Capítulo 02

Rei narrando...

— Fala chefia, liberdade cantou!

Finalmente poh, não aguentava mais tá aqui, só não meti fulga antes porque queria esta com a minha ficha limpa. Mas se eu ficasse mais um tempo aqui, acho que tinha metido fuga antes do prazo...

Tava com saudade da minha família e da minha favela que eu dava o sangue se fosse preciso.

Entrei nessa vida por pura necessidade, com uma criança pequena pra criar minha mãe foi embora deixando nós  dois sozinhos. Eu era de menor e não tinha nem oque comer, minha irmã tinha onze anos na época e eu tinha dezesseis anos. Ninguém quis dar emprego pra um moleque de menor e favelado ainda por cima, então só me restou o mundo do crime.

O antigo dono me deu roupa comida e um  serviço e uma casa, ele nos adotou como filho, ele precisava de um "herdeiro" então foi me treinando e apoiando em meus estudos.  Quando fiz dezenove anos tive que assumir aquilo que fui treinado pra ser, meu pai foi morto na covardia e eu lutei pelo morro como meu pai fazia.

Em uma das invasão encontrei um moleque caído no chão sangrando e muito magro e mesmo ajudei ele, me vi ali e não me arrependo. Ele se chamava Murilo e se tornou um irmão, ele começou a trabalhar pra mim. Murilo foi começando do baixo e depois foi subindo, o único que eu confiava de olhos fechados e com vinte e cinco anos eu fui preso.

Deixei Murilo cuidando do meu morro e minha irmã, um ano depois descobri que Murilo e Daiane estavam juntos. Eu surtei legal quando me informaram, minha menina não caralho! Mas não pude fazer nada, ela já era de maior e só ditei umas regrinhas pro meu amigo...

Depois de um tempo Murilo foi preso, tava possesso de raiva, tomaram meu morro, meu povo tava sofrendo na mão dos policiais. Murilo foi pro mesmo presídio que eu, e me contou que tinha achado sua irmã e estava feliz, me contou também que ela e Daiane se tornaram melhores amigas e que sua irmã iria proteger ela.

Tempo depois meu amigo recebeu a notícia que sua irmã havia juntado uma tropa e tomado o morro de volta, eu realmente fiquei feliz! poh senti firmeza nessa garota.

Depois meu amigo foi solto, porque eles não tinham como pra manter ele aqui, ter provas até tinham mas a irmã dele que é advogada! ela destruiu todas as provas.

Murilo me ofereceu a irmã dele como advogada, mas eu já tinha o meu advogado que era amigo dos tempos da escola. Eu confiava nele, porém descobri que ele estava com tramoia pro meu lado!

Mandei Murilo pesquisar toda a vida do cara e foi quando descobriram que o meu advogado estava de planos com outra facção. Murilo informou que ele teve uma morte dolorosa, e que sua irmã havia se tornado vapor e é uma ótima torturadora.

Ela tomou conta dele, ela não pode pegar meu caso, mas ela passou pra um amigo de faculdade que ela confiava muito. O cara era bom mesmo, em uma semana depois do contato dele eu fui solto...

Agora aqui estou eu, no portão do presídio vendo minha irmã chorar abraçada no marido:

— Irmão, até quem fim – ela me abraçou forte

— Agora tudo está em ordem pirralha... – falo abraçado nela

— Lili cantou irmão – meu irmão me abraçou, não gosto muito de abraços

Entramos em um carro e fomos para casa, finalmente estávamos chegando e no caminho eu conversava sobre as tramoias da com minha irmã.

— Quem ficou tomando conta do morro? – pergunto

— Medusa, minha irmã – balanço a cabeça

Eu admirava essa mina, ela lutou pra ser advogada e ainda tomou meu morro dos polícial. Conseguiu armar um plano bem elaborado e ainda fez seu nome de guerra ser reconhecido no mundo do crime!

Medusa  é conhecida e temida, e o melhor é que ninguém conhece seu rosto. Ela já tinha seu lugar garantido, ela iria ser meus braço direito, já que Murilo iria tomar conta do outro morro.

Derrepente o celular de Murilo toca:

— Medusa? sim, porra como isso?! Temos chegando... não porra! não posso deixar tu sozinha – Murilo joga o celular longe com raiva

— PORRAA! – ele grita

— oque aconteceu?! – minha irmã pergunta apavorada

— O morro tá sendo invadido, e a Medusa não quer nos deixar entrar porque o negócio tá feio lá!

— Não vamos obedecer ela né? – minha irmã pergunta.

Porra, mal cheguei e já estão tentando tomar oque é meu?! Isso não vai ficar assim não desgraça...

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