Terminamos o ano letivo. Eu nem acredito que não vou mais precisar acordar de madrugada. Graças a Deus estamos de férias!!!! A tia me chamou pra aproveitar um fim de semana no sítio. É de um amigo misterioso, ela nunca fala, mas vive saindo e recebendo presentes. Tá mais que certa, é solteira, nova e linda, tem mais é que aproveitar a vida mesmo. Eu já sabia que não poderia ir, por causa dos monstrinhos que chamo de irmãos. Porém, para a minha surpresa, ela já tinha arquitetado tudo e resolvido com minha mãe. Não sei como, mas as duas se dão muito bem, chegam a sentar para bater papo, todas as raras vezes que a tia aparece por aqui. Mas isso realmente foi uma surpresa, dona Sueli nunca me deixa fazer nada! Aliás, nada para me divertir e relaxar ne? Porque pra cuidar de casa e criança, eu sempre posso.
Estou ansiosa, nunca dormi fora de casa assim, só na casa da vovó. Separo umas roupas e um biquíni, pois sei que tem piscina nesse sítio. Embora não saiba nadar, eu gosto muito de tomar um solzinho na água. Só pegar sol mesmo, porque sou tão branca que não seguro marquinha, fico igual a um camarão, mas coisa de 3 dias, já estou branquela novamente.
Termino de arrumar minhas coisas e saio pelo sítio a procura do meu pai. Uai, será que ele saiu e não me falou nada? Sinto uma mão me puxando. Ah não!!! Me deixa em paz seu velho asqueroso. Dessa vez eu não fiquei quieta. Eu saí correndo. Estava decidida a contar pro meu pai. Mas deixaria isso pra depois do sítio, nada iria estragar meu Final de semana.
Volto chorando pra casa.
- Yasmin, aconteceu alguma coisa minha filha? Você está pálida. Viu um fantasma foi?
- Quase isso pai. É que...
- Senhor Otávio? Olho assustada, quando estava prestes a contar, aquele velho nojento vem chamar meu pai. Eu sei que ele não queria falar nada, só se certificar que eu não iria contar. Ele me fita com os olhos, como se me lembrasse de sua promessa: matar minha família, caso eu abrisse a boca.
- Sim senhor Thomas, posso ajudar em algo?
- Só queria avisar ao senhor que estou indo para Belo Horizonte, soube que a Yasmin está indo passear, se quiser posso deixá-la na casa da tia dela. Será mais seguro, aqui por mais que seja pacato, teve um aumento grande no número de assaltos.
Antes que meu pai responda, eu entro na conversa, tento não demonstrar nada. Tenho muito medo desse homem, e papai não pode perder o emprego agora.
- O senhor Thomas, muito obrigada! Mas a tia vem me buscar, ela quer entregar umas coisas pra minha mãe. Minto descaradamente.
Meu pai me olha sem entender. Ele sabe que inventei isso. Mas ele entra no jogo:
- Ah! Mas aqui não preciso me preocupar, minha filha é muito queria e conhece todo mundo, desde polícia aos rapazes que mexem com outras coisas. Ela sempre se orgulhou em tratar todos bem, ser amável e educada, por isso se sente segura para andar aqui por perto. Mas como ela disse, a tia dela vem buscar.
Ele percebe que está esticando demais e para, apenas agradece e o velho vai embora.
- Yasmin, porque não quis ir com ele. Há algo que eu precise saber? Acho que você não gosta muito dele né?
Quero contar, mas não posso. Não agora. Preciso ser forte. Papai precisa desse emprego e eu não posso trabalhar ainda pra ajudar ele. Então mais uma vez dou uma desculpa.
- Pai, o senhor me conhece. Sabe que não gosto de andar sozinha com homem por aí. Mesmo ele sendo um senhor, não pega bem.
- Ah filha, você está certa. Que orgulho de você. Bem que sua amiga Júlia podia ser tão ajuizada assim. Tenho ouvido comentários sobre ela e não estou gostando nada. Se sua tia fica sabendo, vai ter um treco.
- Pai, não se preocupa. Tenho dado muitos conselhos a ela. Ela está mudando. Logo logo iremos ouvir apenas coisas boas.
Ele abre um sorriso largo e me abraça. Nesse momento vai até o quarto e volta com uma caixinha.
- Filha, você já está ficando uma moça e é perigoso que ande por aí sem ter uma forma de comunicação.
O olho confusa.
- Eu tinha umas galinhas aqui que precisava passar pra frente, estavam velhas demais. Então troquei nisso aqui. Toma, é seu! Não é novo. Mas você pode usar em caso de apuros.
Ele me entrega um celular. Na época era sensação Nokia 3310, me lembro perfeitamente. Era cinza e estava com a capa quebrada. Mas eu amei mesmo assim.
- O pai, não precisava se incomodar. O senhor já tem tantos gastos.
- Você merece minha filha. Além de ser meu porto seguro, é excelente filha, irmã e aluna. Passou com nota máxima em todas as matérias. É o mínimo que posso fazer.
Ele me abraça e escutamos uma buzina. Senhor Thomas está saindo e oferece novamente uma carona. Papai acena como quem diz: " pode ir, ela não vai" e ele vai embora. Que alívio. Agora posso me preparar para o final de semana.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Josiane F. Maier
judiação é muito triste ñ poder contar a verdade para os pais pior ainda é contar é ñ ser compreendia ou protegida gente é horrível
2022-11-29
5