05— Olhos verdes

  Tão rápido quanto foi a reação do homem no seu sofá, foi o seu desmaio. As mãos que antes a seguravam com firmeza, foi perdendo a força. Laura soltou-se e, com um salto pôs-se de pé.

 Ela sabia que a sua filha não podia ver aquele homem, com sacrifício, praticamente o arrastou para o pequeno quarto que servia de despensa.

 O homem não acordava, mas depois de um certo esforço conseguiu colocá-lo sobre o colchonete, não era macio, mas seria melhor que ficar sobre o piso frio.

 Com a respiração pesada pelo esforço, Laura cobriu o corpo trêmulo do homem e mais uma vez sentiu a mão dele, que mesmo trêmula, segurou o seu braço com uma certa firmeza.

 O gesto a pegou de surpresa e, num movimento desajeitado, ela acabou se desequilibrando e caiu sobre o corpo febril do homem. Ele abriu os olhos por um instante, e novamente ela pode constatar os olhos incrivelmente verdes que a fizeram prender a respiração.

 — No te vayas...— murmurou ele,com a voz rouca, em espanhol, antes que os seus olhos se fechassem novamente e o corpo amolecesse sob ela.

 Laura se ergueu com cuidado, o coração ainda acelerado. Não sabia se era pelo susto ou pelo olhar intenso que recebeu.

 Aqueles olhos...

 Nunca vira nada igual, mas não podia se deixar distrair. A febre dele só piorava e ela sabia que isso podia significar. Era questão de tempo até que uma infecção tomasse conta.

 Sem pensar duas vezes, ela olhou para os lados, certificou-se de quê a filha estava concentrada a brincar no quarto com os seus bichinhos de pelúcia. Foi até o armário e procurou entre os remédios guardados. Era tudo o que poderia fazer por ele naquele momento.

 Começou a vasculhar os frascos, procurando algo que pudesse resolver a febre e talvez impedir uma infecção mais séria. Sabia que não poderia levá-lo a um hospital. Não sabia o seu nome, o motivo do ferimento ou porque estava armado, mas algo dentro dela dizia que não podia deixá-lo morrer.

 Com um frasco de antibiótico vencendo no próximo mês dois comprimidos para febre, ela voltou para o quartinho. O coração apertado. Ele ainda dormia, ou talvez estivesse desmaiado, mas a sua respiração parecia um pouco mais lenta, controlada.

 Ela molhou um pano com água fria e colocou sobre a testa dele. O contato o fez estremecer, mas não acordou. Laura sentou-se ao lado, observando-o por longos minutos. Não entendia o que fazia. Cuidar de um homem estranho e ferido, na sua casa...mas havia algo nele ... Algo que lhe dizia para não abandoná-lo.

 Com sacrifício, fez com que ele bebesse a água onde ela havia diluído os remédios, mas ela sabia que não bastariam, precisava demais. A noite ela iria para boate e ele precisava melhorar para poder se cuidar sozinho.

 Ela saiu do quartinho e encostando a porta atrás de si, foi até o outro quarto e encontrou a filha ninando seu ursinho preferido.

 — Oi mamãe...cê demolou...— Maria Eduarda estava sentada na cama, ninando o ursinho no colo.

 — Tudo bem, meu amor. A mamãe só vai ali na vovó Zuleide, rapidinho, tá bom? Fica aí brincando e não saia do quarto. — Laura deu um beijo na testa da filha e saiu.

 Laura foi rápida e logo bateu na porta ao lado. Quando a porta foi aberta, dona Zuleide saiu com uma expressão preocupada.

Laura explicou rapidamente que precisava de remédio e que eram para um amigo que não estava passando bem, sem dar muitos detalhes. Ela perguntou se a vizinha tinha algum antibiótico ou anti-inflamatório sobrando.

— Tenho sim, minha filha. Uns comprimidos que eu não tomei serve? — perguntou.— Vou pegar agora mesmo.

Alguns minutos depois, a senhora lhe entregou um frasco e uma caixinha. Laura agradeceu com um sorriso apressado.

— Mais a noite trago Maria Eduarda.— disse isso e voltou correndo para o seu apartamento.

Ao entrar sentiu um frio subir pela espinha. A porta do quartinho estava entre aberta.

— Duda?— ela chamou pela filha, aflita.

—Tô aqui, mamãe.— respondeu a menina.

Laura correu até o quartinho e encontrou a filha ajoelhada no chão, do colchão. O homem ainda estava deitado, os olhos entre abertos e Maria Eduarda o forçava a beber água do seu copinho de plástico.

— Ele tá dodói, né mamãe? Eu dei o meu paninho para ele ficar feliz.— disse a menina, mostrando o paninho rosa que ela tanto amava, perto do rosto do homem que tinha um olhar febril.

— Maria Eduarda, vem cá com a mamãe.— ela disse, aflita , puxando a filha pelo braço.

O homem fechou os olhos novamente, vencido pela febre. Laura fechou a porta do quarto com cuidado, o frasco de remédio ainda nas mãos e a cabeça cheia de pergunta sem respostas.

Maria Eduarda sentou-se na cadeira da cozinha para esperar o almoço, enquanto balançava as perninhas:

— Mamãe, o moço tá dodói?— ela perguntou, com os olhinhos curiosos.

Laura colocou a panela com água para ferver.

— Está sim, minha flor. Por isso ele vai ficar ali um pouquinho. É segredo viu?

Menina ficou em silêncio por um tempo, mas logo perguntou:

— Ele é uma coisa feia?

— Feia?

— É...você disse que coisa feia não pode ficar em casa...

— Ah, Duda...— ela aproximou-se e apertou as bochechas da filha.— Ele não é feio, não. Até que é bonitinho... — murmurou sem querer.

Maria Eduarda arregalou os olhos e sorriu.

— Então ele pode ficar?

— Só até ele melhorar, está bem?

— Tá bem mamãe...

— E não se esqueça, de contar sobre ele.

— Não vou contá ... Juro, juradinho.

Laura achou graça da forma que a filha beijou os dedinhos cruzados, sabia como a filha valorizava aquele juramento.

Laura se ocupou em por na água fervente o macarrão instantâneo.

Ela dava graças a dona Zuleide que além de cuidar de Maria Eduarda, ainda dava uma alimentação decente para criança. O aluguel e as contas básicas, consumiam o seu ganho.

As duas comeram e entre uma brincadeira e outra, Laura lavou as poucas louças que sujou e foi ajudar a filha a escovar os dentes. Depois as duas foram para a cama... Meio dia era a hora da sonequinha da filha e sempre que podia contava uma historinha, mas Maria Eduarda adormecia antes do final.

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Comments

Anita Siilva

Anita Siilva

coitada não tem o basico/Awkward//Awkward//Awkward//Awkward//Awkward//Awkward//Awkward//Awkward//Awkward//Awkward//Awkward/

2025-07-29

3

Henrique Oliveira

Henrique Oliveira

se ganha tão bem dançando 😜 não entendi

2025-08-03

1

Rosineli Barbosa

Rosineli Barbosa

remédio pra febre e infecção 🤒 dipirona é amoxilina 😅😅😅😅

2025-07-25

1

Ver todos
Capítulos
1 01— Por ela
2 02— Escolhas...
3 03— Rodrigo López
4 04—Laura/Rodrigo
5 05— Olhos verdes
6 06— Cuidados
7 07— Cúmplice
8 08— Silêncios e segredos
9 09—O contraste das vidas
10 10— A doçura da simplicidade
11 11— Corpo lavado, um coração desarmado
12 12— Uma paz incomum
13 13— Um grande susto
14 14— Doce refúgio
15 15— Sob o brilho das luzes
16 16– Coração de menina
17 17— Poder...
18 18— Proposta...
19 19— Compras...
20 20— Rumo à nova vida
21 21— Nova casa
22 22— Primeiro amanhecer
23 23— O chamado da matriarca
24 24— Frente à frente
25 25— Desjejum com a matriarca
26 26— Farpas
27 27— Um pingo de doçura
28 28— Esperança
29 29— O que acontece
30 30— Um olhar cheio de sentimentos
31 31— O olhar que queima
32 32— Coração
33 33— Alguns laços se formam...
34 34— Carinho improvável
35 35— Alianças de sombras
36 36— O calor do seu corpo
37 37— Para aplacar o desejo
38 38— Em seus braços
39 39— Sinais do destino
40 40— Sob o olhar da matriarca
41 41— Aconchego de vó
42 42—Fogo e paixão
43 43— Ápice da paixão
44 44— Olhares
45 45— A face escondida
46 46— A senhora López
47 47— Em família
48 48— Jogo sujo
49 49— Tudo bem
50 50— No silêncio do quarto
51 51— Promessas na manhã
52 52— Um dia normal...
53 53— Esposas López
54 54— Entre olhares
55 55— Noite em família
56 56— Ordens silenciosas
57 57— Fogo cruzado
58 58— Confissões
59 59— Dois corações
60 60— Um lar para sempre
Capítulos

Atualizado até capítulo 60

1
01— Por ela
2
02— Escolhas...
3
03— Rodrigo López
4
04—Laura/Rodrigo
5
05— Olhos verdes
6
06— Cuidados
7
07— Cúmplice
8
08— Silêncios e segredos
9
09—O contraste das vidas
10
10— A doçura da simplicidade
11
11— Corpo lavado, um coração desarmado
12
12— Uma paz incomum
13
13— Um grande susto
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14— Doce refúgio
15
15— Sob o brilho das luzes
16
16– Coração de menina
17
17— Poder...
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18— Proposta...
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19— Compras...
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20— Rumo à nova vida
21
21— Nova casa
22
22— Primeiro amanhecer
23
23— O chamado da matriarca
24
24— Frente à frente
25
25— Desjejum com a matriarca
26
26— Farpas
27
27— Um pingo de doçura
28
28— Esperança
29
29— O que acontece
30
30— Um olhar cheio de sentimentos
31
31— O olhar que queima
32
32— Coração
33
33— Alguns laços se formam...
34
34— Carinho improvável
35
35— Alianças de sombras
36
36— O calor do seu corpo
37
37— Para aplacar o desejo
38
38— Em seus braços
39
39— Sinais do destino
40
40— Sob o olhar da matriarca
41
41— Aconchego de vó
42
42—Fogo e paixão
43
43— Ápice da paixão
44
44— Olhares
45
45— A face escondida
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46— A senhora López
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47— Em família
48
48— Jogo sujo
49
49— Tudo bem
50
50— No silêncio do quarto
51
51— Promessas na manhã
52
52— Um dia normal...
53
53— Esposas López
54
54— Entre olhares
55
55— Noite em família
56
56— Ordens silenciosas
57
57— Fogo cruzado
58
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59
59— Dois corações
60
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