Lilibeth

Boston, dezoito anos atrás.

Cesare brincava com os filhos no jardim enquanto Isabel os observava de um banco.

Pensou consigo mesma que aqueles eram os três homens de sua vida, e que era uma mulher abençoada por Deus tendo a sorte de de viver nessa vida, a mesma em que seu marido vive, e ter ganhado dois filhos maravilhosos.

Álister e Gideon, ambos com nove anos, eram inseparáveis.

Falantes e espertos, prestavam atenção em tudo o que o pai fazia pra depois repetirem. A manhã estava ensolarada e o sábado feliz, até que a empregada chega no lado de fora da casa.

- Senhor Greco, o senhor Graham está aqui para vê-lo.

Cesare abriu um sorriso, Klaus é seu melhor amigo em tudo, nos negócios e na vida fora dos negócios.

- Tudo bem, já serviu algo pra ele Olímpia?

- Já sim, ele espera na biblioteca.

Cesare deixou os filhos brincando no gramado, passou próximo ao banco onde sua a mulher estava sentada, deu um beijo nela e depois entrou na casa.

Deslizou as portas de correr do cômodo e depois as fechou atrás de si.

- Bom te ver meu amigo.

Olhou para o carrinho de bebê onde Lilibeth, a filha de Klaus, dormia, e abriu um sorriso. Era uma garotinha linda de cabelos cor de chocolate, e embora estivesse dormindo naquele momento, Cesare sabia dos olhos azuis limpos que a criança tinha. Muito parecida com a mãe que morrera no parto, inclusive carregando o mesmo nome que ela.

- Bom dia Cesare, me desculpe por te incomodar em um sábado de manhã.

Cesare achou aquilo estranho. O amigo nunca o incomodava, e sabia disso.

- O que você veio fazer aqui, Klaus? Está com o semblante pesado.

O amigo de Cesare respirou fundo.

- Estou muito doente, não tenho muito tempo de vida.

Aquilo caiu como uma bomba sobre Cesare. Klaus era seu irmão de alma, aquele que ele mesmo tinha escolhido, porque amigos são isso, irmãos que escolhemos.

- O que você tem Klaus?

Klaus se sentou em uma poltrona e encarou sem emoção alguma o rosto de Cesare.

- Um câncer raro na medula. Mas eu não vim pra falar sobre minha doença, vim pra falar sobre meu coração fora do peito, Cesare.

Klaus olhou pra menina dormindo serena no carrinho.

- Lili vai ser levada para o lugar de praxe depois que eu me for. Vai receber a educação adequada e ser preparada para a vida adulta, as pessoas lá são muito competentes pra cuidar de meninas na situação em que ela vai ficar. Ela é o que de mais precioso possuo.

Cesare serviu uma dose de bebida para o amigo e pra ele.

- Deixe a menina comigo, eu a criarei como filha.

Klaus negou a oferta.

- Tenho uma proposta para te fazer, Lili vai ficar sozinha nesse mundo e vai ser criada de uma maneira pura e inocente, precisará ser cuidada e protegida quando sair de lá com seus vinte anos. Gostaria que fosse desposada por Álister, sei que ele e Gideon tem a mesma idade, mas nós os consideramos seu primogênito, não é? Pode ser um contrato de um ano, até que ela saiba como agir com o dinheiro que vou deixar e que você vai ser o responsável por administrar. Além do mais, nunca se sabe, vai que os dois se dêem bem e achem um no outro o amor? Vai ser melhor ainda, pois aí ela vai ser bem cuidada e protegida mesmo, e pra sempre.

Cesare entendia o pedido do amigo. Haviam coisas demais em jogo e ele precisava que a filha tivesse o reconhecimento do nome forte que a casa dele possuía em todos os sentidos. Assim, quando saísse pro mundo, o casamento dando certo ou não, seria respeitada por onde passasse.

- Tudo bem Klaus, vamos firmar esse acordo.

Depois do acordo estabelecido, Klaus fez mais um pedido ao grande amigo.

- Gostaria que Lilibeth não soubesse sobre tudo, quero minha princesa bem.

Cesare sorriu para ele.

- Como desejar meu grande amigo. Agora vamos, você almoça com a gente.

**********

Três anos depois desse acordo firmado, Lili já morava onde deveria morar, seu pai havia partido um ano antes. Era uma criança calma e brincava com as outras garotas do lugar, todas morando alí com a mesma finalidade que a dela: serem preparadas para um futuro promissor depois que ficaram sozinhas no mundo.

Cesare e Isabel sempre iam visitar a menina, nós aniversários dos filhos ela era figura presente, e nos dela o contrário também valia. Cesare queria tirar a menina dalí, mas sabia que estaria quebrando com o acordo firmado há mais de uma década, não podia fazer isso.

O tempo foi passando e a responsável pelo lugar se aposentou, dando espaço para que outra mulher assumisse o seu posto. Ela não era tão bondosa quanto a outra com as crianças, mas não ousava desafiar os tutores. Por isso se mantinha meiga e atenciosa na frente dos adultos que vinham visitar as pequenas.

Se chamava Germana, casada com um homem de nome Adolf.

Adolf era um homem sombrio, as garotas pré adolescentes e adolescentes não gostavam dele, Germana sabia disso, mas mesmo assim não afastava o marido do lugar. Parece que até se divertia com o desconforto delas., as garotas não ousavam contar aos tutores as coisas que aconteciam, tinham medo de ser desacreditadas e se isso ocorresse, os castigos seriam horríveis. Germana era perversamente hábil em castigar sem precisar bater e deixar marcas. Por isso o lugar de felicidade e união, com o passar dos anos, deu lugar a um local austero e pesado.

Lilibeth havia chegado aos doze anos, crescia em tamanho e em beleza. Um dia estava sentada brincando com algumas meninas menores, quando Adolf chegou e disse:

- Oi Lilibeth, quer ganhar um doce?

A garota inocente sorriu, era apaixonada por doces, mas só os comia em dia de visita ou quando estava com o senhor e senhora Greco. Germana não permitia tal regalo em dias em que não precisasse ser uma mulher perfeita.

- Claro!

Adolf apontou para uma porta de canto, era o lugar em que el costumava ficar olhando as câmeras de vigilância.

Lili foi andando com ele.

Adolf fechou a porta da sala e se sentou na cadeira de rodinhas.

- Pra você ganhar esse doce vai precisar fazer um favor pra mim primeiro.

Lilibeth inclinou a cabeça pra direita.

- Qual favor?

Adolf deixou balançar um sorriso perverso nos lábios.

- Você vai tirar sua roupa bem devagar para que eu veja.

Lili imediatamente entendeu que aquilo não era algo certo. Estava crescendo sob uma criação rígida e cheia de pudores, especialmente ela era ensinada sobre como devia se portar e ser discreta e casta. Embora não tivesse recebido ordens pra isso, Germana ensinava Lilibeth com mãos de ferro, sabia que ela era a obra prima de sua carreira como educadora. Queria ser reconhecida e elogiada pelos grandes.

- Não posso fazer isso, não quero mais ganhar esse doce.

Lilibeth tentou sair da sala, mas foi agarrada com força pelo braço, a ponto de deixar marcas. Tremeu de medo ao ouvir o tom raivoso que tomou conta do homem, que até então estava calmo e amável.

- Você vai fazer o que eu estou mandando, se não eu vou pegar a palmatória de Germana!

A menina ficou assustada, Germana não usava a palmatória, mas a simples ameaça fazia as meninas andarem na linha. Adolf era grande e muito mais forte que ela, se ele resolvesse usar o objeto, não seria nada bom.

Ela o obedeceu. Ficou vinte minutos em pé, sendo observada pelo homem mau e obedecendo aos comandos dele, que pedia para a menina se mostrar do jeito que ele queria.

- O que você está fazendo, Adolf?

Germana abriu a porta de uma vez e quando viu Lilibeth, entrou em desespero, mas não por bondade. Por medo.

- *ELA NÃO, P*RRA! EU JÁ TE DISSE, ELA NÃO! VOCÊ SABE O QUANTO ELA IMPORTANTE*!

Adolf se levantou.

- Você sabe que eu não toco nelas, só as olho.

Germana ficou furiosa com o marido.

- Eu sei, mas parece que nessa aqui você tocou. O braço está marcado! Anda menina, se veste, e eu acho bom ninguém nunca saber disso!

Lili vestiu a roupa e saiu apressada do cômodo, deixando os dois discutindo.

A partir daí evitava esbarar com Adolf, mas o homem sempre a seguia. Estava paranóico, fissurado por ela.

Germana passou a castigar a menina sem motivo algum. Ela ficava sozinha por dias, as vezes tinha que rezar um terço inteiro ajoelhada no milho. Pensava que tinha desviado muito dos seus ensinamentos cedendo ao que Adolf pediu, por isso estava sendo castigada por Germana. Se colocava com culpa na história toda. Se escondia ao máximo sob roupas largas e desajeitadas, e sempre andava de cabeça baixa para não atrair o olhar do homem.

Foi vivendo assim, até que se cumprissem os anos que deveriam ser cumpridos.

Mais populares

Comments

Raynna melice Santos

Raynna melice Santos

Que mulher nojenta e esse homem é um ser desprezível🤮🤢 vontade de mandar pra casa do karalho

2024-09-15

1

Leda

Leda

Pervertido nojento.

2024-06-05

2

Expedita Oliveira

Expedita Oliveira

Meu Deus 😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱 Estou de 💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔😭😭💔💔😭😭💔💔😭😭💔💔😭😭💔💔😭😭💔💔😭😭💔

2024-05-04

0

Ver todos
Capítulos
Capítulos

Atualizado até capítulo 57

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!