Horas se passaram e o momento de buscar Mathew já havia chegado. Eu estava em frente à sua escola esperando ele sair e assim que isso aconteceu, saí do carro e o esperei em frente ao mesmo, com a porta aberta. Fiquei confusa quando percebi que ele entrou sem falar uma palavra, e mesmo quando eu disse “Boa tarde”, ele não retrucou. — Como foi a aula?! — questionei, não acreditando que ele estava realmente me ignorando. Talvez não ouvira a minha saudação.
Para a minha decepção, ele não me respondeu. Olhei para seu rosto pelo retrovisor, e observei-o quieto, novamente mexendo em seus dedos, totalmente alheio a mim ou o que quer que eu estivesse falando. Decidi deixar isso pra lá por enquanto, apenas dirigi até a sua casa e quando chegamos, ele nem me esperou abrir a porta, saiu sem nada dizer.
Engoli a seco, pensando que provavelmente perdi o meu emprego. Pensei, pensei e repensei em tudo o que eu fiz, vasculhando a minha mente em busca de algo que eu pudesse ter feito a ele, de ruim, é claro. Falhei miseravelmente em tentar lembrar, mas tudo o que vinha em minha mente era o momento em que eu abordei os garotos que estavam o perturbando. Um suspiro cansado escapou dos meus lábios e eu mordi um deles, não acreditando que esse possa ser realmente o motivo do garoto estar me evitando.
Provavelmente eu vou perder o meu emprego se ele decidir contar ao seu pai o que aconteceu, ou até mesmo... Mentir a respeito de tudo. Crianças são assim, e apenas a possibilidade de ser mandada embora me assombrou, por isso eu tratei de ir tentar conversar com Mathew novamente; ainda teríamos 2 horas e meia até a sua consulta com a fisioterapeuta, então eu vou pelo menos tentar resolver isso. — Beth, o Sr. Bennett, está em casa? — questionei ao entrar na cozinha e ela me olhou curiosa, estava secando algumas louças, um ótimo cheiro de comida inundou meus sentidos e assim eu pude perceber que estava morrendo de fome
— Não, ele não está, senhorita. Hoje ele fica na empresa até às 20h da noite. — concordei, talvez um pouco aliviada?
— Tudo bem, Beth. Por favor, me chame apenas de Any. — ela sorriu e concordou. Trocamos últimas palavras e eu rumei para o quarto de Mathew, bati na porta e ele permitiu que eu entrasse. Assim que me viu, o garoto suspirou e desviou o olhar para a tv a sua frente. — Vim te ajudar com o banho, Mathew.
— Não precisa, eu posso me virar sozinho. — foi rude e eu engoli a seco, tentando não perder a paciência com ele, afinal meu emprego está em jogo aqui
— Mathew, o meu trabalho é esse. Você não pode simplesmente me dispensar como se eu não fosse nada, seu pai me paga pra cuidar de você e é isso que eu vou fazer. — respondi, sem perder a postura.
— Olha, eu-
— Você pode me explicar o porquê de você estar agindo assim?! Eu não estou te entendendo, e gostaria muito de entender, porque até algumas horas atrás você parecia confortável com a minha presença. — o confrontei, sem soar grossa.
— O que acontece é que o que você fez hoje pode fazer com que todos façam ainda mais piadas comigo! — ele respondeu, um pouco alterado e eu me assustei — Você ameaçou um dos garotos populares do colégio, tem ideia do que isso pode me causar? Você não sabe a forma como eles me tratam naquela escola, é horrível! — lágrimas começaram a rolar por suas bochechas e eu finalmente pude o entender.
Sei exatamente como ele se sente.
— Mathew, você não precisa ficar com medo do que eles podem fazer. É algo que pode ser resolvido. — ele negou com a cabeça, limpando rapidamente as suas lágrimas — Eles disseram algo com você depois que eu saí?
— Não. — enruguei as sobrancelhas, confusa
— Você está sofrendo antecipadamente por algo que nem sabe se realmente pode acontecer?! — ele mordeu o lábio, provavelmente envergonhado — Meu querido... — eu me aproximei dele, me ajoelhando em sua frente, olhando em seus olhos — Eu estou aqui para te proteger, sim? Eles não fazer mais absolutamente nada com você, e se fizerem, eu vou até lá e darei um jeito nisso.
— Mas...
— Mathew... Eu preciso que você confie em mim, sim? — me levantei, passando as mãos em seus cabelos, carinhosamente — Eu estarei aqui pra te ajudar. — eu sorri para ele, e já achava que nossa conversa estava encerrada por ali, mas não foi bem o que aconteceu
— A minha mãe me dizia a mesma coisa, e hoje eu não a vejo mais. — suas palavras partiram o meu coração. Senti vontade de chorar naquele momento, a forma como ele falou realmente mexeu comigo. Suspirei e lhe dei um abraço desajeitado, ainda meio sem graça.
Ele é só uma criança. Não merece nada disso.
— Eu não sou como a sua mãe, Mathew. Eu te prometo que você não vai estar mais sozinho, eu serei como uma pedrinha no seu sapato, ok? — ele deu um sorriso fraco e eu acabei sorrindo junto
— Você promete?
— Eu prometo. — ele sorriu ainda mais
— De dedinho? — estendeu seu dedo mindinho e eu gargalhei, o tomando com o meu
— Claro! — me estiquei para dar um beijinho em sua bochecha — Agora, vamos almoçar que daqui a pouco você tem fisioterapia, mocinho.
— Tá, tá. Tudo bem.
•••
Alguns minutos se passaram e Mathew havia almoçado, assim como eu e Beth também. Como o Sr. Bennett não estava em casa, me senti mais confortável em dividir a mesa com eles, que pareciam se sentir da mesma forma, pois todos conversávamos animadamente. Depois que terminamos, eu chequei a hora e percebi que ainda faltava bastante tempo para o que faria mais tarde, então ajudei Mathew a se organizar para dormir um pouco. Aproveitei esse tempo para conversar um pouco com Beth sobre tudo e ela me fez bastantes perguntas, assim como eu também a fiz.
— Quer dizer então que você já foi casada? — ela questionou e eu suspirei, concordando
— Infelizmente sim, Beth.
— Mas por que "infelizmente"?
— Porque eu tomei uma péssima decisão e isso acabou me gerando diversos problemas.
— Minha querida, eu sei bem como você se sente. Meio que passei por isso durante anos da minha vida, e é realmente horrível. — eu balancei a cabeça, em concordância — Principalmente quando você desenvolve uma espécie de dependência emocional.
Eu iria realmente respondê-la, mas o toque de um telefone nos assustou e ela foi rapidamente atender.
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Atualizado até capítulo 88
Comments
Maria Alves
Realmente ela vai enfrentar muitas dores que esse garoto carrega, mas ela com muita força e garra vencerá.
2023-10-12
6
Maria Lenilda
tudo de bom ❤️👏
2023-09-09
0
Maria Do Carmo
gostando muito!!!!
2023-08-02
0