Nicole acordou cedo naquela manhã, como sempre fazia. O sol mal havia surgido, mas sua rotina começava a todo vapor. Maria Clara, a filha de Gabriel, ainda dormia, e Nicole aproveitou para organizar a casa com calma. O ambiente luxuoso da mansão sempre a fazia se sentir como se estivesse em um mundo paralelo, longe da vida que ela havia conhecido até então. Mesmo com todo o conforto que agora tinha, algo dentro dela não parecia estar em paz.
Enquanto ajeitava os quartos, seus pensamentos sempre retornavam à mesma questão: Gabriel. A presença dele estava se tornando algo cada vez mais presente, algo que ela não podia ignorar. Quando ele a olhava, sentia um calor estranho tomando conta de seu corpo, uma sensação que a fazia querer desviar os olhos. Mas, ao mesmo tempo, havia algo nela que o atraía, que a fazia querer mais. Ela sabia que esse sentimento não deveria existir, mas era impossível ignorá-lo.
Por mais que se esforçasse para manter a distância, as interações com Gabriel pareciam cada vez mais intensas. Quando ele entrava em uma sala, Nicole sentia o ar mudar. Ele era elegante, imponente, e sua presença dominava o ambiente. Gabriel nunca era rude ou desrespeitoso, mas sua maneira de olhar para ela, de falar com ela, parecia ir além de uma relação de empregador e funcionária. E isso a desconcertava.
Era no escritório que as coisas pareciam se intensificar. Gabriel a convidava de vez em quando para ajudá-lo com documentos ou relatórios, e sempre que ela entrava naquela sala, uma energia estranha tomava conta do espaço. Ela se concentrava no trabalho, tentando não pensar na maneira como ele a observava. Mas os pequenos gestos, o modo como ele a tratava, tudo parecia indicar que ele via algo nela além de uma simples babá.
Naquela manhã, ele a chamou novamente para ajudá-lo.
— "Nicole", sua voz forte e clara a alcançou através da porta do escritório. "Preciso que venha revisar alguns documentos para mim."
Ela suspirou, se preparando para mais uma interação que certamente a deixaria desconfortável. Quando entrou, ele estava sentado atrás da mesa, olhando para o computador. Nicole percebeu que, embora fosse um simples pedido de ajuda, havia algo diferente no modo como ele a olhou. Era quase como se ele estivesse esperando por algo.
— "Claro, Gabriel", ela respondeu, mantendo o tom profissional. Ela se aproximou da mesa e começou a olhar os papéis que ele tinha à sua frente. Não demorou muito para que o silêncio tomasse conta do ambiente. Nicole sentia a presença de Gabriel de forma intensa, como se ele estivesse em cima dela, mesmo estando a uma distância razoável.
Por mais que tentasse se concentrar nos documentos, ela não conseguia afastar a sensação de que ele a estava observando. Seu olhar parecia penetrante, e Nicole não sabia como reagir. De vez em quando, ela sentia seus olhos sobre sua pele, fazendo com que seu coração acelerasse.
— "Você tem se saído muito bem com Maria Clara", disse ele, interrompendo o silêncio. "Ela gosta muito de você."
Nicole levantou os olhos, surpresa com o elogio.
— "Obrigado. Eu tento fazer o melhor por ela."
Havia algo na maneira como ele disse isso que a fez se sentir vulnerável. Ele não era o tipo de homem que costumava elogiar sem um motivo, e ela sabia disso. A conversa estava tomando um rumo diferente, mais pessoal, e ela não sabia como lidar com isso.
Ele se levantou da cadeira, caminhando até a janela, e observou a vista lá fora. Nicole ainda estava ali, com a sensação de que algo estava prestes a acontecer, mas sem saber o quê. Ela não conseguia compreender o que ele queria dela, nem o que ela sentia por ele. Ela só sabia que a atração entre eles estava se tornando algo impossível de ignorar.
— "Você parece confortável aqui", disse ele, ainda olhando para fora. "Eu imagino que nunca tenha vivido em um lugar como este antes."
Nicole ficou quieta, sem saber o que responder. Não queria se abrir, mas sabia que, de certa forma, ele já sabia. A maneira como ele a tratava, o modo como ele parecia interessado nela de uma forma diferente, estava claro. Ela não sabia se ele via apenas uma funcionária ou se estava começando a ver algo mais.
— "Sim, estou começando a me acostumar", ela respondeu, tentando manter o controle sobre suas emoções. Mas ao dizer isso, ela percebeu que as palavras não faziam jus ao que sentia. Havia algo mais. Algo que ela não sabia explicar.
Ele olhou para ela com um sorriso enigmático.
— "Eu sempre gosto de dar as pessoas a chance de crescer. Você tem mais potencial do que imagina, Nicole."
Ela ficou sem palavras. O que ele queria dizer com isso? Ele estava falando sobre ela como babá ou estava insinuando algo mais? A maneira como ele a observava, como se estivesse avaliando cada parte de sua personalidade, a deixava desconfortável.
— "Eu... não entendi", ela disse, balançando a cabeça levemente. Não queria parecer ignorante, mas realmente não compreendia o que ele estava tentando dizer.
Ele caminhou de volta até ela e se inclinou ligeiramente, como se estivesse prestes a dizer algo importante.
— "Eu só estou dizendo que você tem mais a oferecer, Nicole. Se quiser sair um pouco da rotina, se divertir um pouco, posso te ajudar. Eu vejo algo em você, mais do que apenas uma funcionária."
Nicole sentiu seu coração disparar. Ele estava claramente tentando estabelecer uma conexão mais pessoal com ela, mas ela não sabia se deveria aceitar o convite. Ela sabia que esse era o tipo de situação que poderia mudar tudo. As linhas entre profissionalismo e algo mais estavam começando a se borrar, e ela não sabia como lidar com isso.
— "Eu... não sei", ela respondeu, a voz saindo um pouco mais fraca do que ela gostaria. "Eu realmente não estou acostumada com esse tipo de coisa."
Ele sorriu suavemente.
— "Não precisa se apressar, Nicole. Só quero que saiba que estou aqui, se precisar de algo mais. Não é só sobre o trabalho. É sobre você também."
Nicole sentiu uma mistura de confusão e atração. Ela queria se afastar, fugir da situação antes que ficasse mais difícil. Mas o jeito como ele a olhava, com uma intensidade que ela não conseguia ignorar, fazia com que fosse ainda mais difícil resistir. Gabriel Ferreira não era apenas seu chefe, ele era um homem que fazia seu corpo reagir de uma forma que ela não sabia controlar.
Enquanto ela deixava o escritório, com os documentos em mãos, seu pensamento estava uma confusão. O que ele queria dela? O que ela queria dele? Ela sabia que a atração era mútua, mas como isso poderia acabar? Nicole tinha seus próprios sonhos, seus próprios planos, e Gabriel não fazia parte deles. Mas, por mais que tentasse, não conseguia evitar a crescente curiosidade sobre ele, e, talvez, algo mais.
Ao sair do escritório, ela fechou a porta silenciosamente atrás de si, seu coração ainda batendo forte. Ela sabia que estava à beira de algo, mas não sabia se deveria dar o próximo passo.
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Atualizado até capítulo 43
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