, né, amiga? Jamais eu vou ir. Já vou tirar essa roupa e vou deitar.

Bely: Nem pensar, agora eu já combinei com ela. A gente vai. Para de ser besta que não vai acontecer nada.

Julie: Então tá bom, a gente pode até ir, mas a hora que eu falar para você que quero vir para casa, você me escute, tá? Nada de ficar bebendo e me deixando sozinha.

Grego:

Tomei banho, coloquei uma calça preta, uma camisa preta, uma blusa corta-vento preta, meu tênis da Nike preto, porque adoro preto. Coloquei meu cordão de ouro, meu relógio, minha Glock, passei meu perfume e estou pronto.

Desço para a sala e o Sombra está me esperando.

Grego: E aí, mano?

Sombra: Eu trouxe a pasta com o arquivo sobre a sua loirinha lá e já acertei com o detetive. Achei que você ia querer ver antes de irmos para o baile. Falei com a amiga dela, e ela me disse que hoje ela vem com ela para o baile.

Grego: Hum, já vou olhar.

Grego: Interessante. Namorou por um tempo, foi noiva de um playboy, terminou com ele e ele foi para Minas. Não tem pais, os pais morreram em um acidente. Mora com a amiga Bely, trabalha na loja há 3 anos e é gerente lá. Quase não sai para balada e curte ir na academia.

Grego: Nossa, cara, essa mina é perfeita para mim.

Sombra: Você está gamadão na mina.

Grego: Você sabe que já está na hora de eu ter uma fiel. Preciso de alguém do meu lado e para cuidar da minha casa. Já está na hora, e aqui nesse morro só tem puta interesseira.