High Rise Formandos
Capítulo 1 – O Convite
High Rise, ano 2000. Uma cidade pequena, cercada por colinas e florestas, mas cheia de segredos enterrados entre os corredores do colégio. As luzes da escola piscavam como se sentissem o peso do que estava por vir. Era o ano da formatura — o que deveria ser o fim de um ciclo… e o começo de um pesadelo.
Bella observava o convite dourado com um nó na garganta.
“Formatura High Rise – 30 de junho de 2000 – Uma noite inesquecível.”
— “Inesquecível... pra quem sair vivo”, ela murmurou, sem saber por que aquela frase saiu da sua boca.
Naquela manhã, o primeiro corpo ainda não tinha sido encontrado. Todos os sorrisos, as provas finais, os planos para a faculdade — tudo parecia normal. Erike, o piadista do grupo, falava sobre fazer faculdade em Nova York. Julia, com seu jeito misterioso, usava um colar com um pingente que parecia brilhar demais. Clear, a mais doce, preparava um discurso. Roselin, orgulhosa de ser a mais popular, mal podia esperar.
Fred, Alana, Alice, Kimberly e Wendy?
Eles estavam vivos. Ainda.
Mas algo – ou alguém – já os observava.
Bella sentiu o ar da cidade mudar quando atravessou os portões da escola naquele dia. Havia algo diferente. Algo errado. Um pressentimento que grudava na pele como um toque frio.
“A formatura vai ser o fim de tudo…”
Foi o que ela ouviu, em um sussurro que ninguém mais pareceu escutar.
Capítulo 2 – Sussurros no Corredor
A escola High Rise, antes viva com risos e planos para o baile de formatura, agora estava envolta em silêncio. Era como se os corredores soubessem que algo estava errado. Algo sombrio.
Bella sentia. Seus passos ecoavam no chão de mármore, cada batida de seu tênis parecia um lembrete do que tinham perdido — ou melhor, de quem tinham perdido.
Erike não respondia às mensagens. Fred fingia que nada estava acontecendo, mas seu olhar não mentia. Roselin andava com os olhos vermelhos, como se tivesse chorado a noite toda. Julia… bem, Julia sorria. Mas havia algo estranho naquele sorriso.
Foi então que a primeira mensagem chegou.
No armário de Bella, um bilhete escrito com letras recortadas de revista:
“VOCÊS ACHAM QUE ELE SUMIU POR ACIDENTE?”
Bella congelou. Olhou em volta. Nada. Ninguém. Só o vazio. Ela engoliu seco e guardou o bilhete no bolso.
Na sala de aula, a tensão era visível. Kimberly tremia, tentando focar na lousa.
Alice trocava olhares com Fred, como se soubessem mais do que diziam. E Alana, a mais supersticiosa do grupo, murmurava uma oração em voz baixa.
Na hora do intervalo, aconteceu a primeira discussão.
— Para com isso, Fred! — gritou Erike, finalmente aparecendo. — Você sabe muito bem que isso tudo começou por sua causa!
— Cala a boca, Erike. Você nem sabe o que tá dizendo! — respondeu Fred, empurrando-o.
Bella interveio, tentando separá-los, mas algo mais chamou sua atenção: uma foto colada no quadro de avisos da escola.
Era antiga. Todos os oito amigos estavam lá, sorrindo. Mas havia algo estranho… alguém faltava. A pessoa que desapareceu não estava na foto. Como se tivesse sido apagada. Como se nunca tivesse existido.
Kimberly se aproximou devagar, com os olhos arregalados.
— Essa foto foi tirada no acampamento… todos nós estávamos lá. Eu lembro. Mas… cadê ele?
Bella olhou em volta, o coração acelerado.
— Alguém está brincando com a gente — murmurou.
— Ou nos preparando pra algo muito pior.
E naquele momento, as luzes do corredor piscaram. Três vezes. E uma nova mensagem surgiu no painel digital da escola:
“VOCÊS ESCONDEM SEGREDOS. MAS EU ESCONDO A VERDADE.”
O corredor ficou em silêncio total. Pela primeira vez, todos souberam: o perigo estava entre eles.
E ele só estava começando a se revelar.
Capítulo 3 – A Presença no Espelho
A manhã seguinte começou estranha. O céu estava escuro demais para as sete da manhã. Bella sentiu um arrepio ao se olhar no espelho antes de sair: por um segundo, jurou ver uma silhueta atrás de si. Mas ao virar, não havia ninguém.
No grupo de mensagens, o silêncio reinava. Até que Alice quebrou o gelo:
Alice: “Alguém mais viu a mensagem no painel ontem?”
Kimberly: “É óbvio que todo mundo viu, Alice.”
Fred: “Foi você, né? Você sempre quis atenção.”
Alice: “Você acha que isso é um jogo pra mim? Eu tô tão assustada quanto vocês!”
Na escola, a tensão virou rotina. Grupos sussurravam nos cantos, os professores fingiam normalidade, mas era impossível ignorar o clima.
Durante o recreio, o grupo se reuniu perto da escada do bloco velho.
— Isso tá saindo do controle — disse Roselin, abraçando os próprios braços. — Ontem, alguém pichou “VOCÊ É A PRÓXIMA” na porta da minha casa.
— Tá brincando? — Bella perguntou, chocada.
— Claro que não! — ela respondeu, trêmula. — Minha mãe queria chamar a polícia.
— E por que não chamou? — questionou Alana.
— Porque… — Roselin hesitou. — Porque se alguém tá nos perseguindo, é alguém que conhece a gente. Que tá perto demais.
Fred riu, sem humor.
— Eu disse desde o início. Isso tudo é culpa do desaparecimento. E eu tenho certeza que alguém aqui sabe o que aconteceu.
Erike explodiu:
— Quer falar de culpa, Fred? Fala então do vídeo da fogueira, do que você fez naquela noite!
O silêncio caiu pesado.
Bella ficou pálida.
— Que vídeo?
Fred arregalou os olhos.
— Cala a boca, Erike!
— Já falei demais, né? — Erike se afastou. — Então tá. Se vocês não contarem, eu vou contar.
Roselin correu atrás dele, desesperada. Bella olhou para Julia, que parecia estranhamente calma.
— Você sabia disso? — Bella perguntou.
Julia sorriu, gelada.
— Todo mundo tem segredos, Bella. Mas o pior é quando alguém começa a lembrar dos seus.
Naquela noite, Bella teve um sonho. Estava no vestiário da escola, com as luzes piscando. No espelho, ela via seu reflexo sorrindo... mas o verdadeiro rosto não era o dela.
Acordou ofegante. No celular, uma nova mensagem:“VOCÊ ESTÁ COMEÇANDO A VER. MAS CUIDADO: NEM TODO MUNDO QUER QUE A VERDADE APAREÇA.”
Bella jogou o celular longe. No reflexo do espelho, de novo, a silhueta apareceu — mais nítida desta vez.
E parecia estar sorrindo.
Capítulo 4 – Silêncio na Sala dos Troféus
A notícia se espalhou antes da primeira aula.
— “O diretor Dorian foi encontrado morto.”
Bella parou no meio do corredor ao ouvir a frase. Seus dedos gelaram, como se a morte tivesse passado por ela.
Kimberly veio correndo, quase sem ar.
— É sério, Bella… disseram que foi na sala dos troféus. Que o corpo dele estava pendurado na parede, como se fosse… um troféu também.
— Meu Deus… — murmurou Bella, levando a mão à boca.
No refeitório, o clima era de desespero. Alguns alunos choravam, outros só filmavam tudo, como se estivessem num reality show doentio. No fundo da sala, a diretora substituta, professora Odete, fazia um pronunciamento:A escola está em luto. Por isso, a formatura está suspensa até segunda ordem.
Um burburinho imediato tomou conta do ambiente.
— O quê?! — gritou Fred, levantando da cadeira. — Já tiraram o cara da parede e agora querem tirar a única coisa boa que a gente tem?
— Isso é loucura! — concordou Roselin. — Não é a gente que tá matando as pessoas!
— Por enquanto… — murmurou Erike, baixo demais para ser ouvido.
Bella olhou para os amigos. Era surreal. Um diretor morto, uma formatura ameaçada, e mesmo assim... eles não queriam parar.
— Talvez seja isso que o assassino quer — disse Bella. — Que a gente cancele, que se esconda, que tenha medo.
Julia se aproximou lentamente, olhando para ela com os olhos frios.
— Ou talvez ele esteja só se divertindo. E quanto mais a gente insiste em continuar… mais jogo ele tem pra jogar.
No fim do dia, foi convocada uma reunião entre os alunos do último ano. Eles votariam: cancelar ou manter a formatura?
Fred pegou o microfone.
— Já tiraram o Jonas da nossa turma. Agora tiraram o diretor. Quem vai ser o próximo? Eu? Você? Bella? — Ele apontou. — Mas quer saber? Eu não vou deixar que isso estrague o fim do nosso ano. Eu quero dançar. Eu quero esquecer. Eu quero viver.
Muitos bateram palmas. Outros choravam. Alguns apenas se entreolhavam com medo.
Bella foi a última a falar:
— Eu também quero tudo isso. Mas eu quero, principalmente, saber quem tá por trás disso. E se alguém aqui dentro sabe de algo… agora é a hora de falar.
Silêncio.
A votação foi feita.
Resultado: 72% dos alunos votaram por manter a formatura.
Ao sair da sala, Bella recebeu mais uma mensagem anônima:
“Vocês querem dançar? Então que comece a dança. Eu vou escolher os pares.”
No fim do corredor, uma figura de capuz preto observava tudo. E quando Bella olhou… não havia mais ninguém ali.
Mas ela sabia.
O assassino ainda estava por perto.
E a formatura seria o palco perfeito para o próximo ato.
Capítulo 5 – Antes do Último Baile
A escola tinha virado um campo de guerra entre o medo e a negação.
Cartazes da formatura voltaram a ser pendurados. Balões pretos e dourados chegaram mais cedo do que o previsto, e os alunos, mesmo assustados, pareciam decididos a se agarrar a qualquer migalha de normalidade.
Bella arrumava o painel de fotos da turma quando sentiu algo estranho: na última fileira, havia uma imagem que ninguém lembrava de ter tirado. Nela, os oito amigos apareciam, mas no fundo… uma figura encapuzada observava. Quieta. Invisível até aquele momento.
Isso tava aqui antes? — perguntou Kimberly, empalidecendo.
— Não… — sussurrou Bella. — Alguém colocou depois.
Naquela mesma tarde, Alana saiu da escola mais cedo. Disse que não estava se sentindo bem, que ia para casa descansar.
Mas ela nunca chegou em casa.
A Morte de Alana
Alana entrou no carro, ligou o rádio e acelerou. A chuva fina começava a cair, mas ela só queria distância da escola, dos bilhetes e das sombras que pareciam segui-la.
Dirigiu pela estrada que cortava o bosque, onde poucos alunos passavam.
O rádio chiou. A música parou. E, no lugar, uma voz distorcida surgiu:
— “Você devia ter votado para cancelar a formatura.”
— Que porra é essa? — disse Alana, tentando desligar o som.
Mas o botão não funcionava. O carro também começou a falhar. Ela olhou para o painel: todos os ponteiros giravam loucamente.
Desesperada, parou o carro no acostamento. Saiu, ofegante, tentando pegar sinal no celular.
Foi quando escutou passos atrás de si. No meio da névoa da estrada, uma figura se aproximava.
— Quem tá aí?! — gritou.
Silêncio.
Ela correu pela mata, escorregando na lama, respirando forte. Tentou voltar pra estrada, mas se perdeu.
Foi então que viu: um espelho, em pé, no meio do mato. Sozinho. Impossível de estar ali por acaso.
Ao se aproximar, a imagem no espelho não era a dela — era a de Bella, de olhos vazios e boca aberta num grito mudo.
Ela gritou.
Um braço envolveu seu pescoço por trás. Forte. Preciso.
O assassino sussurrou:
— “Agora você faz parte da coleção.”
Com um estalo seco, quebrou o pescoço de Alana. Seus olhos permaneceram abertos, refletidos eternamente no espelho. O corpo caiu, e a figura encapuzada arrastou-o até o fundo da floresta.
No dia seguinte, os alunos encontraram um novo item decorativo no salão da festa que estava sendo montado: um espelho antigo, trincado, com uma flor preta no canto inferior.
Ninguém sabia de onde veio.
Mas Bella sabia.
E a mensagem que ela recebeu naquela madrugada só confirmava:
“Ela não gostava de espelhos. Agora, vai viver dentro de um.”
Capítulo 6 — Sombras na Escola
O relógio da escola marcava quase 22 horas quando Bella decidiu voltar para a sala de estudos. As luzes no corredor piscavam, lançando sombras que pareciam dançar nas paredes desgastadas. Depois da morte da Alana, o medo se espalhava como um vírus entre os poucos estudantes que ainda estavam ali.
Erik, que tinha ficado para ajudar a limpar alguns materiais, caminhava atrás dela, sentindo um frio estranho na nuca. O silêncio do prédio era pesado demais, quase sufocante.
De repente, um rangido alto ecoou pelo corredor. Erik parou abruptamente, os olhos arregalados. No final do corredor, uma figura escura se movia lentamente, quase deslizando.
Bella! — ele gritou, puxando a amiga para trás — Cuidado!
Bella se virou assustada, a respiração falhando.
— Quem está aí? Mostre-se! — sua voz tremia.
A figura avançou rápido, uma lâmina brilhando sob a luz intermitente. Bella soltou um grito que parecia rasgar o silêncio, recuando apavorada.
— Não! Pare! — ela implorou.
Erik lançou-se à frente, empurrando Bella para dentro da sala mais próxima e fechando a porta com força.
— Quem é você? — Bella perguntou, a voz entrecortada — O que você quer de nós?
Do outro lado da porta, passos pesados se afastavam no corredor vazio, deixando para trás apenas um eco de perigo.
— Temos que contar para o resto — disse Erik, os olhos ainda fixos na porta.
Bella sentiu o peso da noite e da ameaça invisível.
— Mas e se o assassino ainda estiver aqui? — sussurrou, tremendo.
O medo, agora, não era mais só pela Alana.
Capítulo 8 — O Último Suspiro
A noite estava densa, carregada de uma tensão quase palpável. A escola, agora um labirinto sombrio e silencioso, parecia segurar a respiração. Só restava mais um entre eles, e a sensação de que a morte caminhava perto era sufocante.
Wendy caminhava sozinha pelo corredor que levava ao ginásio, onde a festa de formatura aconteceria horas depois. O coração acelerado, cada passo ecoava contra as paredes frias. Ela sentia que não deveria estar ali, mas precisava encontrar a sua melhor amiga, Bella.
De repente, uma sombra surgiu na esquina. Wendy congelou, os olhos arregalados.
— Quem está aí? — sua voz falhou.
Um sorriso frio apareceu na figura que avançou, segurando uma faca coberta de sangue, que brilhava sob a luz fraca.
Você deveria ter ficado longe disso, Wendy... — sussurrou o assassino, com uma voz gélida.
Antes que pudesse reagir, Wendy tentou correr, mas sentiu uma dor aguda nas costas. Um grito estridente escapou de seus lábios, ecoando pela escola. O sangue jorrou, manchando o chão e suas roupas.
— Por favor... — ela implorou, caindo no chão, os olhos cheios de desespero — Não... me deixe morrer assim...
— É tarde demais — respondeu o assassino, se aproximando lentamente, o olhar cruel.
Wendy tentou erguer a mão para se proteger, mas fraquejou. A vida escorria pelos seus dedos, enquanto suas forças se esvaíam.
— Bella... Erik... — suas últimas palavras foram um sussurro quebrado — Cuidado com quem confiam...
Com um último suspiro, seu corpo relaxou, ficando imóvel no chão frio e manchado de vermelho.
O silêncio voltou, só interrompido pelo gotejar lento do sangue.Capítulo 7 — Descoberta e Dúvidas
Erik caminhava apressado pelo corredor, procurando por Wendy. Sentia o peso da noite como uma nuvem escura sobre seus ombros, e o silêncio só aumentava sua ansiedade.
De repente, ele a viu — caída no chão, imóvel, cercada por uma poça de sangue vermelho vivo que manchava o azulejo frio.
— Wendy! — ele gritou, correndo até ela, o coração quase parando.
Bella chegou segundos depois, seu rosto pálido como a morte, olhos arregalados diante da cena horrível.
— Não... não pode ser... — murmurou, a voz embargada pelo choque.
Ela se ajoelhou ao lado da amiga caída, as lágrimas caindo descontroladas.
— Por que isso está acontecendo? — ela sussurrou, apertando a mão fria de Wendy.
Erik tentou manter a calma, olhando ao redor, temendo que o assassino ainda estivesse ali, esperando o momento certo para atacar de novo.
— Bella, precisamos ser fortes. A formatura... é o que temos para seguir em frente.
Mas Bella sacudiu a cabeça, o desespero afogando a determinação.
— Eu não sei se consigo mais... — ela confessou, as lágrimas correndo pelo rosto — Perder a Alana... agora a Wendy... É demais. Eu quero desistir.
O silêncio tomou conta do corredor, enquanto a escuridão parecia fechar os espaços, levando embora qualquer esperança.
Erik apertou o ombro de Bella, tentando passar força.
— A gente vai passar por isso juntos. Você não está sozinha.
Mas, naquele instante, Bella só queria fugir daquela noite terrível, daquele pesadelo sem fim.
O Dia Antes da Formatura
Uma câmera tremia ligeiramente enquanto a repórter, com o rosto sério, falava para o microfone diante da imponente fachada da escola High Rise. Ao seu redor, alguns alunos e professores observavam em silêncio, o peso dos acontecimentos recentes ainda visível nos olhares.
— Faltando apenas um dia para a formatura do Colégio High Rise, a expectativa é grande, mas o clima está longe de ser de celebração. — Ela falou, com a voz firme, porém carregada de preocupação. — Depois das tragédias recentes que abalaram a escola, todos sabem que essa noite será marcada por tensão e medo.
Ao fundo, uma aluna — Bella — observava de longe, os olhos fixos no prédio. O rosto dela refletia uma mistura de medo, dúvida e determinação.
— Para muitos, a formatura deveria ser o momento mais feliz da vida escolar, mas aqui no High Rise, ela representa muito mais: a chance de enfrentar um mistério sombrio que colocou todos em alerta.
A repórter finalizou o boletim, deixando no ar a sensação de que a festa de amanhã não seria apenas uma celebração, mas um confronto com o que parecia ser inevitável.
O Ataque no Shopping
O sol brilhava fora do shopping, mas dentro, o clima estava pesado. Bella, Erik, Clear e Fred caminhavam entre as lojas, tentando manter a normalidade enquanto faziam as últimas compras para a formatura.
— Vocês já decidiram o que vão vestir? — perguntou Clear, animado, tentando aliviar o clima.
— Eu só quero que essa noite acabe logo — respondeu Bella, com a voz tensa — Não sei se vou conseguir aproveitar.
Erik assentiu, olhando em volta, sempre alerta.
De repente, um estalo ecoou no corredor principal. Todos pararam, os olhos se cruzando em silêncio.
— O que foi isso? — perguntou Fred, engolindo em seco.
Antes que pudessem reagir, uma figura sombria surgiu atrás de Clear, agarrando-o pelo pescoço.
— Socorro! — Clear gritou, lutando para se soltar.
Bella e Erik correram em sua direção, mas a figura puxou uma faca, fazendo Fred recuar assustado.
— Saiam! — a voz do assassino era baixa, cruel.
Erik tentou enfrentar o agressor, mas foi empurrado para o chão.
— Bella, corre! — ele gritou.
Bella hesitou, o coração na garganta, mas viu Fred pegando um objeto pesado perto de uma loja e partiu para ajudar Erik.
O shopping virou um caos: gritos, correria, e o som da faca cortando o ar.
Em meio à confusão, a figura desapareceu por uma saída lateral, deixando para trás um rastro de pânico e sangue.
— Estamos ficando sem tempo — disse Bella, respirando fundo, os olhos brilhando com uma mistura de medo e determinação — Precisamos acabar com isso antes da formatura.
Capítulo 9 — Véspera do Fim
A noite caiu sobre a cidade de High Rise como um cobertor pesado. Dentro de suas casas, os poucos alunos sobreviventes da tragédia recente mal conseguiam dormir.
Bella encarava o teto do quarto, os olhos abertos, ouvindo os ponteiros do relógio como se fossem batidas de um coração apressado.
00:47.
Ela se virou na cama, tentando afastar as lembranças do ataque no shopping. A imagem de Clear sendo agarrado, os gritos, o sangue… tudo ainda estava fresco demais.
No celular, mensagens do grupo:
Erik: “Se acontecer algo amanhã, quero que vocês saibam que foram os melhores amigos que eu poderia ter.”
Fred: “Não fala isso, cara… vamos sair vivos dessa.”
Bella: “Amanhã é a nossa formatura. Não podemos deixar que ele — ou eles — destruam isso também.”
Enquanto isso, do outro lado da cidade, o assassino observava uma parede coberta de fotos dos alunos. Nomes riscados com tinta vermelha. Só restavam poucos.
Ele sussurrou para si mesmo:
— Amanhã é o grande final E ninguém vai esquecer da noite em que o High Rise caiu.
De volta à casa de Bella, um barulho na janela a fez se levantar com um pulo. Ela correu e puxou a cortina — nada.
Mas presa no vidro, havia uma folha escrita à mão, colada com fita. Ela a puxou com mãos trêmulas.
“Vista-se de preto. A morte adora elegância.”
Bella sentiu um calafrio subir pela espinha. Ela não sabia se era um aviso... ou uma promessa.
Capítulo 10 — Noite de Gala, Noite de Sangue
As luzes do ginásio da escola High Rise brilhavam em tons dourados e vermelhos, como se quisessem esconder o sangue que ainda não tinha sido derramado. Uma decoração impecável. Balões. Mesa de doces. Música alta. Roupas elegantes.
Mas os olhos de quem sobrevivia contavam outra história: medo.
Bella, vestida de preto como a mensagem exigia, entrou no salão com Erik ao seu lado. O olhar dela varria o lugar como uma lâmina. Clear, Fred, e poucos outros também estavam ali, tensos. A presença dos alunos parecia forçada, como se todos tivessem vindo se despedir… e não comemorar.
— Estamos dançando num campo minado — sussurrou Fred.
— Só precisamos aguentar até meia-noite — respondeu Bella, olhando o relógio. 23h06.
A música parou. As luzes se apagaram.
— Ei! Que porra é essa?! — alguém gritou do fundo.
Um holofote se acendeu. No palco, uma TV antiga chiava. E então, um vídeo começou. Alana, Wendy, julia...
todos apareciam em cenas gravadas secretamente. Chorando. Sozinhos. Vulneráveis.
Uma última imagem: a parede com as fotos riscadas. Uma risada distorcida tomou conta do ginásio. E, logo após… o grito.
Clear caiu no chão. A faca atravessava seu abdômen. Ele tentou gritar, mas só tossiu sangue.
— CORRE! — gritou Bella, empurrando Erik e Fred. A multidão se dispersou em pânico. Gritos. Choro. Correria.
Clear tentou estender a mão, olhos suplicando ajuda, mas o assassino abaixou-se ao lado dele.
— Você era o mais fácil — disse calmamente — Sempre quis fazer parte, não é? Agora é parte da história.
Uma segunda facada. Uma terceira. A quarta foi no coração.
No meio do caos, Bella correu até o fundo do ginásio, tentando acionar o alarme. Mas a eletricidade tinha sido cortada. O sangue escorria pelo chão liso da quadra.
Erik lutava com uma figura mascarada perto do palco. Fred apareceu e o ajudou a derrubar o assassino... mas ao tirarem a máscara:era apenas um aluno hipnotizado, amarrado com explosivos falsos no corpo.
— Isso é um jogo... — sussurrou Erik, com os olhos arregalados — Ele tá brincando com a gente.
Bella pegou o microfone e gritou, com o salão meio vazio e a maioria dos convidados fugindo:
— APARECE! VEM PRA CIMA DE MIM, DESGRAÇADO! — lágrimas de raiva e dor escorriam pelo seu rosto.
Mas a resposta veio fria, por um sussurro no sistema de som:
— Com prazer, Bella. Nos vemos lá fora.
Capítulo 11 — A Última Dança
Meia-noite.
O pátio externo da escola estava escuro, iluminado apenas por luzes de emergência. O trio final — Bella, Erik e Fred — caminhava lentamente, cada um armado com o que tinha encontrado. Uma barra de ferro. Um extintor. Um pedaço de vidro.
— Isso termina hoje — disse Bella, ofegante — Ele ou nós.
Uma risada surgiu atrás deles. De repente, Fred foi puxado por trás de um arbusto.
— NÃO! FRED! — Erik correu, mas já era tarde.
O assassino o esfaqueou no pescoço, e o sangue espirrou em Bella como um batismo macabro. Fred caiu com os olhos arregalados, as mãos tentando conter a hemorragia, mas era inútil.
VOCÊ VAI MORRER AQUI! — gritou Bella, partindo para cima do assassino.
A luta foi brutal. Bella o acertou com a barra. Ele caiu, mas se levantou rindo.
— Você ainda não percebeu, né? — a máscara foi retirada.
Era Kimberly.
— Eu estive com vocês o tempo todo... — ela disse, manchada de sangue, os olhos vazios — Eu fui ignorada, traída, ridicularizada. Eu vi cada um de vocês rir enquanto eu chorava. Agora eu rio por último.
— Você matou nossos amigos! — gritou Erik — Isso não é justiça. Isso é doença!
Kimberly sorriu.
— A diferença entre loucura e coragem… é só o quanto você aguenta sangrar.
Ela avançou com uma lâmina curva. Bella foi atingida no braço, mas conseguiu derrubá-la no chão. Erik a segurou enquanto Bella pegava a faca.
— Última chance, Kimberly… — sussurrou Bella.
Kimberly cuspiu sangue e riu.
— Pode matar, mas o trauma vai viver com vocês pra sempre.
Bella cravou a faca.
Kimberly estremeceu. E morreu sorrindo.
Silêncio.
O céu começava a clarear.
A polícia chegou minutos depois. Sirenes. Luzes vermelhas e azuis refletindo nos olhos esgotados de Bella e Erik.
A escola estava destruída.
A formatura virou luto.
Mas eles estavam vivos.
E haviam vencido o pesadelo.
Ou pelo menos… por enquanto.
THE END?
Cena Pós-Créditos — “Nem Todos os Mortos Ficam Mortos”
Local: Arquivo antigo da escola High Rise — 2 semanas depois
A câmera treme levemente, como se alguém estivesse filmando escondido. A tela é escura até que uma lanterna ilumina uma velha porta de madeira com ferrugem na maçaneta. Um chaveiro balança.
Clic.
A porta range, abrindo lentamente. A poeira sobe. Prateleiras com caixas. Documentos. Fotografias antigas de formaturas passadas.
Uma figura de capuz entra, filmando com o celular. É alguém que ainda não vimos. A respiração é pesada.
De repente, ela para diante de uma caixa de papelão escrita à mão:
"High Rise — 1999 - 2000: CONFIDENCIAL"
A pessoa abre.
Dentro, há:
– Uma ficha de matrícula de Kimberly…
– Várias cartas rasgadas escritas à mão, todas assinadas por um mesmo nome: "D. V."
– Uma foto antiga, envelhecida… com todos os alunos mortos da formatura deste ano aparecendo nela.
Mas o detalhe mais bizarro: a foto é de 1999.
E no fundo da imagem… está Bella. Jovem.
Exatamente como é hoje. Idêntica.
A figura que filma sussurra, assustada:
— Mas isso é impossível… ela não tinha nem nascido.
Um som metálico ecoa. A câmera vira com pressa, caindo no chão. A filmagem continua, de lado.
Um par de botas se aproxima lentamente da lente.
A voz que fala agora é calma, doce… feminina:
— Você não devia ter aberto isso.
A tela fica preta.
Fim.
Fim?