A moça parou de escrever seus delírios e riu sem acreditar no que saiu da sua evidente loucura e rebeldia. Encarou as paredes cor de rosa do seu quarto. A mesinha do computador de frente a janela.
Um demônio conversando com sua audiência em? Era até criativa a ideia. Pesada, mas criativa. Devia estar mesmo louca! Madeline apenas analisou a tela do seu notebook dando um longo suspiro. Era tanta raiva e rancor que a moviam. Uma família cristã hipócrita. Uma prima que cursava medicina para melhorar tudo. Todos sendo alguém na vida e ela só a sonhadora fracassada. Odiava todo mundo! Queria morrer e sumir. Mas nem para se matar era competente.
— É. Acho que chega de caídos papeando por hoje. — Conversou consigo mesma suspirando. — É assustador escrever isso. E olha que eu sou a blasfemia ambulante.
A menina gordinha tirou os óculos e massageou as têmporas. Deu uma boa golada em seu chocolate quente numa caneca ao lado do notebook. Quando ia desligar o notebook preto, sentiu a presença fantasmagórica ao seu lado. A menina arqueou a sobrancelha e estancou na cadeira giratória. Mas a solidão de antes se desfez, mesmo que estivesse adornada de trevas era mais confortável que o vazio.
Foi um mero calafrio no ínicio. Então a mão firme em seu ombro, olhou para a janela e viu uma sombra ao seu lado no reflexo do vidro. Suprimiu um grito tapando a boca. Era a hora de se acostumar. Foi ela que atraiu aquilo para si em primeiro lugar.
***Oi, querida. Você foi bem. Captou a essência da minha revolta com suas palavras. ***
Calafrios ficavam mais frequentes depois que entrou no site de goetia na internet e procurou por aquele símbolo e demônio em específico. O demônio que chamou sua atenção e para o qual fez um ritual de invocação com seu sangue virgem e com o símbolo. Desde então sua mente passou a assombrá-la. Sim, era só isso. Sua mente com a consciência pesada por ter meio que traído sua religião. Era só isso e nada mais.
— Se existe mesmo, eu já te dei voz em um capítulo inteiro. Fiz minha parte. Vou até postar online. Então me dê o que eu quero, meu duque. — Foi respeitosa e mimada, mesmo sentindo que era louca. A racionalidade se perdendo, dando lugar a esperança de se acreditar em algo sobrenatural mesmo que revestido sombrio chamado do inferno. — Joguei segundo as regras do Criador, tentei ser boa e seguir Jesus. Só fui massacrada e pisada por todos. — Se justificou Madeline quase chorando. — Agora, eu quero…quero que tudo se exploda. Pegue minha alma, mas antes me torne grande e poderosa. Assim ninguém vai me olhar como se eu fosse um lixo.
***Sim, vou fazer isso já que fez sua parte, escritora. Não achei que teria a coragem de escrever mesmo o que te dei a inspiração, Madeline. Mas você fez! ***
A voz ecoou na mente de Madeline. A garota pensou amargurada que estava perdendo o juizo de vez e até se enganando com a voz da sua própria mente.
*** Mas agora que me provou até onde estar disposta a ir por sua ambição, também te darei o que deseja, Madeline. Eu gosto mesmo de você. O gosto da sua alma me excita. ***
Madeline sentiu essa fala ligar os sentidos do seu corpo. Sentiu um beijo em seus lábios. Sentiu a mão em seu ombro deslizar para seu pescoço em um afago de amante. E então os beijos em seu pescoço.
Seu corpo e alma são meus, garotinha. Mexeu com poderes que não tem ideia do que são. Mas vou perdoar seu engano se me ceder seu corpo também. Não vou infernizar você como deveria por ser tão descuidada em abrir um portal mágico sem conhecimento prévio. Eu vou fazer o pacto como faria com um mago de alto escalão, que me prenderia e exigiria meus conhecimentos e em troca me libertaria. E por você ter me conjurado com respeito e sem as armadilhas de Salomão, mesmo se arriscando muito assim, você tem minha simpatia, minha inexperiente bruxa. Eu estou obcecado por você! Mas isso não me faz benevolente. Sabe o que invocou. Me ofertou seu sangue, seu rancor e sua dor contra nosso Criador insensível. E nós pisaremos em todos aqueles que subestimaram você. Mas em troca, mostre ao mundo a outra visão da Queda. Mostre minha visão! E me ceda seu corpo.
— Sim. Mesmo que isso seja só minha mente criando peças, a resposta é sim. — Madeline comentou sem medo. A raiva sendo um alimento maior que a sanidade. Todos os gritos de sua família que nunca seria nada.
**Hoje sua sensibilidade está bem mais forte. Estou orgulhoso. No fim não era só talento a ser lapidado. Poucos me escutam como você. Acho que temos um vínculo. **
— Vínculo?
***É. Uma simbiose perfeita, você se abriu a mim. Como Venom e Eddie Brock, do filme que você gosta. Ao que parece nós temos a mesma vibração. Você é mais forte e poderosa do que pensa. Seu chamado é nas trevas e a luz te enfraquece e tenta te moldar e enfraquecer. Eu vou te tornar grande, Madeline. E assim minha voz alcançará milhões e eles verão as maravilhas de reinar no inferno no lugar de servir no céu. Você é o meu portal para esse mundo. Me conceberá na Terra através das suas palavras. Eu vou renascer através de você minha mãe infernal. E serei como o Verbo que se fez Carne em toda a profanidade que isso exigir. Você é minha profeta infernal. Meu triunfo! Minha achada que estava perdida e ignorada por um criador perverso como eu fui. Mas eu te encontrei e eu serei tudo aquilo que meu Pai não foi para você. ***
Madeline sentiu a mão invisível deslizar de seu pescoço para seu seio. Madeline fechou os olhos vendo o bonito homem de horrendo chifres na cabeça. O horror deu lugar ao prazer quando sua blusa foi rasgada. E ele consumiu seu corpo e seu lamento angustiado e molhado entre suas pernas. Era uma visão somente, mas a sensação era tão nítida que ela chegou mesmo a um orgasmo.
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Atualizado até capítulo 82
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