CAPÍTULO 4

Acordei como sempre, a primeira a se levantar. Tinha que correr com os meus afazeres e o meu dia se iniciava com a preparação do café para o marido, desde o casamento eu mimava-o, acredito ter sido esse meu erro, pois hoje o vejo como um egocêntrico.

Entrei no quarto,vi o celular dele em cima da cama,fazia tempo que isso não acontecia, ele sempre estava com ele ou nas mãos, ou no bolso.

Foi quando chegou uma mensagem e eu peguei o celular para olhar, era dela! Abri a mensagem e as mensagens que eles acabaram de trocar quebrou-me:

ELA -- Bom dia gato,tá sozinho?

ELE -- Bom dia linda, pode falar.

ELA -- E aí o que tem pra hoje...é sua folga né?

ELE -- Churrasco com uns amigos. Topa ?

ELA -- Bora bebê...

Nesse momento o celular foi arrancado da minha mão eu virei uma fera,só não gritei ou quebrei algo na cara dele, pois tinha na mente que os meus filhos não precisavam passar por isso. Sempre devemos proteger os nossos filhos. Falei baixo, mas com ódio:

--- O quê você fez? Você acabou comigo!

--- Não é o que você está pensando ...

--- Agora sou louca? Vai insistir nessa fala?

--- Não é nada...

--- Você está saindo com aquela vaca.

---Você tá louca, eu apenas falei que ia num churrasco com amigos. Só isso.

--- Já falei que não acho certo essas amizades com mulheres, esses contatos, esses bate-papo...

--- Deixa de ser boba, é por conta do comércio. Quer saber? Nem vou sair hoje. Nessa folga vou ficar em casa ,com você. -- ele falou com uma voz persuasiva.

Com isso fui me acalmando, e mesmo com desconfiança, resolvi aceitar as desculpas.E assim foi o dia de folga ficamos em casa ,eu cuidando das crianças e ele no celular.

As vezes me pergunto onde foi parar o companheirismo, o amor. Tudo se evaporou e eu nem percebi como.Virei um nada e nem ao menos percebi.

Como ele me vê ? Essa é uma pergunta que me faço constantemente, pois ele não me olha mais com aquele olhar cheio de admiração e carinho. Seus gestos não são mais de carinho ou de proteção. Mulher sabe ,apenas não quer acreditar que a pessoa escolhida pra ser sua outra metade não faz o papel dela.

Ele quase não me procurava mais na cama,as vezes cansado, outras bêbado ou arrumava alguma desculpa para" virar" a cara e assim evitar-me. Já não olhava o meu corpo,que com duas gravidez já não era tão atraente e a idade já deixava a sua marca.

Eu ainda precisava de "atenção ", apenas não era incentivada a procurar, mas ainda tinha desejos...

A noite eu preparei-me : tomei um banho caprichado, perfumei-me , escovei os cabelos e enfiei-me entre os lençóis apenas de langery rendada e esperei...

Esperei ele terminar o filme.

Esperei ele escovar os dentes.

Esperei ele usar o banheiro e usar o celular.

Esperei, esperei,esperei...

Ele simplesmente deitou sem ao menos tirar a roupa, disse um boa noite seco,virou pro lado e dormiu.

No escuro, sentia o meu peito se apertar, um nó formou-se na garganta e mesmo tentando segurar, elas vieram. Quentes ...queimavam a face, chorei em silêncio sem deixar que um único som saísse.

Lixo ! Isso que eu era ,um resto de mulher sem direito a um pouco de carinho, sem sentir a dias um toque de amor ou um corpo quente colado ao meu. Sofri em silêncio, não queria testemunhas do meu fracasso como mulher. Era humilhante demais essa situação sem que ele soubesse do meu desespero, não queria mais desprezo além desses que já colecionava.

Quando tive certeza de que ele estava no seu sono pesado, levantei-me sem fazer barulho, tirei aquela langery que guardei por tanto tempo para usar para ele, tomei um banho, afinal não existe coisa mais reconfortante que lágrimas em baixo de um chuveiro de água quente.

Chorei por toda a minha frustração, todo o desgaste do meu casamento. Saí do banho um caco, como se tivesse deixado de ser "mulher", coloquei o meu pijama de sempre, deitei do meu lado da cama e deixei rolar as lágrimas que ainda insistiam em aparecer, até que adormeci.

Acordei logo cedo com o meu despertador,já estava no meu horário. Vida que segue...

Tentei usar um sorriso tatuado na cara que não chegava aos olhos e muito menos na alma. Meus filhos na precisavam saber da minha agonia, muito menos o marido saber do meu sofrimento e ninguém que eu encontrasse no caminho da escola das crianças precisava saber do meu fracasso amoroso.

Mas eu reduzi-me a um ser sem utilidade, não era vista como uma mulher, eu não me sentia mais desejada ou respeitada.E mais um pouco do meu brilho se apagou.

Como fui chegar a esse ponto ?Essa pergunta ficou martelando na minha cabeça sem conseguir uma resposta se quer.

Levei os meninos para escola e na volta pensava em tudo que vinha passando, em como o meu casamento andava a desmoronar e eu não entendia o porquê.

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OLÁ AMADINHAS...

É complicado colocar um pouco de mim aqui sem me expor demais, mas estou misturando realidade com um pouco de ficção...

Bjs de Luz 💓

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