Capítulo 2: Catrina

Por mais turbulenta que fosse a viagem, não era tanto como meu coração que pulsava freneticamente com a sensação de que retornaria para um lugar que me trouxe tanta dor.

Eu sabia que não estava pronta como minha terapeuta incitou numa das seções e a prova disso, era que mal consegui dormir durante o voo e tinha a sensação de que algo aconteceria dessa viagem, só não sabia o quê e isso é o que me apavora.

Temo sim pelo desconhecido e agora chego a me arrepender por não ter dito não a minha prima. Sei que é o momento mais feliz da sua vida, mas tenho a certeza que não estava preparada.

Algum tempo se passa e pelos vários cochilos que dei durante a viagem, sinto meu corpo exausto. A sensação de que algo pudesse acontecer me assola e me deixa em pânico. Vontade de voltar no primeiro avião assim que pousarmos em Toronto é tanta, que se minha prima não estiver por lá, acredito que assim o farei.

Sou tirada da minha luta interna por minha mãe ao tocar em meu rosto. Virando-me para ela, forço um sorriso e seu olhar tenro me fita.

- Pode falar mãe.

- Querida, percebi que você estava acordada, mas longe... quer conversar?

Nego dando um sorriso e pegando sua mão dando um beijo em sua palma.

- Não mamãe. Só estava pensando na Diana e como será o famoso noivo que a tirou daquela vida louca que ela levava. – Desconverso e por mais que minha mãe me olhe com o cenho franzido por estar desconfiada, acredito que a convenci, já que o vinco formado em sua testa se suaviza e a mesma sorri.

- Com certeza deve ser o grande amor da vida dela! Do jeito que Diana era terrível... – Seu sorriso se torna um riso baixo e o olhar melancólico lhe demonstra a saudade de um tempo que se passou.

Um tempo do qual também sinto falta quando tudo era menos complicado. Suspiro saudosa, pois, aquela conversa me fez lembrar do quanto minha prima aprontava e eu tentava ajuda-la a não se meter em confusão.

“Atenção senhores passageiros, acomodem-se em suas poltronas, apertem os cintos que iremos pousar no Aeroporto Internacional de Toronto, a Companhia de aviação Trans Paris, agradece a todos por nos escolher e Boa estadia e viagem!”

O som e a voz suave da aeromoça ressoa pelos alto-falantes da aeronave e ao escutar que já estávamos para pousar, meu coração disparou e o corpo gelou. Enfim, era chegado a hora.

De lado, dei uma olhada rápida para minha mãe que furtivamente me olhou do mesmo jeito. Sorrimos nervosamente e demos as mãos após fazer o que a aeromoça pediu.

Soltei o ar que nem percebi estar preso e logo aquele frio na barriga pelo impacto das rodas da aeronave se chocando sobre a pista de pouso, deu a certeza de que era tudo ou nada.

Enfim, o avião pousou e agora, os passageiros estavam soltando seus cintos e se preparando para saírem. Eu e minhas queridas meninas, fizemos o mesmo. Percebi minha mãe ficar um pouco nervosa. Ela estava com suas mãos entrelaçadas frente ao corpo e apertavam-se entre si. Coloquei minha mão por cima dando um leve aperto.

Quando seus olhos encontraram-se com os meus a fitei com ternura.

- Vamos mãe. Chegou a hora de seguirmos em frente.

Ao dar um longo suspiro, minha mãe assentiu e com Jenifer nos olhando apreensiva, parecia respirar aliviada quando viu minha mãe concordar e seus ombros relaxarem.

- Vamos filha.

Descemos a escada com a certeza de que nada seria como antes e que toda a dor que nos foi causada, agora seria extirpada.

Caminhamos em passos firmes e ao cruzarmos o portão de desembarque, ela gritou.

- Catrina! Tia!

Ao viramos eu o vi pela primeira vez. Um homem lindo, loiro, corpo escultural e alto. Seus cabelos em um gel e um sorriso lindo.

Diana parecia uma criança. Acenava e pulava numa animação que me emocionou. Mas porque meus olhos não saíam daquele homem? Será que ele era o noivo da minha prima?

Respirando profundamente, seguimos em direção à eles e não conseguia desviar o olhar daquele homem que me fitava com tanta intensidade que sentia o coração pulsar freneticamente. Era como se nos conhecêssemos de outra vida.

Até mesmo o que eu sentia quando estava perto de outro homem ou sentir o seu toque, me causava repulsa. Agora com ele, somente naquele olhar sinto meu coração tamborilar por uma emoção jamais sentida antes.

- Que bom que vieram! Quantas saudades estava de vocês. – Disse Diana se jogando em meus braços me abraçando e puxando minha mãe para fazer o mesmo.

- Também estávamos com saudades minha querida. – Disse minha mãe.

Um pigarrear nos faz desfazer do abraço e ali, eu soube que realmente quem era aquele homem lindo que me encarava com seu sorriso em dentes perfeitos e alinhados era o noivo.

- Bem, esse é o David meu noivo. Amor, essas são minha tia e prima Catrina, aquela que eu tanto te falei antes.

Educadamente, o belo homem se aproximou cumprimentando minha mãe com um abraço e ao virar-se para mim, estendi a mão com um certo receio e medo de ter uma crise, supreendentemente, David arqueou a sobrancelha, mas respeitou meu espaço e segurou minha mão dando um beijo em seu dorso.

- Muito prazer Catrina!

Como muitos falam, aquele choque que parece uma descarga elétrica que te envolve eu senti. A surpresa maior, foi ao sentir a ansiedade, deu-se o lugar para um sentimento estranho e minha intimidade pulsou.

Me repreendi, porque não era o correto. Não era certo estar sentindo isso pelo noivo da minha prima, mas porque estava sentindo isso justamente por ele?

Ao soltar minha mão e dar um sorriso tímido em retribuição, fomos tirados de uma bolha que parecia nos envolver com minha prima segurando em meu braço e me puxando para longe.

- Vamos Cat, temos muito o que conversar!

Sorri consentindo dando algumas olhadas para trás.

^^^Continua...^^^

...Agora sim, vamos saber como tudo aconteceu entre David e Catrina......

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Comments

Marilena Yuriko Nishiyama

Marilena Yuriko Nishiyama

oxi então o David era o noivo da Diana prima da Catrina,mas que sem vergonha esse David 😤

2025-03-03

1

Andréa Karlla Silva Farias

Andréa Karlla Silva Farias

Pra variar, uma mãe sentindo que a filha não está bem, td mãe sabe qdo um filho estar feliz ou triste.

2025-03-04

1

Andréa Karlla Silva Farias

Andréa Karlla Silva Farias

Hummmm Diana tinha uma vida louca, casar com um policial? Sei não hein, mas tem caroço nesse angu.

2025-03-04

1

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