Plano infalível

Sara — como assim, mãe? Ele já veio aqui em casa? Como eu nunca vi?

Rosa — Sim, várias vezes. Eu é que nunca prestei atenção. Ele vinha mais no horário da tarde e aos sábados. Pensei que era mais um daqueles moleques que ela dá aula de reforço. Então não, liguei. Você não via porque está sempre andando por aí.

Sara — Tá, entendi. Hoje é sábado; ele deve aparecer aqui hoje. Mãe, onde está a cadela da Ella?

Rosa — Saiu faz um tempinho, por quê?

Sara — Então vou me arrumar e esperar o Thiago chegar. Tomara que ele chegue antes dela. Vou tomar um banho, mãe, e você fica de olho; se ele chegar, você me avisa.

Rosa olhou para a filha com um sorriso de canto de boca e disse:

Rosa — Vou fazer melhor, meu bem: vou ligar para aquela sonsa da Ella e pedir para ela comprar algumas coisas para mim; assim ela vai demorar mais e você aproveita cada segundo para ganhar o Thiago. Tá bom.

Sara — Você é incrível, mamãe, obrigada; então vou me arrumar.

Rosa pega seu celular no bolso do casaco, saído do quarto da sua filha, e liga para a enteada, enquanto caminha em direção à escada para descer à sala de estar. Ela ouve a voz firme e suave da Ella do outro lado da linha. No mesmo momento, ela para no topo da escada.

Ella — Oi! Rosa, tá! tudo bem? Precisa de algo?

Rosa — Olá, minha querida. Você poderia trazer umas coisinhas para mim? Eu ia pedir para a sua irmã, mas ela está dormindo e a empregada me disse que você estava indo às compras.

Ella — Estou indo buscar meu vestido de formatura. Já estou voltando para casa, porque daqui a pouco o Thiago chega aí em casa, então não vou demorar.

Rosa — Oh, minha querida, faz esse favor para mim; preciso dessas coisas. Você está de carro, vai ser rapidinho. Preciso de sabonete líquido de rosas-brancas, esponja-de-banho, óleos aromáticos de três fragrâncias diferentes, um roupão de banho grosso de algodão puro e passa naquela loja e traz umas castanhas para mim. Viu só? E poucas coisas.

Ella — Rosa, eu teria que ir ao ‘shopping’ no centro da cidade; eu ia demorar umas duas horas ou mais para encontrar tudo isso. Deixa para amanhã.

Rosa — Não, querida, tem que ser hoje. Você vai rapidinho; não seja uma filha mal-educada. Olha, quando seu namorado chegar eu aviso-lhe que você vai demorar um pouco.

Ella — Está bem.

Feliz que seu plano está dando certo. Assim que desliga o telefone, a campainha toca. Ela desce rapidamente os degraus para atender à porta antes das empregadas. Ao abrir a porta, encontra Thiago, muito bem vestido e perfumado. Imediatamente, ele entra.

Thiago nunca viu Rosa desde que começou a namorar a Ella.

Rosa — Olá, boa noite! Tudo bem?

Thiago — Olá, boa noite! Tudo sim; a Ella está?

Rosa — Não, não está. Mas entre, fique à vontade. Você é um dos alunos que ela dá aula de reforço?

Thiago — Não, obrigado. Aliás, eu sou Thiago Fantini, namorado da Ella; prazer.

Rosa — Thiago Fantini! Da famosa família Fantini; o prazer é todo meu. Eu sou Rosa, madrasta da Ella. Você veio ver sua namorada, certo?

Thiago — Sim, vamos sair hoje. Não sabia que ela tinha uma madrasta.

Rosa — Creio que ela não é muito de falar da família, né? Bom, acredito que você perdeu a viagem: como eu te disse antes, ela não está em casa; saiu mais cedo com um rapaz e ainda não voltou à que horas vai chegar. Você disse-lhe que vocês iam sair hoje?

Thiago — Sim, combinamos de sair hoje. Você disse que ela saiu com um homem?

Rosa — Sim, achei até que era namorado; os dois pareciam muito íntimos. Que vergonha: a Ella não pára com essa safadeza de ficar namorando vários homens ao mesmo tempo. Já cansei de falar para ela que isso não se faz, ficar brincando com os sentimentos das pessoas.

Thiago fica com tanta raiva ao ouvir aquelas palavras que cerra os punhos com tanta força que seus dedos ficam sem sangue por um tempo.

Agora, Sara desce as escadas com uma mini camisola transparente, fingindo que não sabia que Thiago estava ali.

Sara — Mãe, cadê você?! O filme já vai começar, já fez a pipoca?

Thiago não tira os olhos de Sara, vestida daquele jeito: sua camisola era transparente e ela estava sem sutiã, mostrando perfeitamente seus seios pequenos e redondos, brancos, com o bico rosado, e sua calcinha de renda preta. Sara descia as escadas olhando para os degraus. Rosa grita no momento em que coloca os olhos nela:

Rosa — Sara, vai já para o seu quarto colocar uma roupa; minha filha, estamos com visita.

Assim que Sara escuta o grito da mãe, ela finge surpresa e tenta cobrir o corpo com as mãos, mas só piora as coisas; então ela se vira e corre para o quarto. Chegando lá, ela dá uns pulinhos de alegria e fica satisfeita com o que fez. Então ela veste um robe longo e desce as escadas de novo, desta vez correndo.

Thiago, naquele momento, já está cheio de tesão e até seu pênis está ereto dentro da cueca box. Afinal, era tempo que não tinha relação com uma mulher; nas últimas semanas ele estava se comportando bem com a Ella, pois ela está prestes a se formar e ele quer pedir ela em casamento no dia da formatura. Para que ninguém visse a situação, ele pegou uma das almofadas do sofá e colocou no colo para tentar disfarçar; mas foi tarde, pois Rosa já tinha visto e ficou contente que sua filha tenha causado esse efeito nele.

Mas não sabendo que toda mulher que aparece na frente dele com poucas roupas já causava esse efeito nele — aliás, ele é um mulherengo incurável.

Sara para na frente de sua mãe, fingindo ser uma menina pura, e se desculpa por ter descido daquele jeito, pois achava que só estavam elas em casa. Depois ela olha para Thiago, sentado no sofá, e diz:

Sara — Olá, Thiago! Boa noite! O que faz aqui na minha casa?

Thiago — Olá, gatinhas, boa noite! Não sabia que você morava aqui!

Rosa — Vocês já se conhecem?

Sara — Sim, mãe, ele estuda na mesma faculdade que eu e a Ella. Que felicidade vê-lo, Thiago. Eu e minha mãe estávamos indo ver um filme; você quer se juntar a nós? Ou veio ver meu pai? Ele não está em casa, saiu numa viagem de negócios.

Thiago — Não, eu vim buscar a Ella. Mas sua mãe já me disse que ela não estará; então vou embora.

Sara — Então é a Ella que é sua namorada? Que pena; minha irmã tem aquela cara de santa, mas não vale o que come. Sinto muito, Thiago. Mas fica um pouco mais; eu posso te fazer companhia, o que me diz?

Rosa — Por que vocês dois não vão curtir a noite assim? Você não pode perder a viagem nem deixar de ir ao seu compromisso. Eu vou dormir; não tenho idade para essas coisas de jovens, e minha filha está precisando sair um pouco e conhecer pessoas da sua idade, e não ficar em casa toda noite com a minha filha, né?

Sara, na mesma hora, concorda e fica super empolgada, então Thiago aceita. Sara sobe rápido para o quarto, veste um vestido super sexy, um salto e uma pequena bolsa para levar apenas o necessário, seus documentos, celular e cartão de crédito e volta para encontrar Thiago na porta.

Ele fica de boca aberta ao ver Sara, mas não diz nada. Eles entram no carro e vão para uma boate de um amigo que, naquela noite, ia ser a inauguração.

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