Capítulo 01

Medusa narrando...

- Medusa está tendo briga no beco 10.

Sou vapor aqui da Penha a um ano, não entrei nessa vida por falta de dinheiro e nem por algum parente doente. Entrei nessa porque amo adrenalina, amo pegar em uma arma e metralhar aqueles merdas azul. Mas o que eu prefiro mesmo é torturar, sinto que nasci para isso.

Sou rica, ou melhor dizendo sou bilionária, mas sabe quando você não se encaixa em um lugar? Pois é, eu não me encaixava naquela vida, vida de patricinha. Admito que meus pais sempre me deram de tudo, nunca me deixaram faltar nada, mas aquela sociedade não era para mim. Tinha muitos riquinhos que se achavam melhores que todos, muitos deles não ajudavam uma mosca e não passavam de porcos mesquinhos.

Tudo mudou para mim quando eu me lembrei que tinha um irmão mais velho que foi expulso de casa por não fazer a faculdade que papai queria que ele fizesse. Então meu irmão foi embora e me deixou para trás. Eu tinha uns nove anos na época, com 10 anos sofri um acidente e esqueci algumas coisas da minha vida, inclusive do meu irmão... Recuperei totalmente a memória quando fiz dezoito anos.

Eu tinha acabado de brigar com meu pai porque não queria cursar faculdade de engenharia, e sim queria fazer faculdade de direito mas meu pai não aceitou muito bem. Estávamos discutindo quando tudo veio à tona, como eu já era maior de idade e tinha a herança que minha vô e vó haviam deixado para mim, já que meu irmão rejeitou e passou tudo para mim. Então eu saí de casa e comprei um apartamento e comecei minha vida independente.

Fiz a faculdade de direito e coloquei um detetive atrás do meu irmão, mas não tinha nem uma pista dele, até que em minha formatura meu irmão estava lá na primeira fila, sorrindo para mim. Eu chorei muito, ele me contou sobre sua nova vida, agora ele era sub do dono do morro, mas o dono estava atrás das grades. Contei ao meu irmão que tinha feito Direito e que se ele quisesse eu tiraria o cara lá de trás das grades, mas eles já tinham um advogado e o tal "Rei" não queria uma estranha cuidando do caso dele.

Depois desse dia, eu passava mais na casa do meu irmão do que no meu apartamento. Então eu fechei meu apartamento e vim morar no morro, comprei uma casa aqui, fiz novas amizades, uma em especial, que é como uma irmã para mim, Daiane. Ela é irmã do dono do morro e é casada com meu irmão.

Com a ausência do dono, meu irmão tomava conta de tudo sozinho, até que em uma invasão, tudo estava tumultuado e meu irmão estava na mira de um policial. Então eu atirei e salvei a vida do meu irmão. No fim, acabei gostando da adrenalina, comecei a fazer treinamento, a praticar lutas e tiros, claro, sem que meu irmão soubesse. Até que mais uma vez tudo mudou, meu irmão foi preso, a polícia tomou o morro e isso aqui virou um inferno. Juntei uns vapores de confiança do meu irmão e armei um plano:

Em uma madrugada de sexta-feira, invadiremos o morro e tomamos ele para nossas mãos.

Eu cuidava do morro e do caso do meu irmão. Enquanto ele estivesse na cadeia, eu comandava o morro com punhos de ferro. Assim que consegui tirar meu irmão da prisão, eu entreguei a cadeira da chefia para ele, ficando como vapor de confiança dele. E foi assim que me apaixonei pelo crime, não foi por necessidade, nem por falta de dinheiro, foi por amor, amor a adrenalina.

Foi aqui que encontrei o amor da minha vida. Eu me apaixonei por um vapor novato que meu irmão contratou, e faz um ano que estamos casados. E tudo é uma maravilha, não tenho do que me queixar do Flávio. Ele é um amor, ele é tudo que sempre sonhei.

Em casa, para meus amigos e família, eu sou Mirella, mas na rua eu me chamo Medusa. Este foi meu nome de guerra, a "Medusa" ama pegar em uma arma e tirar naqueles que arriscam a enfrentar. Que ama torturar traidores, ladrões, estupradores e todos os tipos de vermes. Mirella Torres, ela é doce mas não se engane com ela. Não em um tribunal, ela se torna a própria Medusa, só que nas leis. De dia, eu sou Mirella Torres, a advogada que só trabalha para facção, e à noite, Medusa que trabalha torturando pessoas e cuidando da segurança do morro.

- Caralho porra, solta ela! - as mina não sabem se comportar. A amante provoca a fiel e não aguenta umas pauladas, vê se pode isso?! Se fude, porra, não se valorizam. Eu não aguentaria isso não po, não passaria a mão na cabeça do cara. Ele traiu, tem que dar umas pauladas nele também, po.

- Levem as duas pra salinha e dão uma cossa bem dada, e outra no vagabundo que traiu a mina. Isso aqui não é bagunça não, porra. Se fude, caralho! - vapor levou as duas arrastadas.

Tô sem paciência hoje, tava tudo numa boa, po. Minha manhã tinha sido uma maravilha por um sexo matinal maravilhoso. Mas foi por o pé pra fora da casa que tudo desanda...

Entrei naquele tribunal e já veio uma enchurrada de problemas com provas que não era pra ter aparecido, mas apareceu. Mas como sou muito boa, eu consegui tirar meu cliente da cadeia. Logo mais tarde, um dos meus amigos foi preso, se fuder, cara. Já tinha avisado ao Binho que se ele fosse preso novamente, iria pesar pro lado dele, mas vê se o cara me escuta? Escuta porra nenhuma, arruma logo problema com uma mulher do policial!

Tanta mulher pra pegar e foi pegar a piranha da mulher do polícia?! Porra, e o desgraçado ainda por cima estava usando um vestido...

Caralho, cada uma.

Tanta puta no morro dele e ele me pega uma mulher casada? Que ódio, mas como sempre, eu consegui livrar ele dessa.

Chegando no morro, eu achando que iria descansar um pouco a mente antes de pegar o serviço noturno. Vê se eu consegui? Consegui droga nenhuma. Essas piranhas brigam por causa de macho escroto.

- Finalmente - falo assim que chego em casa, tomo um banho e já me deito na minha caminha gostosa, sinto uma mão em minha cintura.

- Está cansada amor? - Flávio fala me beijando malicioso.

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