De volta a casa de Leandre, sua filha Diana correu pra abraçar sua mãe, Eliza, que estava estendendo roupa lavada no quintal, eu mal tinha notado que havíamos chegado, estava distraído demais com essas skills e bênçãos…
“Ei, Landre, poderia me mostrar o lugar onde me encontraram?”
Leandre olhou pra mim com uma expressão de curiosidade e desconfiança, enquanto coçava sua barba com sua mão direita…
“...mostro, mas porque tá interessado nisso?”
“Huh? Ah, não, nada demais, só acho que preciso entender melhor a minha situação, talvez eu ache alguma pista ou informação, alguma coisa…”
“Hm… vem comigo, vou te levar lá.”
Ele se aproximou de sua esposa, e conversou um pouco com ela, eu estava longe demais pra entender mas podia ouvir suas vozes bem baixas, com sua esposa de vez em quando me dava uns olhares, surpresa, choque, seriedade, sua expressão mudava constantemente conforme a conversa deles fluía, até que ela o beijou na bochecha e voltou ao que estava fazendo…
“Vem, é um pouco adentro à floresta…”
Leandre se aproximou de mim enquanto falava alto, apontando para direção da floresta, indicando que eu o seguisse…
Após quase 10 minutos andando entre as árvores, eu pude ver que havia um espaço mais aberto, com menos árvores e o que parecia ser as ruínas de uma casa, paredes de pedra cobertas de musgo e videiras…
“Essas são as ruínas que comentaram? A antiga capela…”
“Sim, estamos entre o vilarejo e minha casa, o local não é longe, mas o caminho é complicado… ali, tá vendo o buraco? Você estava desmaiado nele…”
Eu havia perguntado a Leandre sobre as ruínas enquanto olhava ao redor, em grande parte apenas a fundação, pilares, e algumas paredes restaram e continuavam de pé, mas com a resposta dele, não pude deixar de olhar para onde ele apontou…
Perto das ruínas haviam 2 árvores caídas, e no chão o que parecia ser a zona de impacto de um meteorito, porém, nada mais no lugar…
“Espera… aqui? Nesse buraco? Porque olhando a área ao redor essa cratera é recente, a grama ainda nem começou a crescer na cratera, e essas árvores quebradas sugerem que o que seja lá o que caiu do céu em alta velocidade foi capaz de derrubar 2 árvores e deixar essa cratera, pequena mas ainda é uma cratera de tamanho considerável…”
Eu comecei a falar enquanto olhava a região ao redor duvidando que o possível meteorito fosse eu, mas Leandre parecia mais despreocupado e interessado na minha análise…
“Agora você entende porque não confio em você? Nenhum humano sobreviveria a isso, e sair desse lugar com nenhum arranhão? É claro que vou ficar de olho em você…”
Agora eu entendi o porquê do Leandre sempre manter uma certa distância mas ainda me vigiando, acho que eu falar do absurdo que seria eu ter causado esse impacto o fez mais confortável, vendo que até eu achei estranho…
“...bom… talvez as bênçãos tenham me protegido…? Não consigo pensar em nada plausível que explique eu ter sobrevivido a isso…”
“Plausível? O que é isso?”
“A palavra ‘plausível’? É como ‘algo que faça sentido’, deu de entender?”
“Entendi… você é um nobre por acaso? Palavras difíceis, roupas estranhas, não parece ser um local… talvez essa seja sua história…”
“Ha! Quem me dera… bom, não lembro de nada antes de acordar na sua casa, além do sonho… visão… enfim não tenho informações além disso mas sei que não sou um nobre…”
Eu não pude deixar de lembrar da vida medíocre que tinha, não pude deixar de notar que Leandre me olhava como se soubesse que eu mentia sobre não lembrar do passado… talvez Leandre tenha percebido pelo o meu comportamento de quando era perguntado sobre o assunto…
“Bom! Não sei onde estou, como vim parar aqui, e nem o que vou fazer… mas sei que não quero ficar dependendo da boa vontade de vocês… talvez eu viaje pelo mundo…”
“Que tal se registrar na guilda de aventureiros? Se você se dedicar ao trabalho pode chegar ao ranking C, com isso você teria um passe, identificação, e poderia até passar pela fronteira do reino…”
“Hm… conveniente… ter objetivos é bom… a cidade é longe daqui?”
Eu perguntei enquanto nós dois estávamos conversando de pé ao lado da cratera…
“Um dia de carruagem, uma vez por mês o Gusttan vai à cidade, acho que ele vai a cidade em uma semana, se você quiser realmente ser um aventureiro vai precisar saber usar uma espada…”
Leandre disse enquanto começou a caminhar de volta pra casa, naturalmente, eu o segui enquanto continuamos nossa conversa…
“Você vai precisar falar com o Gusttan amanhã, talvez ele o leve se você o ajudar com a carga, mas para sobreviver como um aventureiro você vai precisar de no mínimo o básico sobre como usar uma espada…”
“Você vai me ensinar? Você sabe como brandir uma espada? Uau, não esperava por essa…”
“Vou te ensinar o básico do que eu sei durante essa semana, mas você vai precisar falar com o Gusttan primeiro.”
Eu aceitei a proposta e fiquei pensando em como iria funcionar, a minha skill Skylands estava ativa, e pelo o que dizia, eu e o mundo ao meu redor iriam seguir as regras do jogo, porém a forma que se aumentava o nível de esgrima de uma mão era ou em combate, ou por mentoria, porém no jogo, você pagava o professor e seu nível subia automaticamente, havia um certo limite mas mentoria ainda assim era a melhor forma de subir o nível das habilidades… bom, considerando que você não usasse nenhum dos truques e trapaças que haviam no jogo, como um inimigo nas missões do tutorial onde você podia melhorar sua skill de furtividade, ou como havia um npc que podia ser recrutado para sua equipe que ensinava como usar arco e flecha e você podia pegar o dinheiro gasto de volta… imaginar como iria funcionar esse treinamento me levou a lembrar dos truques que eu conhecia do jogo… será que eles funcionam? Hm… eu deveria testar…
×××
De volta a casa de Leandre, ele me disse pra esperar nos fundos da casa, o espaço do quintal de trás seria um ótimo lugar pra treinar ele disse…
Enquanto eu esperava por Leandre, eu fuçava as janelas e opções que as skills me davam, e descobri que as habilidades do jogo estavam listadas dentro da skill Skylands, com as árvores de habilidades do jogo, como alquimia, encantamento, ferraria, até as árvores de habilidades de todos os tipos de magia existiam, porém eu não conseguia usar nenhuma magia… no jogo o jogador começa com algumas magia fracas, porém eu não tinha elas, infelizmente eu teria que começar do zero…
“Nero, pega!”
Eu tirei minha atenção das janelas de skills e vi que Leandre voltou e me jogou uma espada de madeira simples, eu levei um susto com a espada vindo na minha direção sem ter me preparado antes…
“Pega ela aí, vou te ensinar o básico, mas preciso entender suas habilidades com a espada…”
Eu peguei a espada no chão e vi que ele já estava em posição de combate… seu braço esquerdo estava em suas costas enquanto sua mão direita apontava a espada de madeira na minha direção, ficou claro pra mim que ele sabia como usar uma espada apropriadamente, e que eu teria que lutar com ele…
“Pega leve comigo Leandre, é minha primeira vez cara…”
Eu disse enquanto pegava a espada do chão…
“Me mostre o que sabe…”
Sem pensar duas vezes eu segurei firme na espada e avancei, primeiro eu tentei um corte na horizontal, que ele facilmente defendeu, em seguida um golpe na diagonal, que outra vez foi defendido…
Ficamos nessa dança de eu atacar e ele defender todos os meus golpes por alguns minutos, eu estava começando a ficar frustrado com isso, eu sabia que eu não tinha chance contra ele, mas ainda assim eu queria pelo menos acertar um golpe…
“...Hm, nada mal pra quem tá usando uma espada pela primeira vez…até parece que você já chegou a treinar antes… seus golpes faltam força, porém ficou claro pra mim que você sabe o básico já…”
Leandre disse enquanto eu tirava um minuto de descanso depois de tanto ter meus golpes defendidos sem problemas… eu estava tentando imitar os golpes que haviam no jogo, eram golpes simples com a espada, nada muito diferente ou absurdo como habilidades de outros jogos, como balançar e saltar com uma espada maior que você com apenas uma mão, ou balançar a espada tão rapidamente que não teria como ver a olho nu… ainda assim pensei em como poderia chegar a esse nível, se esse mundo haviam deuses, skills, porque não o combate digno de uma fantasia?...
“Pronto? Vou atacar agora.”
“Só um segundo…”
Levando o comentário dele sobre a falta de força a sério, eu lembrei que eu tinha pontos disponíveis pra distribuição nos meus status, coloquei os 5 pontos disponíveis em força, não me sentia mais forte, mas senti que a espada ficou mais leve, como se ao invés de segurar um pedaço de madeira, eu estivesse segurando um graveto que achei no chão…
“... pronto, pode vir!”
Eu disse enquanto me posicionava, porém em um piscar de olhos Leandre surgiu na minha frente, eu senti que se não fizesse nada ele cortaria minha cabeça fora mesmo com a espada sendo de madeira, talvez por instinto, eu me curvei pra trás desviando do golpe dele ao invés de defender, e antes que eu pudesse pensar no que acabou de acontecer, eu vi que ele já estava vindo pra cima de mim com o segundo golpe…
Cada vez que eu defendia um ataque dele eu sentia o choque do impacto transferindo para o meu braço, com apenas 3 golpes defendidos eu já sentia meu braço doer… eu sabia que ele não estava lutando a sério comigo, mas ainda assim eu sentia como se eu fosse morrer se eu falhasse em defender ou esquivar dos golpes dele, que nem ao menos variavam muito, eram sempre o mesmo combo de 5 ataques repetindo, mas justo quando eu me acostumei com eles… um sexto golpe surgiu me tirando do ritmo…
Eu senti um golpe fortíssimo no abdômen, como se alguém tivesse me atacado com uma barra de ferro na barriga, sem ter como reagir a tempo eu larguei a espada e cai no chão segurando minha barriga que doía horrores…
“... você tem bons reflexos, porém se distrai facilmente, só porque eu usava os mesmo golpes não significa que eu não possa atacar de outra forma… você foi bem… talvez possa te deixar de forma decente em uma semana…”
“...be…leza… que dor cara…”
Eu fiquei no chão massageando meu abdômen por alguns minutos, e assim que a dor passou, Landre apontou a espada novamente pra mim… pelo jeito eu iria aprender em combate real… se ao menos pudesse aprender sem ter que lutar igual ao jogo…
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Atualizado até capítulo 21
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