Óh sol, divina luz solar, se tua luz fosse de enorme magnitude e singelamente astral me tirarias de tamanha profundeza obsoleta. Tenho estado ímpia em sonhos majorados e fadada a divina solidão, perdida sobre o ápice da loucura de minha própria mente, diferindo tantas palavras secas e difamando minha própria mente, criando regalias corais e brilhantes para me abster do fadado e magoado breu limboso.
Se mais ante me tivesse puxado com mãos nuas a caminho do claro paraíso, a mim como aristocrata de meu próprio cubicolo, estaria gozando de tamanha gratidão, vivendo aos brandos costumes de um nobre, ou um servo de um senhor de terras bondoso. Mas agora encontro-me ao alvorecer da divina capela dos pássaros, enxergando uma negra floresta e pisando em chão lamacento. Diante de mim, avistei com grande resplendor e magnitude um enorme cetro preso a uma rocha, estava diante da capela, com cercados podres e grama baixa. Os pássaros voavam amontoados por cima de mim e o silêncio me causava estranheza. Aproximei-me então, era grande, tinha o que poderei esclarecer como um manto rasgado, então ali pensei, "devo puxar ou não devo puxar?" e mesmo que me parecesse óbvio, ainda sim não conseguia refutar a dúvida do questionamento. Afinal, onde me encontro e por que me encontro? Por onde devo seguir e se devo para onde vou?
Não posso afirmar com clareza e tão pouco opinar sobre minha dúvida. Não parecia ter um caminho concreto e congruente que a mim restaria seguir, parecia uma sala, onde me era permitido andar até um determinado ponto antes me debater com a parede. Me sinto só, me dei ao luxo de sentir-me vazia e me faltou ar para repugnar tamanho infortúnio. "Talvez uma companhia não fosse ruim" pensei. E ainda do lado do grande cetro em meio a capela, eu pude ver com meus curtos olhos longínquos, a figura de um gato branco em meio ao breu. Ele me parecia envergonhado ou talvez me fosse a aparência que a mim pertencia que o afastara? Sou humana, conheço gatos e tenho entendimento de que eles fugiriam de alguém que lhes não transpasse boa energia.
Mas eu estava determinada, tinha o discernimento correto sobre mim, ainda não cheguei ao ápice de me considera uma aberração, tão pouco me parecia que eu era uma. Ainda estava travestida com meu vestido branco, ainda me era perdido enxergar pele, ainda me sentia viva, podia respirar. Agachei-me com leveza e com minha mão esquerda chamei pelo gato, ele ainda me parecia rígido, estava impaciente, se haveria de ser minha única companhia por que me parecia tão distante? Por que me trataste com tanto repugno? O que de mal eu o fizeste?
Tornava novamente a esticar minha mão esquerda mas parei para reparar que ela estava obsoleta, o que haveria de ter ocorrido a mim? Lembro-me com clareza de está normal minutos atrás. Estiquei desta vez minha mão direita e me foi surpreendente a reação do gato, pois a mim ele veio e não parecia recluso sobre isso. Ao chegar perto estiquei novamente minha mão esquerda e ele rosnou, estiquei minha mão direita e ele permaneceu quieto. Desta forma então, debrucei meu braço direito sobre sua cabeça devidamente com cuidado, aconcheguei-me com sua presença enquanto um cafuné a ele era dado.
Me sentia completa desta vez, mas ainda era dona de dúvidas que não encontrava respostas. Me pareceu correto retorna minha atenção para o cetro, ele me parecia chamativo. Não podia ouvir vozes mas podia sentir a tentação querendo me engolir. "Eu devo?" Revoguei, mas se devo por que devo? séria bom? eu posso dizer com clareza que de todas as coisas ali, o cetro e o gato eram os mais chamativos. Sentia-me inquieta, me era dado ao coração um sentimento afligido por dúvidas.
"Pegue o cetro Maggie pois a ti ele pertence!"
Ouvira uma voz grossa e forte, eu poderia dizer que aquela voz tinha presença. Vinha de minhas costas, mas por mais que procura-se o dono daquela voz eu não encontrava ninguém, até me questionei se estava louca ou me sentido depravada ao ponto de ouvir vozes. "Estou aqui em baixo." Pude ouvir. Levando meus olhos até a altura de meus pés eu avistei o gato branco, estava balançando a calda e me vistoriando com os olhos."Esta voz veio de você gatinho?" questionei. "Sim" ele respondeu.
Eu poderia julgar como questionável suas ações, acredito que gatos miam e não falam, jorrada de intrigas eu apenas olhei Novamente para o cetro. Ele ainda parecia me chamar, com o que vi com esses olhos que a mim pertencem, ele parecia arcaico, estava soltando uma fuligem espeça e se já não me fosse amargo estar ali, me foi ainda mais amargo respirar aquela fuligem. Se já me era tirado o dom de poder enxergar com clareza, agora me era tirado todo esse dom."Pegue o cetro Maggie vamos sair deste holocausto!" O gato falou.
A mim não restava julgamento, eu não iria me depravar com mais dúvidas. Protegendo meus olhos me aproximei daquele cetro e o peguei com minha mão esquerda , assim ouvi vozes fogosas ecoando nos céus. Me foi dado então o alinear de uma luz que em minha direção se expandia. Senti em meu peito uma grande vontade de elevar minha mão esquerda, então tomada pela atitude que em mim crescia eu a elevei aos céus e de repente o cetro brilhou fortemente, a luz que vinha dele podia cegar, até mesmo aqueles que eram disprovidos da visão poderiam enxergar-la. Não lembro com clareza, mas lembro-me com vigor o momento em que as vozes pararam e o cetro se transformou em cajado.
"Agora, bata-o no chão Maggie." Ouvi novamente o gato. Então assim eu o fiz, com minha mão esquerda ainda obsoleta debati com força o cajado sobre o chão, e novamente uma forte luz brilhou mas desta vez vinha de baixo. Assim um forte tremor tomou de conta daquele cubículo, onde podia visar uma grande porta de ouro e marfim, além do bichano, era a única coisa que tinha uma cor viva naquele lugar morto, um enorme portão diante de mim e do gato.
"Está preparada para viajar entre mundos inimagináveis? Pois a ti foi dado o direito de conhecer e desbravar o mundo ambíguo e metafórico. Sente-se pronta Maggie?" Ele me perguntou.
"Sinto que sim!" o respondi diretamente.
Então ele me disse para por a mão obsoleta no grande portão e assim eu o fiz, desta forma. Fui atropelada com uma imensa rajada de luz que desvanecia com o tempo, até que por fim me era possível visar um grande salão arrojado com fendas e muitos livros. Tinha um aspecto meio medieval ao mesmo tempo que me parecia ser grego, diante de mim havia uma enorme cabeceira e do lado dela uma enorme mesa de madeira rústica com várias velas alinhadas em um apoiador. Ali avistei um livro de couro, tinha uma capa meio avermelhada cor de vinho estava meio rasgada e com leves detalhes dourados. Gotículas de uma água negra caia do teto e acertava o livro, haveria de abrir o livro para me certificar do que se tratava. Víssei então, páginas escritas em Elogrifos antigos. Por alguma razão me era permitido e dado o entendimento do saber ler aquela língua. "Busque por mementos" foi o que me chamou atenção.
Desta forma, pude sentir em minhas costas um forte vento soprar, virei-me então de encontro com o que parecia ser uma porta feita de pedra com uma fenda roxa que me passava a sensação de ser intangível. Aproximando-me pus minha mão direita sobre a fenda e sentir um enorme puxão querendo que carregar lá para dentro, assim com muito esforço voltei com minha mão para dentro do local, todavia observei que havia um som que vinha de dentro da fenda, parecia som de mar.
"Entre Maggie, estamos começando nossa jornada em busca dos mementos por aqui." Alertou o gato.
"O que são esses mementos?" Perguntei.
"São lembranças" ele respondeu.
"Se acha-las, todas elas. Poderá enfim voltar para casa!"
"Não está mentindo para mim está?" tornei perguntar.
"Não Maggie, eu sou seu guia jamais mentiria para você, entre no portal e vamos buscar por mementos, para que então você finalmente retorne para casa!"
Confiança eu poderia descrever que ouvira de suas palavras, sinceridade e praticidade também. Em mim crescia a grande intensidade do nervosismo interno, ainda me era misterioso e incompreensível o que vissava ao meu redor. Diante de mim a chave para desvendar o que me guio para cá, do outro lado o local de onde vim e onde estou. Firmei meus punhos e fundo suspirei, traquinando minha própria mente e fincando meu próprio corpo ao desejo repulsivo de entrar. Entrei, eu estava dentro do que podia chamar de buraco de minhoca dimensional, viajando ao encontro do meu destinado local até então desconhecido. Seria ali, o começo da minha caminhada, estou prestes a encontar o que quer que tenha lá, para então encontrar meu memento e dar um passo a diante do meu sublime objetivo, voltar para casa.