Capítulo 3 – Primeiro dia de aula...

Finalmente quando a assembleia terminou, os alunos foram encaminhados para suas salas e nós fomos dar as primeiras aulas.

Eu definitivamente gosto do primeiro dia de aula, quando nos conhecemos. É sempre a mesma coisa, diga seu nome, idade, o que gosta de fazer, blá,blá,blá... Mas, não sei porque tem algo de mágico neste dia, mesmo quando as turmas de alunos já se conhecem, muitas vezes eles passam as férias inteiras sem se encontrar, e quando isso acontece a surpresa é grande para algumas pessoas, claro... rsrsrs...

Eu entro em minha primeira turma, um sexto ano adorável, os alunos são curiosos e criativos, me pego pensando que está tudo dando certo, e como estou feliz em estar neste lugar, conhecendo essas pessoas...

Enquanto os alunos estão conversando, se apresentando e contando o que fizeram, as vezes eu me perco nos meus pensamentos, fico lembrando de tudo o que eu passei para chegar até aqui, e como parece que eu estava sendo preparada para chegar hoje nesse lugar.

Enquanto estou aqui me sentindo privilegiada pela vida que tenho, um aluno chama meu nome, e meio que me acorda para a realidade, eu sorrio, e eles riem de volta:

- Pois não? Em que posso ajudar? Pergunto sem saber exatamente sobre o que eles estavam conversando. Eles riem ainda mais, contudo, meu aluno repete sua pergunta, ele quer saber quantos anos eu tenho e porque eu escolhi ser professora de artes, e eu conto a história que eu mais gosto de contar na vida.

- Bom, eu tenho 32 anos e eu escolhi ser professora de artes porque essa é a única profissão do mundo que posso me fantasiar para trabalhar e não ser taxada de louca. Agora acho que eles não vão parar de rir tão cedo, e eu adoro essa sensação de encantamento que eles transmitem.

- É sério gente, eu continuo, ainda vou vir dar aulas para vocês vestindo pijamas, vocês vão ver! Nisso o sinal do intervalo toca, como hoje é o primeiro dia de aula o intervalo será estendido para que os alunos possam ter uma melhor socialização, bem como os professores, então me dirijo para a sala dos professores, estou ansiosa por encontrar com meus mais novos colegas.

Na sala dos professores as perguntas não se modificam tanto, os professores mais velhos querem saber porque eu escolhi ser professora sendo que eu ainda tenho a vida inteira pela frente, os abastados contam suas férias no exterior, sempre existe aquele que foi acampar e suas férias foram uma mistura de aventura e comédia, o que faz todos rirem; em um belo momento de descontração.

O diretor entra e faz as devidas apresentações ladeado pela coordenadora pedagógica, aquela mulher “adorável”. Mais uma vez ele menciona o Festival de Primavera, como se fosse necessário lembrar a alguns professores a importância da participação de todos para o bem da instituição, e bem, de seu ego, rsrsrs...

Entre as perguntas aleatórias e respostas mais surpreendentes possíveis eu descubro que sou a única professora solteira do quadro de funcionários, isso me pega de surpresa! Como será que eu farei para me enturmar com os demais colegas? Talvez isso seja um problema, já que não conheço muitas pessoas. Mas, depois de pensar um pouco, decido encarar isso como um desafio! Sei que vou conseguir superar mais esse!

Quando o sinal toca novamente, anunciando que o intervalo terminou, e que todos deverão retornar às suas respectivas salas, ouve-se o som dos protestos dos estudantes, que com certeza adorariam ficar mais um pouco conversando e revendo os amigos.

Meu coração acelera ao saber que eu irei conhecer a turma do terceiro ano. Estou tão ansiosa por conhece-los, já que vai ser com eles que eu irei montar e encenar a peça no Festival de Primavera, e embora ainda tenhamos muito tempo para isso não consigo mais pensar em outra coisa, esse é o assunto mais comentado em todos os momentos e em todos os lugares.

• Calling all Angels – Lenny Kravitz

Saio da sala dos professores e vou em direção à sala do terceiro ano, ainda no corredor começo a escutar um barulho que vem direto da sala que eu devo entrar. Parece que está tocando uma música, então vou me aproximando devagar para entender o que está acontecendo.

Quando chego na porta da sala percebo que um aluno tem uma caixa de som nas mãos e com o celular reproduz uma música, ao perceber qual música toca não posso resistir ao sorriso que se forma em meus lábios, afinal de contas esses alunos deveriam ser bebês de colo quando Calling all Angels foi gravada por Lenny Kravitz, e o aluno dança pelo meio da sala, com movimentos mais engraçados que belos.

Eu encosto no batente da porta acompanhando a recepção que estou tendo, e curtindo cada instante, observo todo detalhe do que me acontece, como se fosse possível fotografar, para que eu não perdesse nenhum detalhe.

Quando um aluno muito bonito chega perto do rapaz e diz algo em seu ouvido, ao que ele responde:

- Para com isso J.P.! Estou fazendo apenas uma pequena recepção para nossa querida professora de artes. Ele se vira em minha direção, faz uma reverência e com um sorriso no rosto continua.

- Neste ano a nossa turma foi muito privilegiada, nós estamos chamando todos os anjos. Ele sorri ainda mais e se aproxima de mim ainda falando.

- Nós realmente precisávamos de uma intervenção dos céus, e você... Ele pega em uma das minhas mãos e se ajoelha à minha frente, e eu não posso controlar meu encantamento, então apenas sorrio com sinceridade.

- Você professora Angel, pode nos ouvir da sua nuvem? Quando ele termina seu discurso todos os demais alunos estão rindo demais para prestar atenção em mais alguma coisa, então ele me conduz até a minha mesa e senta-se no seu lugar.

Quando os alunos param de rir eu começo a dizer:

- Bom dia turma. Primeiramente, gostaria de agradecer demais a recepção que vocês fizeram para mim, estou realmente lisonjeada! Faço uma reverência para a turma, imitando o que o aluno tinha feito antes e continuo:

- Eu realmente estava muito ansiosa por conhecer a turma de vocês, devido à responsabilidade que iremos assumir juntos, de fazer com que este Festival de Primavera, seja o melhor de todos os tempos! Os alunos gostam do que eu digo e me interrompem em uma salva de palmas.

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