A semana tinha passado rápido, e Aurora dava graças a Deus. A faculdade, o estágio e o trabalho estavam esgotando a jovem. Mas aquele era um dia para celebrar. Assim que acordou, fez sua higiene matinal e foi tomar café com seus pais e seu irmão mais velho.
— Bom dia, pai e mãe. —
Cumprimentou os dois com beijos na bochecha, de forma carinhosa e animada.
— Bom dia, filha. Está bem feliz hoje — comentou sua mãe, enquanto colocava algumas panquecas na mesa.
— Algo especial, filha?—
— Estou mesmo, mamãe. E não, pai, nada de especial... é só minha folga mesmo. —
Falou rindo, dando uma mordida generosa na panqueca deliciosa.
— Bom dia, pessoal. —
Seu irmão mais velho se sentou ao seu lado e, sorrateiramente, pegou um pedaço da panqueca dela.
— Não mexe! É minha, seu idiota! — resmungou Aurora, empurrando a mão dele.
— Sem discussão, crianças — disse o pai, sem desviar os olhos do jornal.
— Pai, nós não somos mais crianças — respondeu Ryan, fazendo careta.
— Se não fossem, já não estariam mais morando com a gente — retrucou a mãe, sem hesitar.
— Tá me expulsando de casa, mãe? — resmungou de boca cheia.
O pai apenas lançou um olhar sério como repreensão.
— A mamãe só está dizendo a verdade, Ryan. Já tem quase 40 anos e ainda mora aqui — provocou Aurora, com um sorriso vitorioso.
Ela adorava implicar com o irmão. E naquela manhã, seu sorriso estava especialmente radiante.
— Eu tenho 30 anos, Aurora. E nunca me casei porque estou interessada na Luna. —
Ryan falou com um sorriso convencido no rosto.
Aurora, que estava chegando na cozinha, mudou o semblante na hora, ficando séria.
— Não ouse dar em cima da Luna. Ela não é pro seu bico, idiota. —
Aurora rebateu, irritada, encarando o irmão.
Seus pais trocaram um leve sorriso. Eles sabiam que o que Aurora sentia por Luna ia muito além da amizade.
— Não sei por que você tem todo esse ciúmes da Luna... —
Ryan provocou, claramente se divertindo com a situação.
Ele também sabia. E fazia questão de cutucar.
— Porque ela é minha melhor amiga, e eu a considero como..como uma irmã.—
Aurora tentou manter a pose, mas engoliu em seco no meio da frase. Quem ela queria enganar? Só a si mesma.
— Engraçado que você não tem esse ciúmes todo de mim.—
Ryan continuava provocando, com um sorriso malicioso.
— E eu deveria? Você não entenderia esse sentimento... de irmã. —
Ela respondeu, desviando o olhar, tentando soar convincente.
— Acho que esse sentimento tem outra explicação... —
comentou a mãe, baixinho para o marido, que sorriu discretamente.
— Bom, eu vou subir. Tenho coisas pra fazer... diferente de você, seu idiota. —
Aurora disse, já tendo lavado e guardado a louça, com o semblante ainda sério.
Seu irmão continuava rindo da cara dela, se divertindo com a situação.
— Pois suba, maninha, porque eu vou casar... e com a Luna! —
Ryan provocou mais uma vez, com aquele sorriso debochado.
Aurora subiu as escadas pisando fundo, fazendo questão de deixar cada passo ecoar. E antes de desaparecer no andar de cima, virou-se e mostrou o dedo do meio pro irmão.
Enquanto isso, os pais continuavam rindo lá embaixo, achando tudo aquilo hilário.
Aurora já estava bem mais calma em seu quarto. Deitada, encarava o teto em silê8ncio quando seu celular começou a tocar. Pegou o aparelho e viu que era a Luna ligando.
Atendeu sem pensar duas vezes.
— Bom dia, flor do dia... —
Luna falou com a voz sonolenta, claramente ainda se recuperando do sono.
— Bom dia,sonolenta. Tudo bem? —
Aurora respondeu, sorrindo sem perceber.
— tudo sim,e você? —
— Também tô bem.Acordou agora,né?—
— Sim... tô esgotada. Hoje não vou sair de casa nem fudendo.—
— Imagino. Eu também tô morta, mas preciso sair.—
— Sair pra onde? —
Luna perguntou, e logo em seguida Aurora ouviu algo caindo do outro lado da linha.
— Derrubou o quê?—
— Ah, só um copo... Mas vai sair com quem mesmo? —
Luna voltou à pergunta, agora mais atenta.
— Com a Lisa e a Alice. Vamos no parque.—
— Nossa, sua falsa. Nem me convida.—
— Ué, mas você acabou de falar que não ia sair hoje...—
— O que o cu tem a ver com as calças?—
respondeu Luna, indignada.
— Eu ia te chamar, ok? Mas você falou antes que não ia sair. Você quer ir?—
— Ah... não sei! Vou pensar no seu caso.
— Então tchau, Luna. Eu hein. —
E antes que Luna pudesse responder, Aurora desligou na cara dela.
Depois de desligar na cara da Luna, Aurora mandou mensagem no grupo com as quatro garotas incluindo a Luna, perguntando que horas iriam sair. Decidiram que seria por volta das 10h30.
Como já eram quase 10h, Aurora foi trocar de roupa. Escolheu algo confortável:um short jeans preto e um cropped branco que combinava com a bolsa e o tênis. Se olhou no espelho tudo perfeito.
Passou manteiga de cacau nos lábios e guardou o tubinho na bolsa.
— AURORA,A LUNA ESTÁ AQUI, FILHA!–
Sua mãe gritou do andar de baixo.
Aurora desceu com uma expressão nada amigável.
— Eu disse que ia pensar, não disse? —
Falou com a mão na cintura, encarando Luna.
— Eu tava zoando, uai! Mas você desligou na minha cara, nem deixou eu falar... —
Luna respondeu, fazendo um leve bico.
Ela vestia uma calça larga, camiseta preta e uma bag preta com detalhes amarelos da Baw simples, mas estilosa como sempre.
— Que seja... A Anna tá com você, né?—
— Sim. E falei com as meninas que vou pegar elas também.—
— Entendi. Mas acho que não vai caber todo mundo no carro, Luna. Melhor ir de ônibus.
— Lógico que dá, Aurora! O parque nem é tão longe assim. Alguém vai no colo, ué.—
— Quer que eu leve o resto? —
Ryan apareceu oferecendo ajuda, e Aurora lançou um olhar fulminante.
— Não, não precisa,Ryan. Uma vai no colo.—
Ele abriu um sorriso debochado, provocando ainda mais.
— Mas ia ser uma boa se ele... —
Luna começou, mas foi interrompida pelo olhar mortal de Aurora.
— Não, Luna! É só garotas e ponto.—
vamos,que eu já tô estressada.—
Cortou seca
Aurora deu tchau para a mãe e saiu, arrastando Luna pela mão.
Já dentro do carro, as três jovens seguiam em direção às outras duas amigas.
— Sabe o que eu tava pensando, Aurora? —
Luna perguntou, depois de um longo silêncio.
— Diga, Luna?—
— O carro tem três lugares atrás... então por que uma das meninas teria que ir no colo?—
As três caíram na risada, sem conseguir se segurar.
— Nossa,é verdade, Luna! Nem pensei nisso!—
Aurora riu ainda mais, batendo levemente no próprio rosto.
— Vocês são duas cabeçudas,isso sim!—
Anna completou, rindo junto.
Enfim, chegaram para buscar as outras duas garotas e seguiram para o parque. Aproveitaram bastante o dia. riram e tiraram fotos, conversaram sobre tudo. No fim da tarde, Alice teve a ideia:
— Gente, por que a gente não vai lá pra casa assistir uns filmes?
Todas toparam. Foram deixando cada uma em sua casa, e no final restaram apenas Aurora e Luna no carro.
— Nossa,acho que o tempo vai mudar—
Aurora comentou, desligando o ar-condicionado.
— Vai mesmo... olha aquelas nuvens carregadas. —
Luna disse, enquanto focava no trânsito que começava a ficar pesado.
Aurora olhou discretamente para Luna. Ela estava com a sobrancelha franzida, atenta ao fluxo de carros.
Aquela expressão de concentração a fazia parecer ainda mais bonita,o coração de Aurora bateu um pouco mais forte, mas ela apenas ficou quieta, observando em silêncio, com um leve sorriso no canto dos lábios.
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Atualizado até capítulo 35
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