Era uma noite sombria e chuvosa. A lua escondia-se atrás de nuvens pesadas, lançando sombras distorcidas sobre a antiga mansão. A Mansão Esquecida, como os moradores da pequena vila a chamavam, estava abandonada há décadas. Dizia-se que ela era assombrada por espíritos vingativos e que qualquer um que ousasse entrar nunca mais seria visto.
O jovem escritor, Daniel, estava fascinado pela história da mansão. Ele ouvira as lendas e os sussurros dos aldeões, mas sua curiosidade o impelia a explorar o lugar por si mesmo. Naquela noite, com sua lanterna em mãos e o coração acelerado, ele atravessou o portão enferrujado e entrou na propriedade.
Os corredores escuros estavam repletos de teias de aranha e móveis cobertos por lençóis empoeirados. Daniel subiu a escadaria de mármore, cada passo ecoando como um sussurro do passado. Ele chegou ao que parecia ser o quarto principal. A cama desfeita, os retratos nas paredes desbotados pelo tempo – tudo parecia congelado em um momento de agonia.
Foi então que ele ouviu o primeiro ruído. Um arrastar de passos, como se alguém estivesse se aproximando. Daniel girou rapidamente, mas não havia ninguém lá. Ele continuou a explorar, cada vez mais convencido de que não estava sozinho. Sombras dançavam pelas paredes, e o ar estava carregado de uma energia opressiva.
Na biblioteca, Daniel encontrou um velho diário. As páginas amareladas continham relatos de tragédias, segredos e pactos sombrios. Ele leu sobre uma mulher chamada Isabella, que havia vivido na mansão no século XIX. Dizia-se que ela era uma bruxa, capaz de invocar forças além da compreensão humana.
Daniel sentiu um arrepio na espinha quando ouviu um choro vindo do sótão. Ele subiu as escadas empoeiradas e abriu a porta. Lá estava ela: Isabella, com olhos vazios e cabelos desgrenhados. Ela sussurrou palavras antigas e apontou para um espelho quebrado.
No reflexo, Daniel viu seu próprio rosto distorcido. Ele estava preso naquele lugar, condenado a vagar pelos corredores escuros como os outros antes dele. Isabella riu, uma risada que ecoou pela eternidade.
E assim, a Mansão Esquecida ganhou mais uma alma perdida. Daniel tornou-se parte da lenda, seu nome sussurrado pelos aldeões com medo. A antiga casa continuou a guardar seus segredos, enquanto a chuva continuava a cair sobre o telhado de ardósia, como lágrimas de um passado esquecido.
E assim, a noite se arrastou, e a Mansão Esquecida permaneceu em silêncio, esperando por novos intrusos que ousassem desafiar seu mistério sombrio.