Tropeiro Virgulino e de toda a família Ferreira, convertido no Medalha do
bando entre os anos de 1922 e 1925, depois de passagem breve pelo
grupelho de Clementino José Furtado, o Quelé, antes que este trocasse o
punhal pelo sabre, cooptado para sargento de volantes pelo Governo da
Paraíba. A lista completa dos depoentes acha-se no final desta parte.
À biografia “suíça”, assim enriquecida com vistas ao aproveitamento
atual, seguem-se seis capítulos com a tentativa de devassa que promovemos
sobre o combate de 28 de julho de 1938, somente ao leitor cabendo avaliar
o resultado. Com tantas e tão expressivas novidades, fica claro que o livro
que se vai ler representa obra nova, não simples reedição. Há mais a dizer.
Ausente o brilho no escrito, advogamos em seu favor a seriedade, feita
de isenção e da paciência de muitos anos, não custa repetir. Houve fonte
testemunhal que perseguimos – a palavra é essa mesmo – por quase 25
anos, antes que conseguíssemos ouvi-la. É o caso do coiteiro, depois
soldado volante, Sebastião Vieira Sandes, o Santo, do apelido na caserna.
Perseguição iniciada no ano de 1978, em seu endereço do Farol, em
Maceió, e concluída em São Paulo, para onde veio a se mudar com a
família, e de onde nos veio o telefonema surpreendente do final de 2003,
em que ele recordava o compromisso espontâneo que assumira conosco a
partir daquele ano, repetido em diversas ocasiões por seus parentes, a modo
de estribilho: “Sebastião manda dizer que não tem nada contra o senhor e
até o conhece. O que se passa é que, como sobrinho-neto da baronesa de
Água Branca, ele não fala sobre uma história em que nunca deveria ter se
metido. Mas se um dia falar, será ao senhor, ele garante”. Prometeu e
cumpriu. Indiferente a ofertas de vantagem da parte de mais de um
pesquisador, manteve a palavra de sertanejo.
O depoimento precioso compensou a busca, coroada finalmente de êxito
quando o colhemos em três dias de gravação, na cidade da Pedra de
Delmiro Gouveia, Alagoas, graças a encontro organizado por seu parente
Eliseu Gomes Neto, a quem ficamos a dever não só as finezas de anfitrião,como a paciência de servir de testemunha, da primeira à última palavra
captada, em dispêndio de um tempo que lhe era precioso como autoridade
pública estadual à época.
Valeu o esforço. Depois de 65 anos completados naquela oportunidade,
chegava-se a uma hipótese plausível quanto à autoria material da morte de
Lampião, embora não se restringisse a tanto o objeto do estudo que
estávamos empreendendo. Quanto a nós ainda, dada a responsabilidade
profissional, somente consideraríamos confirmada a hipótese dez anos
depois, tempo no qual submetemos os fatos a todos os filtros históricos de
que pode se valer um historiador, não nos bastando a confissão emotiva,
vistas baixas, mãos crispadas, colhida no fecho do longo depoimento.
Confissão – como nos acudiu no primeiro momento – coincidente com o
que nos soprara o coronel Audálio Tenório de Albuquerque no ano de 1970,
como pista puxada por ele dos cochichos derradeiros com o parente e amigo
íntimo, coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão – comandante do II
Batalhão do Regimento Policial Militar do Estado de Alagoas, com sede em
Santana do Ipanema, por ocasião do combate do Angico – cochichos
recolhidos, a bem dizer, no leito de morte do oficial, que se verificou no
apartamento do primeiro, no Edifício Capibaribe, rua da Aurora, Recife, a
19 de maio de 1955. E que dissera Lucena a Audálio? Que o matador de
Lampião fora um dos guarda-costas do aspirante Francisco Ferreira de
Mello, mas não tinha sido o soldado de nº 145, Antônio Honorato da Silva,
como a imprensa da época assoalhara.
Quando, em 1978, descobrimos que não tinham sido muitos, mas apenas
dois, os guarda-costas do aspirante na campanha contra o cangaço, fomos
em cima do que permanecera à sombra por disposição de vontade. E não
era outro senão o “cabo Santo”, à época com pouco mais de sessenta anos,
residindo em Maceió. Começava a busca pelo contato. No ano mesmo de
1978.
Mostra-se sintomático que o aspirante Ferreira, na entrevista mais
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Atualizado até capítulo 42
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