capítulo 03

Rei narrando...

— Não podemos entrar assim de frente, eles iriam nos pegar.

— O que vamos fazer? - minha irmã pergunta.

— Vamos entrar com tudo caralho! - falo já animado, anos sem uma adrenalina.

— Tá maluco irmão? Tu não pode se arriscar, acabou de sair da tranca! - minha irmã fala.

— Nós não podemos arriscar... - sou interrompido quando Murilo dá uma freada

— PORRA, TÁ QUERENDO NOS MATAR?! - grito olhando para frente e vejo um monte de motos nos barrando.

— Filhos da puta - Murilo pega a arma dele e sai do carro, vou junto com ele e minha irmã que também.

—Que porra vocês tão fazendo?

— Foi mal patrão, mas foi Medusa que mandou.

De repente, somos atacados e uma luta começa ali, mas eles conseguem nos desarmar, que porra é essa?

— VOCÊS ESTÃO FUDIDOS NA MINHA MÃO, PORRA! VOCÊS ESQUECERAM QUEM EU SOU?! - grito.

— Não adianta, eles são homens de confiança da Medusa... - Murilo fala.

— Nós temos mais respeito à medusa - fala um dos caras que nos barraram

[...]

Tiros pro alto são ouvidos assim que cheguei na minha favela. Passamos a noite toda fora em um dos apartamentos da medusa, e nós vigiaram a noite toda. Parece que o bagulho foi feio e muito tenso no morro.

— Cadê a medusa? - Murilo pergunta pros vapores. Olho toda minha favela e pelo que vi, só aqui no começo algumas coisas mudaram.

— Lá, chefia - um dos vapores aponta e eu sigo o olhar, e caralho que visão dos deuses! uma linda mulher morena com um fuzil atravessado nas costas e seu rosto, braços, sua camisa, tudo estava com sangue.

[...]

Mirella Torres - Medusa narrando...

— Inferno! - Meu grito ecoa pelas paredes do escritório, minha raiva transbordando. Quebro tudo ao meu redor, a porra das prateleiras, os papéis voando pelo ar. Eu, Mirella Torres, perdi um caso! A primeira derrota em anos... Não posso me dar ao luxo de perder, não para a facção. Se eu vacilar, é minha cabeça que vai rolar.

— Senhora... - minha secretária aparece, hesitante, a expressão de medo estampada em seu rosto.

— O que é agora?! - pergunto com a voz afiada.

— Um homem chegou, ele se apresentou como "Terror". Disse que precisa falar com a senhora, eu tentei explicar que ele não tinha hora marcada, mas... - ela é interrompida quando a porta se abre com um baque surdo, e o tal "Terror" entra.

— Eu disse que não preciso de hora marcada! - A tensão no ar aumenta, quase palpável. Meu sangue ferve, mas engulo a raiva.

— Pode sair... - Minha voz sai fria para minha secretária, que some rapidamente, fechando a porta atrás de si.

— O que faz aqui? - pergunto, já sabendo a resposta, mas querendo ouvir da boca dele.

— Eu te avisei, não avisei? Disse que tu não podia perder este caso, doutora. E tu perdeu vacilona, agora meu menino vai pra cadeia! - A voz dele treme de fúria, mas eu não me abalo.

— Eu vou recorrer, tem tramoia nisso, tenho certeza. - Minha resposta é firme, mas ele me interrompe.

— Eu acho bom... - mas dessa vez sou eu que corto a fala dele.

— Acho que você que não entendeu aqui, eu sou a Doutora Mirella Torres, mas isso não significa que a Medusa está longe... - Me aproximo, ficando a poucos centímetros dele, encaro seus olhos e vejo o suor começar a brotar em sua testa.

—Você conhece minha fama, conhece o que eu sou capaz de fazer. Eu disse que tem tramoia nessa merda, e eu vou tirar teu filho de lá. Confio no meu potencial, e da próxima vez que tu ou qualquer outro gritar comigo, eu te mostro as piores torturas. Vai morrer devagar, e eu vou arrancar teu coração junto com tua cabeça.

Ele engole em seco, suando ainda mais. Todos sabem do que sou capaz, a Medusa não tem misericórdia.

— Agora, some daqui antes que eu perca a paciência... - Ele sai, cheio de raiva, mas é a minha que fica. Como ousa vir aqui, me ameaçar?!

Passo a mão na cabeça, tentando controlar a raiva que ainda queima em mim. Minha paciência está no limite, olho o relógio e já é tarde.

Pego minha bolsa e decido ir para casa, Precisava dos braços de Flávio agora. Eu não tinha planos de voltar cedo, mas  precisava mais do que nunca estar com ele.

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