Quando entramos no carro, vi o quanto minha prima estava feliz. Seu noivo era um homem lindo e evitei olha-lo. mas era inevitável. Parecia que um imã nos atraía e meus olhos assim como meu corpo e enganavam.
Sentamos nós três no banco de trás, enquanto minha prima e seu noivo estavam na frente. Por alguns momentos, enquanto seguíamos viagem, me perdi pela paisagem já que estava no canto direito do carro, minha mãe no canto esquerdo conversando animadamente com Diana e até mesmo Jenifer que estava no meio entre nós duas, conversava com minha prima e minha mãe nem parecendo aquela que estava com medo de avião.
Enquanto de tempo em tempo me perdia na paisagem, sentia meu corpo queimar. Era como se alguém me olhasse e quando meus olhos capturavam suas costas e desviava rapidamente, nossos olhares se encontravam pelo retrovisor.
Tentando parecer indiferente, tentava me entrosar. Mas estava difícil. Eu tenho a sensação que nos conhecemos de algum lugar, mas não me lembro de onde. Talvez tenha sido aquela vez em que tudo aconteceu.
Balançando minha cabeça para espantar pensamentos depreciativos do passado, sorri quando Jenifer tocou em minha coxa me chamando a razão.
Sorri de volta e então minha mãe perguntou algo que deixou o clima no carro estranho.
- E então Diana, você entrará com quem na igreja? – Olhei de soslaio para minha mãe a repreendendo e a mesma nem se importou dando de ombros.
Vejo minha prima sorri amarelo e engolir em seco. Seus olhos estavam fixos a sua frente na estrada e ela, responde.
- É... então tia, eu vou entrar sozinha. – Percebi que aquilo a machucava citar sobre o seu pai, vulgo meu tio se é que posso o chama-lo assim.
Sinto um aperto no peito e a culpa tenta me consumir. Acredito que só agora, minha mãe se deu conta da gafe que cometeu. Ao me olhar, ela percebe que não estou bem.
Minhas mãos suam, e com isso, começo as esfregar em minha calça. O ar parece faltar e de repente o ofego começa a surgir. Eu preciso descer daquele carro. Eu preciso sair daqui.
- Filha... – Sua voz ecoa ao longe mesmo estando no mesmo espaço.
Minhas vistas escurecem, mas não me deixo levar pela escuridão. E então, sinto o carro parar e num impulso, levei a mão a maçaneta e abri.
O vento forte soprou em meu rosto e soltei aquele ar que nem percebi que o prendia. As vozes ecoavam como sussurros. Até que eu escutei mais nitidamente a sua voz e sua mão sobre minhas costas num vai e vem.
- Respira! Inspira lentamente e solta lentamente. – Meus olhos se encontraram aos dele. O mesmo fazia os movimentos com a boca me incentivando a fazer o mesmo.
A situação era caótica, mas era grata por estar sendo amparada enquanto fazia o que ele me pedia e desviava meus olhos dele focando em duas pessoas em minha frente que pareciam discutir. Era Diana e minha mãe.
Não conseguia escutar o que falavam, mas sabia que se tratava de mim e daquele maldito passado que sempre almejei esquecer e jamais consegui.
Até que sentindo meu corpo parecendo resetar e sentir que estava tudo se normalizando é que consegui capturar as últimas frases exasperadas de minha mãe sobre a minha prima que rebateu da mesma intensidade.
- Você não ouse dizer ser minha culpa pelo que houve, sendo que não moldei o caráter do crápula do seu pai!
- Esse mesmo crápula que é seu irmão tia! A senhora não devia ter começado a falar sabendo como minha prima ficaria. – Rebate Diana com a sobrancelha arqueada e os braços cruzados na altura dos seios.
Antes que elas continuassem aquela discussão e tudo o que eu menos queria era mais desavença na família, mesmo com a minha voz quase falha, intervi.
- Por favor... parem as duas.
Ao ouvirem minha voz ou pelo menos quase uma parte dela, as duas pararam de discutir com seus olhos arregalados de preocupação correndo em minha direção. Senti um frio em minhas costas e percebi que David se afastou dando espaço para sua noiva que nada mais é que minha prima.
“O que eu estou pensando?!” me repreendo mentalmente pois, desde que nossos olhos se cruzaram, eu senti algo diferente nesse homem e não posso me deixar levar por nenhuma sensação por ele, já que não passa de alguém proibido para mim. Jamais magoaria minha prima. Mesmo me sentindo culpada sem ser do que houve no passado.
- Você está bem minha filha? – Sorrio fraco e balanço a cabeça consentindo pela pergunta da minha mãe.
A vejo respirar aliviada e Diana me repreender nervosamente.
- Nos deu um susto prima! Nunca mais nos faça isso. – Minha mãe a encara com raiva e ela apenas dá de ombros.
- Vamos para casa? – Sugiro desconversando, afinal, estou morta de vergonha pela crise de ansiedade que tive e ser contida por um estranho e ainda sendo homem.
Todos concordam percebendo meu desconforto e voltamos para o carro. A viagem até o apartamento onde morávamos e que esteve fechado por anos foi silenciosa.
O silêncio era algo incômodo, mas em compensação, estava me sentindo bem. O que me deixava intrigada é que tenho a sensação de que conheço David de algum lugar, só não me recordo de onde.
Quando chegamos frente ao prédio, senti as pernas bambearem dentro do carro que se não tivesse sentada, com certeza teria caído.
Lembrei-me de minutos atrás quando David me ajudou e iniciei o mesmo processo para não ter uma nova crise.
Infelizmente para uma pessoa que sofre abuso ou tentativa do mesmo, a dor fica ali. Machucando e dilacerando cada dia mais como um lembrete de que somos sobreviventes.
Suspirei pesado e então desci do carro assim que entramos na garagem do prédio.
Minha mãe já estava ao meu lado e enlaçou seus braços ao meu e seguimos até o elevador enquanto David e Jenifer pegavam as malas. A cuidadora que passou a ser mais do que isso, se tornando uma amiga, sabia que não precisava fazer aquilo, mas gostava de se sentir útil.
Enquanto subíamos naquela caixa grande de metal, por mais que existisse calor humano ali dentro, o ar estava pesado e gélido. O silêncio sepulcral era o evidente diante das respirações que se misturavam.
“Ding”
Enfim, as portas se abriram e com ela o que pensava estar preparada. Mas me enganei redondamente quando caminhamos em direção a nossa porta que dá frente ao apartamento de Diana que mora atualmente sozinha.
O girar da chave e o rodar da maçaneta era o prelúdio do que estava por vir. Passos pesados sendo dados mais parecendo arrastados para o seu interior, me deixaram mais ansiosa e então...
Lembranças do que quase me aconteceu alguns anos atrás naquele lugar vieram com força...
FLASHBACK ON
^^^Continua...^^^
...Acho que sabemos bem quem é a anja que David mencionou não é?! ...
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Andréa Karlla Silva Farias
Sim a Catrina,.
Acho que Diana vai aprontar com Catrina como forma de vingança pelo pai, não sabemos se ele tá preso ou vegetando em algum esgoto por aí, mas acredito que ela deve estar tentando vingança
2025-03-08
1
Marilena Yuriko Nishiyama
nossa quer dizer que o pai da Diana,irmão da mãe da Catrina,quase abusou dela 😱😱😟 e a pessoa que a salvou é o David,só que a Catrina nem se lembra dele e a anja que o David fala é ela .......como o mundo da voltas
2025-03-08
2
Andréa Karlla Silva Farias
Nunca passei por algo do tipo, mas acredito que deve ser uma dor inimaginável, uma angústia.
Mas acredito que td menina, mulher passa por alguma coisa parecida, qdo tinha cerca de meus 10 anos estava sozinha em ksa com minha irmã, minha mãe tinha ido a feira e meu tio chegou, abri a porta ele entrou tomei a benção e ele sentou pediu algo pra comer e falei que esperasse minha mãe chegar, aí ele falou sente aqui perto do tio, falei que não, ele chamou minha irmã, não deixei, ele levantou dizendo que ia embora, qdo fui fechar a porta ele falou filha vc tá crescendo, ficando mocinha, e o peitinho tá crescendo, deixa o tio ver. Pense num ódio fechei a porta sem dar nenhuma resposta pra não ser mal criada com meu tio, mas hj me dá um ódio qdo lembro
2025-03-08
2