02– Dias difíceis

 DIAS ATUAIS...

 Helena chegou no apartamento e sentiu pela primeira vez um vazio enorme. Estava feliz por sua única amiga ter encontrado o amor, mas ela não tinha mais ninguém e aquele apartamento que antes parecia pequeno, agora era enorme.

 Tirou a sandália de saltos e soltou o cabelo...

 Suellen insistiu para ela ficar ali, que era um presente. Ela teve que aceitar, não tinha para aonde ir e o pouco dinheiro que sobrou da herança da sua mãe não era o suficiente para se manter. Precisava de um emprego.

 Jogou-se no sofá. Não ficou para a festa de casamento. Saiu sem se despedir queria ficar no seu canto.

 Estava inquieta, aquela maquiagem irritava, fazia muitos anos que não usava nada assim… traziam péssimas lembranças.

 Tomou um banho e foi fazer algo para o seu jantar, mas descobriu que cozinhar apenas para si mesma, não era algo bom. Grelhou um bife e lavou algumas folhas para preparar uma salada, fez o seu prato, olhou para a mesa que antes dividia com Suellen, dirigiu-se até a pequena varanda. Comeu ali, em pé, olhando para o pouco movimento da rua, naquele bairro distante do centro.

Sempre que se sentia sozinha, olhava para as estrelas. Não sabia qual, mas uma delas era a sua mãe e isso a confortava.

Agora estava mais uma vez sozinha, por conta própria. A sua amiga tinha uma família para cuidar e ela agora teria que acostumar novamente com a solidão e arrumar qualquer emprego, ou logo não poderia se dar ao luxo de comer.

Acabaria por aceitar o emprego na cafeteria, o único que oferecia um bom salário e, ao mesmo tempo, ela não ficaria presa ali, reclamando do seu infortúnio, teria alguém para conversar…

Assim passaram-se algumas semanas, o seu trabalho era cansativo, mas não poderia reclamar. Sem a influência da família Velasquez, o seu diploma não valia muita coisa. Mas no fundo, Helena preferia ficar em um lugar sem muito destaque, ela não gostava de chamar a atenção sobre a sua pessoa.

Helena usava sempre o cabelo preso no alto da cabeça, num coque despretensioso e roupas largas. Não gostava de receber os olhares masculinos sobre si. Suellen ligava diariamente para saber como Helena estava. Nas ligações diárias, sempre queria saber da amiga e quando soube que trabalhava numa cafeteria, ficou inconformada.

"Helena... você desperdiça o seu talento, o seu estudo! Helena, você é capaz !"

Helena sabia da sua capacidade, era competente. Mas sabia que ninguém contrataria uma secretária do nível dela que não usasse roupas elegantes e femininas.

Ela soube disso quando um contratante deixou bem claro o que esperava de uma assistente e ela não queria isso. Não seria usada novamente.

......................

Felipe Mello estava atrasado e o seu pai não o deixava esquecer-se desse detalhe.

A loira que esteve em seus braços durante aquela noite era incansável. Poderia ser até uma boa opção, já que o seu pai queria netos herdeiros.

Abriu a porta da cafeteria que ficava a um quarteirão de distância do escritório. O pai o seguia, ainda repetindo o quão importante era a responsabilidade e a estabilidade.

Felipe dirigiu-se até uma mesa num canto. Ainda não estava bem acordado, mas daquele lugar poderia ver pela vidraça as belas pernas das mulheres que passavam na calçada, já que o piso da cafeteria era mais baixo que lá fora. Assim, as palavras de seu pai poderiam ficar vagando sem entrar em sua cabeça e o deixar estressado o restante do dia.

— Bom dia senhores. Podem fazer o seu pedido.

Felipe nem se deu ao trabalho de olhar para atendente, pediu o seu café sem desviar os olhos das pernas que destilavam lá fora.

Helena não ligou para a forma descortês do cliente. Afinal, quando ele aparecia, era sempre assim. Ele tinha uma boa aparência, chamava a atenção das mulheres no local, mas isso apenas inflamáva o seu ego e para Helena, isso já era um grande defeito.

Ela foi até o balcão para separar o pedido e ao voltar com a bandeja, fingiu não ouvir o quanto o senhor mais velho estava descontente com mais jovem. Serviu primeiro aquele senhor e quando ia entregar a xícara para o outro cliente, ouviu algo que desestabilizou.

— Felipe Mello! Pode prestar a atenção em seu pai?

Helena assustou-se. Talvez o tom ríspido daquele senhor ou talvez saber que estava diante de Felipe Mello, foi o motivo de tudo...

— Ahh...

O gemido de dor foi inevitável, Helena virou a xícara de café sobre o colo do homem. Desesperada, pegou o guardanapo e se pôs a limpar a roupa de Felipe.

— Mil desculpas... senhor…

Felipe ficou estático na cadeira. A jovem atendente estava vermelha e suas mãos deslizavam freneticamente sobre o seu colo. Era uma situação inusitada, talvez cômica até, maso que ele sentiu não foi nada disso. Ele não pensava no estrago em suas roupas ou no calor em sua pele. Ele pensava em como uma mulher sem um pingo de atrativos o deixou excitado logo pela manhã...

A atendente em questão usava um uniforme escuro e parecia ser dois números maiores que o seu. O cabelo severamente preso no alto da cabeça coberto por uma touca também escura. Não usava maquiagem ou qualquer adorno, nem mesmo uma bijuteria. Mas ele estava ereto como um adolescente. A garota parecia não saber o que fazia e o sorriso no rosto de seu pai deixava claro que ele percebeu o seu desconforto.

Felipe levantou-se rapidamente, fazendo com que a moça se desequilibrasse e esbarrasse em outro atendente e fosse ao chão com copos e xícaras caindo em sua cabeça. Ele simplesmente saiu, deixando o seu pai e o caos atrás de si.

......................

Helena entrou no seu apartamento batendo a porta.

Era uma tola! Perdeu um bom emprego por ofender o "senhor Mello".

Não pensaram duas vezes em fazer o acerto e manda-la para a rua...

Odiava Felipe Mello!

Devia tê-lo reconhecido. Mas as poucas vezes que esteve na sua presença, não se aproximou ou olhou. Agora, por conta da sua burrice, estava novamente desempregada. Sempre soube que ele era problema, e ali estava a prova.

Por conta dele ser o" todo-poderoso da família Mello", o seu emprego foi para o ralo em menos de 30 dias. Não sabia o porquê da sua amiga Suellen admirar esse almofadinha.

Ela odiava Felipe Mello!

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Comments

Mavia Dantas

Mavia Dantas

/Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Angry/lindos casal, gente essa madrastra e pior que uma cobra conduziu o irmão estrupa a própria enteada /Awkward/ que nojo o deles estão guardado /Awkward/

2025-04-23

1

Silvana Costa Carneiro

Silvana Costa Carneiro

oi?

2025-02-27

0

Léa Aparecida Ribeiro

Léa Aparecida Ribeiro

Nossa Tânia que capítulo!!!

2025-01-19

1

Ver todos
Capítulos
1 01– Motivos
2 02– Dias difíceis
3 03— Um emprego
4 04— Apresentação
5 05— Contradição
6 06— Resgate
7 07— Brincadeiras do destino...
8 08— A pretendente
9 09 — Não rolou...
10 10—Algo não está certo...
11 11— Fixação
12 12— Desejos
13 13— Amigas
14 14— Um beijo...
15 15— Sem reserva
16 16— Pequena viagem
17 17— Saudades
18 18— Lembranças
19 19— Tempestade
20 20— Entrega
21 21— Fogo que queima
22 22— Retorno
23 23— Mudanças...
24 24— A química
25 25— A sua fragrância
26 26— Um pouco mais
27 27— Apena uma carona
28 28– Algo no ar
29 29— Mais um dia
30 30— Pai?
31 31— Saudades
32 32— Entre negócios e segredos
33 33— Imagem diz tudo
34 34— Dúvidas
35 35— Medos e possibilidades
36 36— Entre silêncios e suspeitas
37 37— Decepção
38 38— Reação inesperada
39 39— Coincidência?
40 40— Verdades
41 41— Consequências
42 42— Vingança
43 43— Um pai...
44 44— Perto...
45 45— Laços invisíveis
46 46— Estreitando laços
47 47— Desencontros
48 48— Mais um encontro
49 49— Segredos na cozinha
50 50— Segredos
51 51— Um fantasma do passado
52 52— Verdades ao amanhecer
53 53— A verdade
54 54— Aproximação
55 55— Enfrentamento
56 56— Explosão
57 57— Um lugar tranquilo
58 58— Reconhecimento
59 59— Descobertas
60 60— Um herói
61 61— Meus filhos
62 62— Pai e filho
63 63— Quente
64 64— Bis do amor
65 65— Recepção
66 66— Para sempre
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Atualizado até capítulo 66

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2
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3
03— Um emprego
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04— Apresentação
5
05— Contradição
6
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