Gênero: Fantasia sombria / Mistério sobrenatural / Laço entre mundos
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Capítulo 1: A Casa na Colina
Letícia sempre soube que não era como as outras pessoas. Desde pequena, via vultos onde outros viam apenas vento. Ouvia sussurros quando tudo deveria estar em silêncio. E sonhava, noite após noite, com uma casa antiga no topo da colina.
Foi em uma tarde de chuva que ela subiu até lá. A madeira da varanda rangeu sob seus pés, e uma voz doce, infantil, falou com clareza ao seu lado:
— Finalmente você veio.
Era Ana. Uma garota de sua idade, vestindo roupas antigas e com os olhos tristes demais para uma criança.
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Capítulo 2: A Amiga Invisível
Ana era gentil e curiosa. Contava histórias que Letícia nunca tinha lido em livros, conhecia cânticos em línguas esquecidas e podia fazer sombras dançarem nas paredes. Mas também evitava perguntas sobre sua família, sua morte e o motivo de ainda estar ali.
Letícia passou a visitá-la todos os dias, sem contar a ninguém. Mas, à medida que o véu entre os mundos enfraquecia, os encontros se tornavam mais perigosos. Ana começava a ouvir vozes que Letícia não ouvia. Algo a chamava.
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Capítulo 3: O Medalhão
Na casa da avó, Letícia encontrou um medalhão antigo com o nome "Ana" gravado no verso. Ao tocá-lo, viu uma visão: Ana, cercada por homens de mantos escuros, dentro de um círculo de sal, chorando enquanto um feitiço era interrompido.
Ela levou o medalhão para a colina. Ana olhou para ele com medo.
— Esse era meu... eles tentaram me usar. O ritual não terminou. Por isso eu fiquei.
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Capítulo 4: Os Devotos do Abismo
Letícia começou a ser seguida. Pessoas encapuzadas observavam sua casa à noite. Um bilhete foi deixado sob sua porta: "Ela pertence ao Véu. Você pertence ao Legado."
Ela e Ana investigaram o porão da casa antiga e descobriram um altar quebrado. Ana contou tudo: ela era uma Guardiã da Fronteira, e seu sacrifício era para selar um ser chamado Devorador de Almas. Mas o ritual falhou, e o selo está se partindo.
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Capítulo 5: Sussurros e Sombras
Ana começou a mudar. Seus olhos brilham à noite, e sua voz ecoa em paredes. Letícia também mudou: pode ver os mortos, sentir suas emoções, e suas mãos brilham quando toca o medalhão.
Juntas, encontram o Diario da Ana verdadeira. Nele, ela escreve: "Se um dia encontrar Letícia, diga que eu sinto muito. Ela não devia ter herdado isso."
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Capítulo 6: O Rito Final
Na última lua nova do ciclo, os Devotos tentam completar o antigo ritual usando Letícia. Mas Ana interfere. Ela invoca suas últimas forças, toma forma física por instantes, e protege Letícia com uma cântico ancestral.
Letícia tem uma escolha: usar o medalhão e selar o Véu de vez, libertando Ana, ou quebrar o ciclo e manter Ana ao seu lado, mesmo que isso traga o Devorador de volta.
Ela escolhe o sacrifício. O selo é completo. Ana sorri, com lágrimas nos olhos, e desaparece.
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Epílogo
Anos depois, Letícia caminha com uma jovem aprendiz. A colina está em paz. Mas, às vezes, quando o vento sopra certo, ela ainda ouve:
— Obrigada, Letícia. Nunca estarei longe.
E o medalhão brilha, quente em seu peito.
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Capítulo 7: Ecos do Véu (Continuação)
A paz nunca dura para sempre.
Na noite do aniversário de Ana, o medalhão pulsou com uma luz fria e azulada. Letícia acordou com a sensação de estar sendo observada. Pela primeira vez em anos, ela ouviu novamente aquele sussurro familiar:
— Letícia... me escute...
Mas a voz não vinha do medalhão. Ela vinha do espelho.
Lá, refletida não em prata, mas em negrume profundo, estava Ana. Seu rosto era o mesmo, mas seus olhos carregavam algo novo: urgência, medo, e... dor.
— O Véu foi rachado. Algo escapou comigo.
Letícia entende que Ana não está livre. Ela foi puxada para outro plano, um lugar entre mundos chamado As Salas Vazias, onde almas perdidas são esquecidas. E algo de lá está tentando atravessar usando a conexão entre elas.
Agora, Letícia deve decidir: ignorar o chamado e deixar Ana desaparecer para sempre... ou cruzar os limites da vida mais uma vez, mesmo que isso custe tudo o que construiu.