SENTIMENTOS DE POSSE

" Se enamora, quem vê você chegar com tantas cores.."

A sorveteria ficava próxima à escola, era um ambiente gostoso e estava lotada.

Caio entrou e os seus olhos buscaram o lugar procurando Iana.

Ela estava sentada do lado de João, numa mesa de canto, estava sorrindo de algo que ele falou.

Era claro que ela gostava da companhia dele.

" Como assim ela está feliz?!" Pensou Caio.

Na sua perspectiva egoísta, Iana estaria triste, por ter que vir na sorveteria com João, e não ficar com ele.

Saber que estava errado, o deixou irritado.

Agatha olhou em direção onde Caio olhava e viu Iana e João. Ficou com raiva, Iana era a única garota que recebia a atenção de Caio, mesmo ele tratando-a como uma serva, ele sempre procurava por ela.

_ O João e a Iana parecem estar se dando bem. Falou Agatha.

_ É mesmo, estão sentados bem juntinho. Disse Simas.

_ Ele falou que não, confio nele, o João é muito bonito para se interessar pela Iana. Ah! Pessoal! É a Iana, a garota mais apagada da escola, se o Caio não olhasse para ela, nem existiria. Falou Elisangela.

Era verdade, Iana não andava com roupas marcantes, não usava maquiagem, andava sempre de cabelo preso, usava óculos, e era nerd.

Contudo, ela era impressionante, para aqueles que lhe davam mais do que meia hora de atenção, ela tinha uma personalidade delicada, afável e fiel.

_ Vamos sentar junto com eles. Falou Caio, sem esperar respostas foi em direção dos dois.

_ Oii, resolvemos vir também, se importam que a gente sente junto?! Falou chegando a mesa.

_ Claro que não! Respondeu Iana.

João também concordou e os outros 04 sentaram na mesa.

_ Iana, pode ir buscar o meu, sabe qual é o preferido. Falou Caio.

Iana concordou, estava a levantar quando Ágatha falou:

_ Traz o meu também. Por favor, sei que não irá se importar.

Iana saiu, na mesa o clima era de deboche.

_ Cara, ela realmente faz tudo o que você pede. Disse Simas.

_ Ela gosta de se sentir útil. Respondeu Caio.

_ É porque nunca soube o que é ser valorizada. Falou João.

_ E você está afim de ensinar isso para ela? Perguntou Caio.

_ Estou, algum problema? Respondeu João.

_ Vai perder o seu tempo, Iana me ama. Ela pode até ser a sua amiga, mas sempre irá me preferir. Falou Caio.

_ Ela não te preferiu hoje. Respondeu João.

_ Só por causa da promessa e porque eu não insisti. Respondeu Caio.

_ Ou, porque ela não viu ainda o parasita que você é na vida dela. Falou João.

_ Seu idiot@! Tá pensando o que?! Quer competir comigo pela Iana? Vai perder. Falou Caio.

_ Ela não é um prêmio, para que eu ganhar numa competição. Ela é uma mulher para ser conquistada. Respondeu João.

Caio ia responder, mas Iana chegou trazendo as duas taças de sorvete.

Caio fez um carinho no seu rosto fazendo ela ficar vermelha.

_ Obrigada, gatinha! Ele disse.

Agatha ao seu lado, olhou para a Iana sorrindo, agarrou o braço de Caio e sorrindo agradeceu também.

_ Verdade, obrigada Iana! É muito boazinha.

Os olhos de Iana foram para as mãos de Ágatha no braço de Caio, seu coração ficou pesado. Ela nunca teve essa liberdade com Caio, está certo que as vezes ele a abraçava, mas ela nunca tomou a iniciativa.

_ Vem sentar, Iana! João chamou.

Iana se sentou, a conversa iniciou com o como o time de basquete na escola estava melhor, sobre as provas do quarto bimestre e principalmente sobre o baile de formatura e vestibulares.

Caio iria tentar educação física, na verdade ele tinha sido chamado para jogar em um clube de basquete, e iria tentar conciliar as duas coisas.

Agatha iria para uma escola de moda e Simas iria fazer veterinária.

João e Iana fariam administração.

_ Nossa você irá prestar administração também. Falou Iana.

_ Sim, imagina se pudéssemos estudar na mesma turma. Falou João.

_ Seria incrível. Respondeu Iana.

_ E o plano de você fazer vestibular nas mesmas faculdades que eu? Perguntou Caio.

_ Isso foi a tanto tempo, nem imaginava que lembra-se. Respondeu Iana.

_ Claro que lembro. Disse Caio.

Iana ficou vermelha e sorriu dizendo:

_ Posso fazer isso.

Ela estava feliz por ele lembrar disso.

Todos terminaram e estavam a sair, a casa de Iana era no mesmo caminho que a dela.

_ Vai para a casa agora? Perguntou Iana para Caio.

_ Não, vou levar a Agatha, está tarde e ela está sozinha. Respondeu Caio.

_ Mas, o Simas mora perto da casa dela. Falou Iana.

_ Minha mãe só confia no Caio. Desculpa Iana terá que ir sozinha. Falou Agatha.

_ Não vai sozinha, eu vou levar ela. Interferiu João.

_ A sua casa não fica aqui perto? A casa da Iana é um pouco longe. Disse Agatha.

_ A sua também fica aqui perto, e o Caio irá te levar porque está tarde e você não pode ir sozinha. Não acha que está sendo irracional? Falou João.

Agatha ficou com raiva. Ela tinha inveja de Iana, e gostava de sempre a deixar se sentindo pequena e humilhada.

" Vou ter que dar um jeito nesse João." Ela pensou.

_ Você poderia acompanhar a Elizângela, ela mora longe também. A Iana está acostumada a andar na rua sozinha, tenho certeza que ela não vai se importar. Não é mesmo Iana?! Falou Agatha.

Antes dela responder, João interferiu:

_ Eu me importo. Tenho certeza que encontraram uma solução para a Elisângela. Vamos Iana.

Iana concordou e saio. Os quatro que ficaram olharam para os dois com olhares diferentes. Agatha com raiva, Elisangela com inveja, Caio surpreso e Simas divertido.

Sem querer perder o final do jogo Caio gritou:

_ Iana! Não esquece do meu lanche amanhã. Quero misto quente, e trás para a Agatha também.

_ O meu sem presunto, detesto presunto. Falou Agatha.

_ Tá bom! Disse Iana se virando.

_ Sempre leva os lanches dele? Perguntou João para ela.

_ Quase sempre. Iana respondeu.

João ficou indignado, mas não disse nada. Ele já observava Iana a muito tempo para reconhecer o poder que Caio tinha sobre ela.

Ele não era apaixonado por ela, mas a admirava. Ela era mais inteligente que a maioria dos alunos da escola, recebera muitas medalhas e prêmios de melhor aluna da escola, da cidade, do estado e até dois nacionais.

Não era mesquinha, nem orgulhosa, não se importava com status social. Era uma garota simples e única.

Vê-la ficar a mercê de alguém como Caio era muito triste, Caio era um aproveitador e a sua vítima principalmente era Iana.

João pretendia fazê-la ver isso até o final do ano.

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