Ele não chorava.
Os olhos estavam secos, mas o peito… o peito sangrava de um jeito que ninguém via.
Diante do caixão aberto, ele permanecia imóvel, como se a qualquer movimento tudo fosse desabar — inclusive ele.
"Você sempre odiou flores brancas…", pensou, encarando as dezenas de lírios ao redor. "Preferia girassóis. Porque dizia que o sol te lembrava de mim."
Ele engoliu em seco. A garganta ardia, o mundo girava devagar.
Mas a única coisa que conseguia ver… era aquele rosto adormecido para sempre.
— Eu devia ter te protegido.
As palavras saíram baixas, como se fossem só para os mortos e os deuses ouvirem.
— Eu te amei tanto… e não foi o suficiente.
E então, finalmente, os olhos marejaram.
Mas ele não caiu. Não ali.
Porque no fundo, sabia:
o luto era o preço que se paga por ter amado alguém que valia a pena.