A entrevista de Camila era às nove. Ela tinha uma hora e meia para chegar ao centro do Rio de Janeiro, enfrentando o trânsito caótico da cidade naquela hora, para provar para si mesma, mais do que para qualquer outra pessoa, que sua história ainda podia ser escrita.
Apesar de ter carteira de motorista, ela não tinha carro e não podia usar o da mãe ou da irmã. Enquanto o ônibus sacolejava pelas ruas, Camila fechou os olhos por um instante, deixando a ansiedade se misturar com uma determinação que nem ela mesma entendia de onde vinha. Talvez fosse a mesma força que a fazia acordar cedo todos os dias. Ou talvez fosse apenas sua teimosia que não a deixava desistir.
Pouco antes das nove da manhã, ela estava parada diante do prédio imponente da Rossi Digital, sentiu o peso de tudo o que já havia suportado e a esperança do que poderia ser diferente.
Camila passou pela recepção onde recebeu o crachá de visitante. Caminhava lentamente tentando conter o nervosismo que ameaçava tomar conta dela. Os corredores estavam silenciosos, o piso brilhava como espelho.
Camila estou elevador com as mãos frias, os olhos tentando captar cada detalhe, observando com as recepcionistas que estavam bem vestidas, a tecnologia de ponta nos painéis de LED exibindo campanhas premiadas. Era outro mundo onde, talvez, ela pudesse finalmente ser alguém.
Na sala de espera do andar executivo, suas mãos suavam tanto que Camila precisou disfarçar limpando-as discretamente na saia. Tentava revisar mentalmente tudo que sabia sobre a empresa, mas as palavras começaram a embaralhar com a voz cruel da irmã que ainda ecoava em sua mente: “Você devia aceitar que nasceu para ser figurante...”
Seus pensamentos foram cortados quando uma mulher elegante apareceu na porta.
_Senhorita Teixeira? O senhor Rossi vai conversar com você agora.
Camila se levantou de imediato, sentindo o estômago revirar. A cada passo rumo à sala do CEO para a entrevista, ela se sentia menor, deslocada. Como se aquele lugar fosse feito para engolir pessoas como ela.
_ Com licença… pediu.
Ao entrar, Camila não sabia o que a esperava, principalmente ao ver Rafael Rossi não era extamente como ela imaginava.
Rafael estava de pé ao lado da mesa de vidro, com um blazer escuro por cima da camisa branca dobrada nos punhos. Alto, ombros largos, barba por fazer, e mais novo do que Camila lembrava. O olhar era sério e penetrante, como se ele pudesse decifrá-la com um piscar.
Camila travou por um instante. Sentiu-se exposta, como se estivesse sendo avaliada além do currículo, ou das roupa simples . Era como se ele visse através dela.
_ Camila Teixeira? Bom dia, e por favor, sente-se. Rafael se dirigiu a ela indicando a cadeira a sua frente. _ Eu li seu currículo, as suas qualificações, e achei… interessante, mas preciso saber mais sobre a senhorita.
Camila se sentou devagar, segurando a pasta contra o colo como um escudo. O coração batia descompassado.
_Obrigada pela oportunidade… Agradeceu fazendo Rafael olhar para ela por alguns segundos
Rafael Rossi, 28 anos, aprendeu desde cedo que confiança era algo que não podia dar a todo mundo. Filho do meio de uma família amorosa, mas cercada de pessoas que estavam sempre em busca de favores. O pai era um empresário brilhante, a mãe sempre o incentivou a ser uma pessoa melhor.
Aos vinte e poucos anos, Rafael já era CEO da Rossi Digital, uma das maiores agências de marketing digital do país. Construiu a reputação de ser implacável, focado, e brilhante. Nunca sorria à toa, nunca se permitia errar. E, definitivamente, nunca misturava pessoal com profissional.
Viu muita gente se aproximar apenas por interesse. Aprendeu a ler intenções escondidas, sorrisos forçados, elogios falsos. Por isso, manteve muitas pessoas à distância. Funcionários o respeitavam, as mulheres o desejavam, mas raramente ultrapassavam a barreira do superficial. E assim ele seguia, envolto em uma solidão silenciosa, mas confortável.
Até que Camila Teixeira entrou em sua sala para a entrevista.
Quando Rafael analisou o currículo dela, ele não se impressionou. Era mediano, comum, e Camila não tinha nenhuma experiência na área ou em alguma empresa de renome. A carta de apresentação tinha alguns pequenos erros de formatação e uma leve hesitação nas palavras, mas havia uma sinceridade que chamou a sua atenção.
Rafael, por sua vez, também não sabia exatamente o que esperava quando mandou chamar Camila, e quando ela entrou, ele notou que ela parecia nervosa, os olhos um pouco assustados, o corpo rígido, e que o fez ter certeza, que ela não duraria uma semana como sua assistente.
Só a entrevistaria, porque Camila era a única candidata que não tinha sido escolhida por se parecer uma modelo, apesar de ser bonita. Rafael sabia bem o que o Rh estava entando fazer: encontrar alguém “apresentável” para acompanhá-lo em eventos, jantares e reuniões, alguém que agradasse visualmente. Como se ele estivesse procurando um enfeite, desconsiderando que ele precisava de alguém preparado.
Camila continuava visivelmente deslocada daquele ambiente, Mas mesmo assim, Rafael não conseguiu tirar os olhos dela.
Havia algo que ele não sabia dizer o que era. Camila era bonita, sim. Mas não era isso. Era o jeito como tentava manter a postura, mesmo diante da insegurança. Era a forma como ela olhava para ele com respeito, sem bajulação. Como se não soubesse o poder que ele tinha. Ou como se não se importasse.
E por um instante, Rafael sentiu uma fagulha acender dentro dele, sendo tomado pela curiosidade.
A entrevista durou mais do que ele previu. Camila, apesar de tímida, era articulada, e suas respostas eram interessantes. Não tentava impressionar. Apenas contava o que sabia, o que viveu, o que podia fazer.
Rafael cruzou os braços, encostado na cadeira. A testa levemente franzida. Quando ela terminou de responder sobre como organizaria uma agenda caótica de compromissos, ele ficou em silêncio por alguns segundos enquanto ela engoliu seco.
_Você parece nervosa. Comentou Rafael sendo direto.
_Um pouco… Camila admitiu, sem tentar fingir.
_Gosto de pessoas que assumem o que sabem, e o que não sabem... o que estão sentindo.
Camila sorriu, surpresa. Pela primeira vez, viu uma brecha na seriedade dele. E algo se acalmou dentro dela.
Rafael se levantou.
_Obrigado, Camila. Entraremos em contato nos próximos dias.
Camila se levantou olhando para ele.
_Eu agradeço a oportunidade. Foi… importante estar aqui hoje.
Rafael estendeu a mão para Camila. O toque foi breve. Mas firme. E os olhos dele, ao se prenderem nos dela por um instante mais longo do que o necessário, deixaram uma dúvida no ar.
Talvez Camila tivesse causado mais impacto do que ele imaginava. Ou talvez Rafael tivesse acabado de conhecer a única pessoa capaz de derrubar a fortaleza que ele passou anos construindo.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Patrícia Helena
Drica vc trouxe esse lindo Henry Canvil pra deixara minha mente perturbado de novo kkkkkkk
Mas eu fiquei aqui lembrando do impacto que Daniel sentiu quando viu Rafael pegando no braço de Aline no seu escritório ,kkk um super homem lindo desse abala msm um Morrone kkkkk
Misturei tudo , ator real com personagens da Drica ✌🏻 Fora q ele tbm já foi o personagem na história linda de Valentina se não tô enganada né?
Bom só desejo boa sorte pra vc querida nessa nova história ✌🏻🫶🏻😘
2025-07-05
9
Michele Bonfim
Ahhhh Drica que judieira....ela vai morrer mesmo ???? Muié tô morrendo de dó, a bichinha só sofreu....
Sera que sou ansiosa kkkk
2025-07-05
5
Cátia Maria
que livro foi esse já está me prendendo 🥰
2025-07-05
3