O vento sussurra segredos antigos
Entre as folhas que dançam sobre o chão,
E cada passo ecoa lembranças
Que o tempo insiste em esconder.
A lua, tímida, espia pelas janelas,
Enquanto o coração acorda devagar
Para sentir o toque da saudade
Que nunca pede licença, apenas chega.
Há um rio de sonhos nas ruas silenciosas,
Correndo entre os becos e os telhados,
Levando embora os medos adormecidos
E deixando pequenas faíscas de esperança.
As árvores observam, pacientes,
Os passos que hesitam entre o ontem e o amanhã,
E seus troncos carregam histórias
Que ninguém mais lembra de contar.
Palavras se perdem e se encontram
Na poeira dourada da tarde,
E eu descubro que escrever é
Abraçar o mundo sem precisar tocar.
O cheiro da chuva que ainda não caiu
Mistura-se ao perfume das memórias,
E cada gota que despenca do céu
Torna-se um verso livre, selvagem, indomável.
As sombras alongam-se pelas ruas desertas,
Mas não há medo nelas —
Há apenas a certeza de que tudo passa,
E que a beleza habita nos espaços pequenos,
Nos gestos silenciosos,
No suspiro contido que ninguém escuta.
E mesmo quando a noite se fecha inteira,
Há estrelas que insistem em acender-se,
Pontinhos de luz que parecem dizer:
“Há algo dentro de você que ainda pode brilhar.”
O primeiro capítulo se fecha,
Mas o eco das emoções permanece,
Como se cada verso fosse
Um portal para o que ainda virá,
Um convite para sentir sem pressa,
Para escutar sem pressa,
Para existir sem medo.
E assim, com o coração ainda leve,
Aprendo que o despertar não é feito de barulho,
Mas de pequenos sinais,
De um toque de vento,
Do brilho tímido de uma estrela,
Do silêncio que fala mais alto que qualquer palavra.