Pequenos conflitos

Estamos sentados a mesa. Há tanta comida que, daria para todos os seus guardas que estão na propriedade.

O silêncio é quebrado por William:

— Sally, onde está a sua família? Eles não vieram procurar-te, só tenho visto o seu irmão Mason.

— Eles não virão, não se importam.

— Os seus pais, eles...

— Senhor William, se me der licença, quero ir pro meu quarto, não estou me sentindo bem.

— Está sentindo algo? Posso levá-la até o hospital.

— Estou bem, só um pouco indisposta.

— Se for pelo que eu disse...

— Está tudo bem, só quero deitar-me um pouco.

— Sally, se quiser, posso ir contigo.

— Obrigada Vick, mas, eu só quero ficar sozinha agora.

despeço-me dos dois e subo para o meu quarto, me deito na cama. Lágrimas começam a surgir no meu rosto.

Como seria se eu tivesse uma família que me amasse e cuidasse de mim?

Mason é o único que tem cuidado de mim desde criança. Fico a pensar em tudo que já passei, as humilhações e sofrimentos que me fizeram passar. Prometo a mim mesma que vou levantar a cabeça, seguir e batalhar por meus sonhos. Choro bastante e acabo adormecendo.

Os dias seguintes, fico mais no quarto, aproveitando os livros incríveis que William me emprestou. Não tenho visto muito o ele, deve estar organizando a segurança, para a chegada do rei.

Desde do dia do meu aniversário, da minha transformação, não ouvi mais a minha loba, por que ela não falou mais comigo?

Tomo a iniciativa e tento falar com ela.

— Petra? Olá, está aí? Petra? Por que não falou comigo novamente?

— Estou aqui Sally.

Sinto a tristeza na sua voz.

— O que houve? Está bem?

— O nosso companheiro arrependeu-se do que fez, ele disse que te ama, Sally, mas você o mantêm longe, não quer perdoá-lo. Eu sinto a tristeza dele e do seu lobo, todos os dias, ele te quer de verdade.

— Petra, a minha vida até aqui tem sido humilhante. E ele, o que deveria nos amar e proteger, simplesmente fez o que a minha irmã, que sempre me humilhou, desejava. Ele a fez sua, a colocou na casa da matilha. O meu quarto era ao lado do deles, sabe quantas noites eu chorei a escutar os dois fazendo amor, suas risadas e gemidos? Bem, minha irmã e inclusive o nosso maravilhoso companheiro, se certificaram de humilhar-me diariamente. Depois que ele viu quem Lucily era de verdade, ele arrependeu-se, agora me ama? Tarde demais minha loba. Eu prefiro sofrer sozinha do que mal acompanhada.

— Sally, ele é nosso companheiro!

— Ele não quis ser nosso companheiro!

— Mas, agora...

— Petra, eu te entendo, você está agindo pelo seu instinto, você é uma loba, e não é porque é minha loba, mas você é linda e não merece ser tratada como ele nos tratou. Nenhuma de nós merecemos. Eu estou aqui, vai ficar tudo bem, vou cuidar de você, e sei que cuidará de mim, pois, juntas, nos tornamos uma.

— Tudo bem Sally, eu te entendo, ele te machucou muito. Confio em você, e sei que tomará a melhor decisão ao nosso favor.

Após ter uma pequena conversa com Petra, finalmente nos entendemos. Os dias passaram rápido, não tinha percebido, pois, estava mergulhada nos livros. Hoje, todos estamos na praça principal esperando o rei. Estou aflita e nervosa, espero que o rei decida ao meu favor, não quero voltar para o poder do Alfa Hakan.

Vick está ao meu lado, William está cuidando da segurança caso algo aconteça. De repente, sinto alguém puxar o meu braço.

— O que pensa que está fazendo? Sua garota idiota!

— Mamãe?

— Você vai desistir dessa maluquice e vai voltar hoje mesmo para a casa da matilha.

— Sinto muito mamãe, mas, eu não quero voltar.

— Você não tem escolha Sally, o seu destino é servir a sua irmã pelo resto da sua vida miserável!

— Não mamãe, meu destino eu posso escolher.

A nossa conversa termina com o tocar das cornetas, o rei chegou.

A carruagem é linda, seu acabamento é em ouro. Não entendo porque o rei não usa um carro igual ao seu beta, talvez, seja bem tradicional. Há centenas de guardas o protegendo. Mas, o que mais me chama atenção é o que ele faz ao descer da carruagem, o rei dá um forte abraço em William, eles devem ser bem próximos.

Ele está usando uma máscara dourada, não dá para ver o seu rosto.

Todos as pessoas que estão na praça o reverenciam se curvando ao supremo, e em seguida, ele segue para a casa real.

Estou indo na sua direção, quando sou puxada novamente.

— Você não vai voltar para lá, irá para a casa da matilha!

Fico um pouco sem reação ao olhar para a minha mãe, mas Vick me ajuda a escapar.

— Sinto muito senhora, mas, é ordem do beta do rei, ela terá que voltar comigo, ou contarei que a senhora quis ir contra suas ordens.

A minha mãe me solta e sai bufando de raiva.

— Você não vai conseguir o que quer, Sally.

Espero que ela esteja errada, quero muito que o rei me ajude. Amanhã às nove horas da manhã é a minha audiência com o supremo, ele poderá me dar uma chance de ser feliz?

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