A mudança começou de forma sutil. Sakura observava à distância — os treinos conjuntos, a proximidade constante, a forma como Naruto e Sasuke se entendiam sem precisar de palavras. Para ela, aquilo não era apenas amizade. Era algo que nunca fora convidada a participar. O amor que carregara por Sasuke desde a infância, antes ingênuo, depois doloroso, transformou-se lentamente em ressentimento.
Ela se convenceu de que Naruto estava sendo manipulado, de que Sasuke, mesmo “redimido”, ainda era uma ameaça. Usando seu acesso ao hospital e conhecimentos médicos, Sakura começou a pesquisar antigos pergaminhos sobre controle de chakra emocional — fragmentos do mesmo poder corrompido encontrado nas ruínas. A diferença era clara: agora, ela acreditava estar fazendo o certo.
Hinata percebeu antes dos outros. Viu o olhar de Naruto mudar quando falava de Sasuke — mais calmo, mais verdadeiro. Doeu, mas não houve raiva. Em silêncio, ela aceitou. Não porque fosse fraca, mas porque amava Naruto o suficiente para querer vê-lo feliz, mesmo que não fosse ao lado dela. Foi Hinata quem alertou Naruto sobre o comportamento estranho de Sakura, sem acusações, apenas preocupação.
O confronto aconteceu numa noite chuvosa, nos campos de treino vazios. Sakura revelou sua convicção: Konoha estava errada, Naruto estava cego, e Sasuke não merecia aquilo que recebera tão facilmente. O chakra distorcido envolveu seus punhos, misturando força e emoção. Naruto tentou alcançá-la com palavras. Sasuke ficou à frente dele, não para atacar, mas para protegê-lo.
A luta foi intensa, não apenas física, mas emocional. Cada golpe de Sakura carregava anos de amor não correspondido. Quando caiu de joelhos, exausta, foi Hinata quem se aproximou primeiro. Disse apenas que amar também significava saber soltar. Sakura chorou — não de ódio, mas de perda.
Após o incidente, Sakura foi afastada temporariamente, sob vigilância. Konoha ficou abalada, mas não destruída. Naruto e Sasuke, juntos no telhado do hospital naquela mesma noite, entenderam que o caminho deles não seria fácil — nem dentro, nem fora da vila.
Ainda assim, escolheram continuar.