A paz voltou a Konoha de forma discreta, quase cuidadosa, como se a vila temesse despertar antigas feridas. As missões seguiram, os treinos continuaram, e o céu daquela noite estava limpo, iluminado por uma lua serena — irônica testemunha de tudo o que havia sido quebrado e reconstruído.
Sakura observava a vila do quarto onde estava sob vigilância. Não havia mais raiva, nem justificativas. Apenas arrependimento. Pela primeira vez, compreendia que não perdera apenas Sasuke para um amor que não era o dela; perdera também Naruto, não como inimigo, mas como algo talvez ainda mais doloroso — um amigo que confiara nela sem reservas. As lágrimas vieram silenciosas. Não pediu perdão em voz alta. Sabia que algumas perdas não exigem palavras, apenas aceitação.
Do outro lado da vila, Naruto e Sasuke estavam afastados do movimento, próximos ao antigo campo de treino do Time 7. Não havia tensão. Apenas a presença um do outro. Naruto falou sobre Hinata, sobre a força que ela teve ao aceitar a verdade sem ódio. Sasuke respondeu com um silêncio respeitoso, reconhecendo que nem toda coragem se manifesta em batalha.
A lua refletiu nos olhos deles quando Naruto deu um passo à frente, hesitante pela primeira vez em muito tempo. Sasuke não recuou. Não houve discursos, nem promessas grandiosas. Apenas a certeza compartilhada de tudo o que haviam enfrentado — rivais, inimigos, o passado e até a própria vila.
O beijo foi simples e calmo, carregado de significado. Não de urgência, mas de escolha. Ali não estavam o jinchūriki e o último Uchiha, nem heróis ou traidores. Apenas Naruto e Sasuke, em paz, finalmente permitindo-se aquilo que sempre existira entre eles.
Ao longe, Konoha dormia. Sakura chorava sua perda em silêncio. Hinata encontrava força em seguir em frente. E sob o céu tranquilo, dois antigos rivais selavam não uma vitória, mas um recomeço — conscientes de que a paz, diferente da guerra, exige coragem todos os dias.